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Caso João Alberto: manifestantes pedem justiça

Ato ocorreu no fim da tarde de sexta, 20, em frente ao Carrefour, em Porto Alegre

Luciana Mandler
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Moacir Fanfa (à direita) ao lado do ex-árbitro Márcio Chagas. Divulgação

O caso de João Alberto Freitas, de 40 anos, que foi espancado e morto por seguranças, na quinta-feira, 19, no estacionamento de uma unidade do supermercado Carrefour, em Porto Alegre, tem gerado protestos e vem repercutindo em todo País, pois além de negro, o caso ocorreu um dia antes da Consciência Negra, marcado no dia 20.

Nesta semana, a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul ingressou com uma ação coletiva contra a rede Carrefour e grupo de segurança privada, pela morte de João Alberto. Entre os pedidos da ação está a indenização por danos morais coletivos e sociais.

Naquela noite, as agressões teriam começado depois de um desentendimento entre a vítima e uma funcionária do supermercado. A polícia ainda não sabe o que gerou a discussão entre eles. A investigação tenta descobrir se a vítima estava sendo perseguida e se havia desentendimento anterior com os agressores. Os seguranças foram presos em flagrante preventivamente.

O que revoltou a comunidade, principalmente os negros, foi a forma com que João Alberto foi tratado, sendo espancado até a morte. Para demonstrar a revolta e indignação perante ao acontecido, no fim da tarde da última sexta-feira, 20, um grupo de pessoas manifestou em frente ao Carrefour. Entre os participantes de movimentos negros estavam: Moacir Fanfa, coordenador do Movimento Negro Unificado (MNU) em Santa Cruz do Sul e o ex-árbrito Márcio Chagas, que se tornou uma grande liderança no movimento negro no Estado.

“O que aconteceu na véspera do Dia da Consciência Negra foi uma surpresa para nós, mas é algo que já estamos apontando há muito tempo”, reflete Moacir. “Essa abordagem de seguranças com negros é comum, lamentavelmente”, acrescenta. “Isso é reflexo daquilo que o Estado não faz em termos de trabalhar as questões raciais em suas instituições, o que reflete naquele trabalho de ponta”, completa.

Para Moacir, o que aconteceu naquela noite de quinta-feira vai além de despreparo. “É da pessoa, da índole, do caráter dela. É uma pessoa ruim”, aponta. Ele lamenta por esta fatalidade e por abordagens destas serem comuns. “A pessoa negra recebe olhar diferente”, lastima. Cansados deste tipo de atitude, é que pessoas voltadas aos movimentos negros se reuniram para protestar e clamar por justiça.