Início Educação Educação superior: Unisc divulga pesquisa com o perfil dos estudantes

Educação superior: Unisc divulga pesquisa com o perfil dos estudantes

Com o objetivo de conhecer melhor o seu público estudantil, a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) desenvolveu, por meio do Núcleo de Pesquisa Social e por solicitação da Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional, uma pesquisa como atividade integrante do processo de formulação do Plano de Desenvolvimento Institucional. Para isso, foram incluídas questões sobre o perfil socioeconômico, valores políticos e sociais, hábitos de leitura e de escrita, histórico de formação escolar, expectativas e avaliação dos cursos e relevância da vida universitária na vida pessoal.
O estudo foi realizado através da aplicação de um questionário, nos meses de outubro e de novembro de 2012, junto a estudantes da graduação em todos os campi da Universidade, das diversas áreas do conhecimento. Do total de 11.002 alunos, foi extraída uma amostra de 784 estudantes, sendo 459 iniciantes e 325 concluintes. “Os resultados apresentados são recortes de um panorama amplo e complexo. Espera-se que tragam aportes valiosos para a qualificação do trabalho acadêmico e a consecução da missão, visão e objetivos de nossa Universidade”, disse o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional, João Pedro Schmidt.

Principais resultados
Os estudantes da Unisc provêm de 215 municípios do Rio Grande do Sul e 30 de outros estados. Em relação ao perfil socioeconômico e cultural, as mulheres são a maioria, com 61,7%, enquanto os homens somam 38,3%. A idade média é de 23,2 anos, sendo que 18,8% têm até 19 anos e 27,3% têm acima de 25 anos. A maior parte reside em municípios do Vale do Rio Pardo; em Santa Cruz do Sul moram 53,5%. Em termos socioeconômicos, há estudantes de todas as classes sociais: 15,2% da Classe A; 61,4% da Classe B; 22,1% da Classe C; e apenas 1,3% da Classe D.
Quanto à origem étnica, destaca-se a presença significativa de descendentes de imigrantes alemães, num total de 54,3%, dos quais 34,3% descendem de pai e mãe e outros 20% têm um dos genitores de origem alemã. Na segunda posição, os descendentes de italianos, num total de 26,7%.
A grande maioria dos estudantes realizou sua formação básica (ensino fundamental e médio) em escolas públicas, num percentual de 70,3%. A taxa de estudantes que fizeram toda sua educação básica em escola pública é maior entre os iniciantes (74,2%) que entre os concluintes (65,2%). Essa diferença é coerente com o ingresso crescente de estudantes beneficiados pelas políticas públicas de financiamentos, como o ProUni e o Fies.
A importância do curso universitário é vista pelos estudantes como meio para adquirir conhecimentos científicos atualizados na área de formação, para ter um contato mais qualificado com o mercado de trabalho e para conseguir emprego.  Quanto à formação proporcionada pelos cursos da Unisc, 45,9% afirmaram que o curso que estão realizando atende plenamente e 44,8% afirmaram que atende parcialmente às necessidades do mercado de trabalho.

As percepções dos estudantes acerca da política e da participação dos cidadãos indicam um senso de cidadania limitado basicamente ao ato de votar. 76,5% afirmam ter título eleitoral, já votaram e consideram importante votar, somando-se a eles 10,9% que ainda não votaram em função da idade. Apenas 8,5% consideram não ser importante votar.
As instituições sociais que alcançam maior confiança são, por ordem, a família, os amigos, os professores e a universidade. Forças armadas, Igrejas, e meios de comunicação estão num patamar mediano. As instituições políticas estão num patamar muito baixo. Essa baixa confiança repercute na questão da participação dos estudantes, que é pequena, com exceção das instituições religiosas (24% de participação).
O trabalho é uma realidade marcante. Dos estudantes pesquisados, 61,7% estão trabalhando, 12,5% já trabalharam e estão desempregados, e 8,7% nunca trabalharam. Em termos salariais, 21,3% ganham menos de um salário mínimo e 52,9% ganham entre um e dois salários mínimos, dados que chamam a atenção no contexto da melhoria do emprego e da renda dos últimos anos no país.

Leitura e tecnologias
Os hábitos de leitura e escrita estão bastante vinculados às novas tecnologias da informação. É comum a leitura diária de textos na internet (65,4%), jornais (52,7%) e artigos em revistas e internet (48,2%). A taxa de leitura diária de livros é bem menor: 24,4%, sendo rara para 31,3% dos estudantes. Os assuntos preferidos são saúde/beleza, educação/cultura, ciência e tecnologia, esporte, economia/política, música. As respostas indicam que a leitura e a escrita fazem parte da vida estudantil, embora apenas uma parte seja voltada a temas acadêmicos.
Quanto ao uso das tecnologias da informação, a pesquisa confirma o seu grande peso na vida dos estudantes. Navegar na web é apontado por 73,1% como o meio de comunicação mais utilizado, reduzindo o peso da televisão (25,2%), dos jornais (22,0%) e do rádio (10,2%). Além de salientar o lado positivo dessas tecnologias e apontar a necessidade dos professores se familiarizarem mais com o mundo virtual, os estudantes também reconhecem que o seu uso inadequado prejudica as aulas e o aprendizado.
“No conjunto das respostas, confirma-se a grande preocupação dos estudantes com a dimensão profissional, a empregabilidade e a qualidade do curso superior. Pelo lado das preocupações, a dimensão sociopolítica desperta atenção, pois há pouca confiança nas instituições e pouca disposição de participação. Isso é muito relevante para uma universidade comunitária comprometida com a educação integral. Os indicativos da pesquisa são de que o tempo passado na universidade não altera substancialmente as atitudes políticas dos estudantes”, avalia João Pedro Schmidt.