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Dia da Indústria: homenagem à potência da economia

Luísa Ziemann
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Potência da economia nacional e braço forte para a manutenção da sociedade, a indústria comemora hoje, 25 de maio, o seu dia especial. Também conhecido como setor secundário, o industrial corresponde a 20,4% do PIB (produto interno bruto) nacional – ou seja, do total das riquezas produzidas no País – e é responsável por 69,2% das exportações e 69,2% da pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Os dados são da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e demonstram em números como o setor nunca foi tão indispensável para a economia brasileira como agora, sobretudo após os efeitos causados pela crise desencadeada na pandemia do novo coronavírus.


A data foi escolhida como Dia da Indústria em homenagem ao patrono do segmento no País, Roberto Simonsen, que faleceu em 25 de maio de 1948. Ele foi um engenheiro, industrial, administrador, professor, historiador e político, membro da Academia Brasileira de Letras e atuou como presidente da CNI e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Na década de 1930, Simonsen desempenhou papel fundamental para a consolidação do parque industrial brasileiro.


A indústria é um espaço de produção. Entre os setores da economia, representa o setor secundário – o primário corresponde à agricultura e o terciário, ao comércio e aos serviços. O segmento abrange diversos tipos de fabricação e, entre os inúmeros benefícios ocasionados a partir da Revolução Industrial, iniciada no Reino Unido em meados do século 18 e expandida pelo mundo a partir do século 19, estão a produção em larga escala e a diminuição do esforço destinado aos trabalhadores.


As indústrias podem fabricar de automóveis até roupas, por exemplo. A denominação mais comum é manufatora, que modifica os produtos naturais através de trabalho manual e/ou mecânico. As de base, por sua vez, são aquelas que servem de suporte a outras engrenagens produtoras, fornecendo matéria-prima e máquinas. Já as de ponta são responsáveis pela montagem final de um conjunto de peças provenientes das anteriormente citadas.


De acordo com os cálculos de 2021 da CNI, atualmente, o setor industrial brasileiro paga 33% dos tributos federais e 31,2% da arrecadação previdenciária. A cada R$ 1,00 produzido, a indústria gera R$ 2,43 na economia nacional. Esse mesmo R$ 1,00 na agricultura tem um impacto de R$ 1,75 na riqueza nacional e de R$ 1,49 a partir do comércio e dos serviços. A indústria também remunera seus colaboradores melhor do que os demais setores, pois o salário de um profissional com ensino superior é, em média, de R$ 7.756,00, enquanto a brasileira fica em R$ 5.887,00.

Indústria e Mata Atlântica: duas datas, uma só comemoração

Produtores utilizam lenha de origem legal e sustentável

A Mata Atlântica e a indústria ligada ao agronegócio, em geral, correm em linhas opostas no imaginário das pessoas. E, de fato, a expansão de áreas produtivas causaram efeitos nesse bioma tão relevante. Mas o setor do tabaco tem muito a comemorar nesta semana: com uma indústria pujante e um sistema que integra produtores às práticas ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa), preserva a Mata Atlântica e obtém resultados econômicos expressivos.


“A indústria faz parte da engrenagem que move a economia do País e, no setor do tabaco, os números são bem significativos. A produção de tabaco demanda o uso de lenha para a cura do tabaco nas estufas. Mas, desde 1978, muito antes de ouvirmos falar em ESG, o setor age proativamente, incentivando os produtores integrados a adotar o reflorestamento e preservar a mata nativa das propriedades”, salienta o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke.


Atualmente, o setor é autossuficiente no cultivo de florestas energéticas para as estufas, principalmente com o uso do eucalipto. Segundo o último levantamento realizado pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), 25% da área das propriedades produtoras de tabaco é coberta por mata, sendo 15% nativa e 10% com reflorestamento. “Tratamos o assunto da conservação da Mata Atlântica de forma inovadora, por meio de um acordo inédito junto ao Ibama, em 2011, que previa o monitoramento por satélite de áreas produtoras de tabaco e a inclusão de cláusulas contratuais que garantissem somente o uso de lenha de origem legal e sustentável pelos produtores integrados”, lembra Schünke.


Em 2019, uma nova ação do setor foi criada para fortalecer a produção energética, com espécies de rápido crescimento, por meio da difusão de conhecimentos técnico-científicos. O projeto Ações pela Sustentabilidade Florestal na Cultura do Tabaco, mantido pelo SindiTabaco em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), testa e compartilha novas tecnologias, materiais genéticos e espécies de maior produtividade e desempenho energético por meio de 21 unidades demonstrativas em propriedades de 17 municípios gaúchos.


O coordenador do projeto, Jorge Antônio de Farias, ressalta que este é mais um passo dado na consolidação da sustentabilidade energética na cultura do tabaco. “A ideia é que os produtores possam transferir para as suas propriedades o conhecimento adquirido nas unidades demonstrativas e colher os benefícios de uma produção sustentável. Além de obter segurança energética e financeira, os produtores também preservam os remanescentes de florestas naturais”, enfatiza.

Schünke: “A indústria faz parte da engrenagem que move a economia do País”


“Assim como na indústria, em que os processos são testados e adaptados, visando os melhores resultados, o produtor também precisa buscar o conhecimento que poderá auxiliá-lo a preservar sua propriedade e garantir o melhor rendimento”, frisa Schünke. As práticas testadas nas unidades demonstrativas foram compiladas em vídeos que estão disponíveis no canal do SindiTabaco no YouTube.

Números da indústria do tabaco

No Brasil, o tabaco tem gerado mais de R$ 14 bilhões em impostos a cada ano e, em muitos municípios produtores – ao todo são 508 –, chega a representar mais da metade da arrecadação. Além disso, 85% da produção brasileira é destinada às exportações. Em 2021, saíram dos portos brasileiros 464.429 toneladas, gerando US$ 1,464 bilhão em divisas.


Mesmo com problemas logísticos gerados a partir da pandemia, com escassez de navios e contêineres, o produto brasileiro foi enviado para 105 países e o principal destino foi a União Europeia, com 40% do total exportado. Para 2022, a perspectiva, conforme apontam as pesquisas realizadas pela consultoria Deloitte, é exportar o mesmo volume de 2021 e com valores em dólares um pouco superiores.