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Informativo da semana

O RESSUSCITADO E OS DISCÍPULOS DE EMAÚS

Caros diocesanos. A liturgia do tempo pascal continua a celebrar o mistério central de nossa vida cristã: a ressurreição de Cristo e, por consequência, a nossa. A palavra Páscoa significa passagem: passagem da morte para a vida nova da ressurreição. Segundo São Paulo, se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé (cf 1Cor 15, 17).

Texto catequético magistral sobre a ressurreição nós encontramos no evangelho de São Lucas, quando apresenta a experiência dos discípulos de Emaús com o Ressuscitado (Lc 24, 13-35). Dois discípulos voltam frustrados de Jerusalém, suportando suas fracassadas esperanças messiânicas triunfalistas. Retornam tristes para suas famílias, profissões e mesmices anteriores. Jesus ressuscitado caminha com eles, mas seus olhos não o reconhecem. Jesus lhes aquece o coração e limpa seus olhos com a Palavra da Escritura (Mesa da Palavra) e, ao Partir o Pão (Mesa da Eucaristia), se dá a conhecer a eles. Os discípulos voltam apressados a Jerusalém para transmitir aos demais a boa notícia do encontro com o Senhor ressuscitado.

No texto de Lucas e de outras narrativas da ressurreição, percebemos que, inicialmente, os olhos da fé dos discípulos estavam ofuscados, tinham dificuldades em ver além do Jesus Nazareno, que fora crucificado. Somente aos poucos conseguem reconhecer nele o Senhor, o Messias, o Mestre, o Ressuscitado. Todos queriam sinais extraordinários para crer (cf. Mt 12, 38-40). Tomé que o diga! (Jo 20, 25).

Esse amadurecimento da fé repete-se na história com os apóstolos de todos os tempos. O processo de conversão é lento e exige perseverança. A vida dos santos e das santas nos ensina isso. Agora chegou nossa vez de fazermos a experiência pascal em nossa vida, em nosso tempo para sermos também suas testemunhas (Lc 24, 48; Jo 20, 18). Se formos ao túmulo de Jesus, como Pedro, João e as mulheres, também vamos encontrá-lo vazio; não veremos e nem encontraremos o Ressuscitado. Mas onde, então, vamos encontrar o Senhor hoje? – “Ele se aproxima de cada um e de todos nós como se aproximou dos dois viandantes de Emaús, para transformá-los em peregrinos e missionários (24, 33-34). Pisa os passos da nossa decepção e da nossa esperança, da nossa morte e da nossa vida. Encontra-nos no nosso caminho, associa-nos ao seu caminho, fica conosco nas nossas paradas e nas nossas paragens” (O Pão Nosso de Cada Dia, Abril – 2020, p. 81). Encontramos o Senhor nas estradas da vida e, de forma muito especial, na Mesa da Palavra, que anuncia seu sofrimento, morte e ressurreição; igualmente, na Mesa do Pão, onde se entrega como alimento aos irmãos e irmãs, seus discípulos missionários. Nosso Deus é Emanuel, palavra hebraica que significa: Deus conosco, ou seja, não somente aquele que é, mas que é sempre conosco ou permanece sempre em nós, como afirma São João (cf. Jo 6, 56). Jesus terminou sua missão, mas nós a continuamos em nosso tempo. Ele se tornou próximo de nós e nos ensinou, pelo mandamento do amor, como tornar-nos próximos de nossos irmãos e irmãs.

Caros diocesanos. Somos todos convidados a fazer a experiência do caminho pascal dos discípulos de Emaús, nas diversas realidades de nossa vida, como agora, em tempos de coronavírus, seja em nossas casas, em nossas comunidades e na sociedade em que vivemos e convivemos. O Senhor Ressuscitado deseja caminhar conosco para dar sentido a todos os momentos, sejam eles de alegria ou de tristeza, de saúde ou de doença, de decepção ou de esperança. O Senhor ressuscitado abençoe e acompanhe a todos.

Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul

Liturgia, Catequese e Caridade em tempo de pandemia

No dia 25 de abril, Dom Aloísio Dilli escreveu uma carta ao povo diocesano, fazendo alguns esclarecimentos sobre a Liturgia e a Catequese “na realidade da pandemia que ameaça nossas vidas”. Já no dia 26, ele escreveu outra carta sobre “Caridade em tempos de pandemia”.

Em relação à Liturgia, Dom Aloísio escreveu: “Diante do fenômeno do coronavírus, fomos desafiados a dar respostas celebrativas, mesmo que o distanciamento físico afetasse aspectos essenciais de nossa Liturgia, sobretudo a participação comunitária. A experiência atual nos coloca uma importante pergunta: Uma celebração assistida na TV ou pelas Redes Sociais tem o mesmo valor que a participação presencial num ato litúrgico na comunidade ou mesmo celebrações em nossas casas”? Destacando que todas as formas têm seu valor, há graus de participação que são diferentes. Assim:

1º) Assistir uma missa na TV ou nas Redes Sociais pode trazer frutos espirituais, mas o assistente não tem participação ativa.
2º) Celebrar com a família, na casa, em torno da Palavra de Deus vale mais do que simplesmente assistir celebrações nas redes sociais.
3º) Celebrar na comunidade com as pessoas ligadas pelo batismo, é o ideal. A comunidade é o lugar da comunhão e participação mais plena. “Ali os cristãos alimentam a sua fé e sua comunhão com o projeto diocesano e a Igreja Católica Universal”.

Catequese em tempo de Pandemia: Dom Aloísio diz que “também a catequese em nossas comunidades, seja para o Batismo, a Eucaristia ou a Crisma” deve considerar que “estamos numa época de exceção, em que precisamos adaptar-nos à realidade e devemos evitar maiores concentrações ou reuniões de grupo. Assim sendo, a catequese não tem sequência normal. A realidade não nos autoriza a fazer adaptações simplórias com o objetivo de legalizar a preparação dos sacramentos na comunidade”. A liturgia e a catequese são irmãs gêmeas. “Portanto, não basta a formação doutrinal ou individual”. Manter contato com os catequizandos através das redes sociais, é salutar. “Passado o tempo da pandemia, retornemos com nova motivação ao processo catequético normal, mesmo que algumas datas tenham que ser reajustadas”.

Caridade em tempos de coronavírus: Dom Aloísio, na carta dirigida ao povo de Deus, diz que “catequese, liturgia e ação de vida andam necessariamente unidas e interdependentes”. Por isso, “diante da situação criada com a pandemia, sentimos necessidade de ações diocesanas, paroquiais e comunitárias concretas frente aos irmãos e irmãs em necessidade”. Existem várias ações nos municípios e paróquias. A Diocese adquiriu material para a confecção de 10 mil máscaras que, na medida em que estão sendo costuradas por pessoas voluntárias, estão sendo repassadas aos hospitais, casas geriátricas e comunidades carentes. Em Santa Cruz do Sul, sob a coordenação dos padres da comarca e do setor de assistência social da Mitra, estão sendo atualizado os cadastros das pessoas que são ajudadas com cestas básicas ou refeições e os dados estão sendo cruzados com outras entidades para identificar quem ainda precisa ser ajudado. A Mitra também abriu uma conta especial para as emergências na Diocese, onde as pessoas podem fazer suas contribuições (Sicredi – agência 0156 – conta corrente 50041-0). A coordenação da filantropia e a Rede Jesus Mestre da Palavra organizaram um espaço para ajudar as pessoas a acessarem as ajudas do governo federal. Frente a isso, Dom Aloísio diz: “A pergunta que deve ser feita por todos os padres e lideranças pastorais é: O que é possível ser feito por nós, como Igreja que optou por ser samaritana, para atender o povo em suas necessidades, especialmente em tempos de pandemia”?

Celebrações dos sacramentos devem ser adiados: Por causa da interrupção na catequese, a celebração dos sacramentos da Iniciação Cristã deve ser adiada, a não ser que surja algum problema de doença. Isso também vale para os batizados, uma vez que é impossível realizar o processo preparatório e a celebração supõe a presença da comunidade. É um momento excepcional que, esperamos, logo vai passar.

