Início Opinião Um mar de gente, um oceano de reivindicações

Um mar de gente, um oceano de reivindicações

Os protestos que ocorrem pelo país nada mais são do que um reflexo do que foi plantado anteriormente e agora está sendo colhido. Os jovens, me parece, estão sendo culpados e vistos como malfeitores e vândalos, mas pelos noticiários percebemos que os que denigrem nossa imagem são a minoria, muito provavelmente aqueles que não tiveram a devida formação educacional e tampouco sabem dos direitos e deveres (mais uma vez aparece o ECA por aqui!).
Também ouvi que os que mais se sobressaem são os que pertencem aos partidos que governam as principais capitais do país (hein? risos irônicos). Ora, pensam eles, se podemos votar aos 16 anos também podemos protestar e reivindicar nossos direitos. Nada mais justo, cobrar dos que eles mesmos ajudaram a eleger o que lhes é devido por mérito. Quero dizer que me emociono ao ver esse mar de gente nas ruas, depois do impeachment de Collor, não havia visto nada igual. Isso me dá alguma esperança, uma luz no fim do túnel. Afinal, nem todos estão alienados nesse país.
Não concordo com a depredação do patrimônio público, de jeito nenhum, mas entendo os atos individuais dos que o cometem. Devem pensar dessa forma: pago por tudo que é público, se é público é meu também, então faço com isso o que eu quiser (não estão de todo errados), mas para esses poucos há uma escola e família por trás, se eles estão agora falhando houve falha anterior, portanto não podemos crucificá-los (aí devemos nos remeter a coisas mais complexas que não cabem num artigo).
Quanto às reivindicações pela baixa do preço das tarifas de transporte público, tenho uma opinião bem particular: primeiro que deveríamos acabar com o monopólio do mesmo (em algumas capitais e cidades a licitação é no mínimo duvidosa); segundo que todas as empresas deveriam ter seus próprios recursos para levar o trabalhador até seu destino (assim como o fazem algumas empresas de nossa cidade, mesmo descontando um valor mínimo do funcionário); terceiro e mais importante: que tirem dos salários dos representantes do povo o valor de passagem urbana para o trabalho, estes, que recebem uma exorbitância para andar de avião, de motorista particular em carros blindados, em jatinhos particulares, não fazem ideia do que é passar de 40 a 60 minutos no trânsito, apertados, emaranhados, engalfinhados como bichos no brete para conseguir chegar a tempo aos seus destinos com a mais pura das intenções: TRABALHAR! Tive o privilégio de usar o transporte público em SP e posso garantir que foi uma experiência única, inesquecível (a passeio, um dia só… imaginem os que necessitam dele diariamente). Devo dizer que concordo em gênero, número e grau com os manifestantes (sem falar nas outras capitais).
Finalmente concluo com um chavão: a mentira tem pernas curtas! Por muitas vezes quando o país passava por momentos decisivos na política sempre apareciam do nada algum assunto que fazia o povo “desviar” o olhar e não perceber as  pegadinhas por trás da mídia que pode enganar os menos atentos. Desta vez deram uma “baita bola fora”: justo no momento em que nossa pátria recebe um grande número de turistas para a COPA DAS CONFEDERAÇÕES, a “coisa” explode! Nossa imagem que já era deturpada será agora palco de medo e terror. Não poderíamos mesmo continuar mentindo para o mundo nossa real situação pelo tempo todo, apesar de termos enganado a muitos por muito tempo e a poucos por pouco tempo. Para sempre jamais!

*Professora das redes municipal e estadual de ensino – Email: [email protected]