Início Geral As abelhas que vivem em harmonia na área urbana

As abelhas que vivem em harmonia na área urbana

Abelhas formaram colméias em diversas árvores no centro de Santa Cruz – crédito: Tiago Mairo Garcia

Caso você estiver caminhando pelo Centro em um dia de calor e se deparar com um enxame de abelhas trabalhando em uma das tipuanas, situadas no calçamento, não se assuste. Saiba que estes insetos são abelhas sem ferrão da tribo “Meliponini”, que são inofensivas e não causam riscos para a população. Até o momento, já são mais de 300 espécies catalogadas na América do Sul, com aproximadamente 24 espécies nativas que já foram localizadas no Rio Grande do Sul.
As colmeias formadas nas árvores do Centro de Santa Cruz começaram a ser observadas pelo policial militar Roberto Andrade de Moraes, 64 anos, que possui seis caixas da abelha Jataí em sua propriedade, na localidade de Rincão Del Rey. Adepto da cultura, ele conta que percebeu a presença dos insetos ao circular pela região. “Encontrei um enxame na frente do Departamento Médico Legal e passei a observar outras árvores onde achei novos focos no Centro”, conta. Moraes destaca que as abelhas sem ferrão são importantes para a preservação do meio ambiente. “Elas auxiliam na polinização de árvores e flores.
O policial militar alerta sobre o corte de árvores feito de forma irregular para a retirada de mel das colmeias. “Vi que uma árvore com colmeia havia sido cortada para retirada do mel. Isso não pode acontecer e peço que as pessoas não façam isso”.
Proprietário de uma sorveteria há 16 anos na Rua Marechal Floriano, o empresário Egidio Schunke destaca a sua convivência harmoniosa com as abelhas localizadas na tipuana em frente ao seu estabelecimento. “Desde que instalei a sorveteria tem as abelhas na árvore. Em dias de calor elas ficam próximas da máquina para pegar o doce. Tenho que cuidar sempre para a abelha não cair dentro do sorvete”, conta o empresário, que sempre coloca um copo com refrigerante próximo da árvore para atrair os insetos. Nos períodos de outono e inverno, ele relata que as abelhas ficam no interior das árvores em razão do frio.

Nestor Schutz possui caixas para abelhas sem ferrão na entrada do restaurante – crédito: Tiago Mairo Garcia

CAIXAS EM
RESTAURANTE

Além das árvores, as abelhas sem ferrão também estão presentes em estabelecimentos comerciais. É o caso do Restaurante e Mercado Gellada, localizado na Rua Gaspar Silveira Martins, onde há 10 anos o proprietário do estabelecimento, Nestor Schutz, faz uso da meliponicultura (a criação racional de abelhas sem ferrão) com caixas de abelhas instaladas na entrada do restaurante. “É uma forma atrativa e que não gera riscos por serem inofensivos. Em dias quentes é bonito de ver as abelhas trabalhando nas caixas para produzir o mel”, destaca o empresário.
Schutz conta que em cada caixa, a produção chega a ser de mais de um quilo de mel que a família usa para consumo próprio. No total, o empresário possui oito caixas e já prepara a instalação de uma nova peça personalizada. “Recentemente adquiri uma caixa que será o castelo para as abelhas”, conta o empresário, mostrando o objeto, que já conta com alguns favos formados na parte interna.

Abelhas sem ferrão são inofensivas, diz Meio Ambiente

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade (Semass), através da assessoria de comunicação, informou que não foi realizado um levantamento total de árvores com enxames de abelhas nativas sem ferrão. “Não há essa necessidade, assim como outros animais silvestres podem aparecer nas áreas urbanas, ainda mais quando temos uma cidade arborizada e próxima do Cinturão Verde. As abelhas sem ferrão estão realizando sua função no ecossistema, que é a de polinização”, frisou.
Sobre a formação de enxames, o Meio Ambiente explica que podem se disseminar a partir de outros ninhos. “Estão associados a árvores com algumas fragilidades (ocas) ou qualquer abertura como em meio a edificações urbanas. São mais de 20 espécies de abelhas nativas sem ferrão existentes no Rio Grande do Sul”, destacou a pasta.
Com relação aos cuidados que as pessoas devem ter ao ver um enxame de abelhas nas árvores, a Semass orienta manter o devido afastamento e silêncio ou buscar o licenciamento se a convivência é inviável. “Muitas vezes o enxame está só de passagem. Em questão de dois ou três dias, os insetos partem de forma espontânea. Apenas abelhas domésticas ou vespas costumam causar acidentes”. Com relação a casos de corte de árvores com colmeias para extração do mel, é importante que a comunidade denuncie para que seja realizada a apuração e fiscalização para checagem do corte e saber se a remoção do ninho possui ou não autorização. “Dificilmente alguém corre esse risco porque a produção de mel desta forma é pouca e não justifica o ato”.
Ao finalizar, o Meio Ambiente informa que abelhas exóticas (abelha comum ou de mel) dispensam autorização para manejo. O órgão também mantém o programa de colaboração para resgate de ninhos com a Associação de Apicultores, a fim de evitar a dispersão de venenos. Mais informações e orientações com Semas e Guarda Municipal.