Oração pelas Vocações: No próximo domingo, dia 3 de maio, a Igreja celebra o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Na mensagem que o Papa dirigiu ao povo de Deus, ele destaca quatro palavras – tribulação, gratidão, coragem e louvor – tendo como pano de fundo o texto evangélico que nos conta a experiência singular que sobreveio a Jesus e a Pedro durante uma noite de tempestade no lago de Tiberíades (cf. Mt 14, 22-33). A mensagem termina com um apelo: “Caríssimos, desejo que a Igreja percorra este caminho ao serviço das vocações, abrindo brechas no coração de todos os fiéis, para que cada um possa descobrir com gratidão a chamada que Deus lhe dirige, encontrar a coragem de dizer «sim», vencer a fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de louvor, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro. Que a Virgem Maria nos acompanhe e interceda por nós”.

Revista Integração: No dia 28 de abril começou a circular a Revista Integração do mês de maio. Na capa tem uma invocação à Nossa Senhora das Dores. A entrevista é com Dom Gílio Felíco, bispo emérito de Bagé que está morando em Santa Cruz do Sul. O documento apresenta a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações. A página central faz um relato das celebrações das Semana Santa, com as portas das igrejas fechadas. Logo mais, a revista também poderá ser lida no site da Diocese (www.mitrascs.com.br).

IECLB – O Importante e o urgente

“Afinal, será que a vida não é mais importante do que a comida? E será que o corpo não é mais importante do que as roupas?” (Mateus 6.25b)

Mário Sérgio Cortella, numa de suas crônicas, traz a seguinte frase: “O urgente não tem deixado tempo para o importante.” Ele traz esta frase num contexto onde reflete sobre que tipo de educação as pessoas buscam para seus filhos/as. Mas penso que ela é muito oportuna no tempo que estamos vivendo. Esta parada obrigatória/forçada que estamos tendo por causa da pandemia, fez com que, quase todos, tivessem mais tempo à disposição. Quase tudo aquilo que uma vez foi urgente, agora precisava esperar. Justo aquilo, que na nossa rotina, não podia esperar. As urgências iam se apresentando diante de nós e se avolumando de tal forma, que não se tinha mais tempo de pensar, de organizar. E assim a vida ia passando sem ser vivida. A correria era tão grande que uma frase se tornou comum: “Quase não tenho tempo de respirar.” Deixando claro como as urgências estavam nos sufocando. A canção “Epitáfio”, dos Titãs, deixa claro como as urgências da vida tomaram o lugar daquilo que se considerava importante. Pode-se dizer que era
quase unânime a ideia de que “se tivéssemos tempo” a vida seria diferente, se pudéssemos escolher, escolheríamos diferente, de que o importante é que deveria reger a nossa vida e não o urgente.

Jesus, já no seu tempo, no Sermão da Montanha, chama a atenção que o importante é que deve ter um lugar de destaque nas nossas vidas. O Importante é que deve determinar nossas ações e nosso ritmo e modo de viver. Pois bem. A pandemia não pediu licença. Veio até nós e nos forçou a parar, ou pelo menos diminuir o ritmo. Com isso, quase todos, tem mais tempo. Mais tempo para pensar, para refletir e descobrir o que realmente é importante. Mais tempo até para muitas daquelas coisas que sempre foram sonhadas, mas que nunca puderam ser feitas por falta de tempo. Cito apenas uma: passar mais tempo com os/as filhos/as, talvez não da forma sonhada, mas isso agora é possível.

A questão que fica para nossa reflexão, já que agora temos tempo, é: será que já descobrimos o que é importante? Isso vai fazer alguma diferença na nossa vida? Ou será que o urgente vai novamente tomar conta de nós fazendo com que simplesmente a vida passe muito rápido?

Pastor Márcio A. Trentini

Importante: Em nota emitida pela Presidência da IECLB em conjunto com os/as pastores/as Sinodais, ficou decidido que: “a alternativa mais prudente e responsável no momento é manter a suspensão por mais um período. O critério fundamental que seguimos é o cuidado com a vida.” Com isso, continuaremos com nossos cultos transmitidos via internet e com atendimentos de urgência.