Tibicuera entregou a solicitação à coordenadoria do curso de veterinária da Unisc na sexta passada Crédito: Divulgação
Grasiel Grasel
[email protected]
Depois da queda na adesão de cavaleiros no Desfile Farroupilha deste ano, o Piquete Regional da OAB e o Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Santa Cruz do Sul iniciaram uma série de avaliações para reverter o quadro preocupante para o cenário tradicionalista regional. Uma das soluções encontradas vêm das reduções de custos que envolvem exames necessários para a emissão da Guia de Transporte Animal (GTA) e, na última sexta, dia 4, as entidades, representadas por Tibicuera de Almeida, levaram à Unisc um documento solicitando a avaliação da possibilidade de instalarem no futuro Hospital Veterinário da universidade um laboratório para que a análise do sangue dos equinos seja realizada aqui na cidade.
De acordo com Almeida, que é patrão do piquete e presidente do conselho deliberativo do núcleo de criadores, as entidades tradicionalistas e associações de criadores não são contra a exigência de exames para que as guias de transporte sejam emitidas. “Acreditamos que estes exames são necessários, são uma questão de sanidade animal e pública, mas na questão dos custos a gente precisa se unir pra amenizar o prejuízo”, diz. Segundo ele, os efeitos negativos do alto custo deste processo preventivo já são sentidos também em exposições, rodeios e cavalgadas.
Atualmente, para realizar a retirada de uma Guia de Transporte Animal para cavalos na região é necessário que o equino tenha feito os exames negativos de Mormo e Anemia Infecciosa Equina (AIE), que possuem validade de seis meses, e também a vacina preventiva da Influenza Equina, que é válida por um ano. Segundo Almeida, o custo dos exames em si variam em torno de R$70, mas o valor final pode chegar a R$200 por animal devido ao que é preciso gastar com veterinários e, especialmente, com o frete de envio das coletas aos laboratórios de análise que, aqui no Rio Grande do Sul, atualmente só podem ser encontrados em Porto Alegre e Passo Fundo.
Daniela Klafke é veterinária e realiza exames de Mormo e AIE desde 2006. Segundo ela, o frete é um grande problema porque cada laboratório trabalha de uma forma diferente no recebimento do material genético. Por vezes, inclusive, dependendo da quantidade de exames a serem realizados e o peso das amostras, vale mais a pena enviá-las para análise em São Paulo, onde o valor cobrado é menor. Explicar para o criador como os custos dos transportes variam é o que torna o serviço uma dor de cabeça muito maior do que o necessário.
Perguntado sobre a possibilidade de o Hospital Veterinário oferecer o serviço de análise do material genético dos equinos, o coordenador do curso de veterinária da Unisc, Andreas Kohler, diz que a universidade solicitou ao Ministério da Agricultura um relatório que define as exigências e custos necessários para a adaptação. “Se os custos forem baixos e o prazo necessário para nos dar a autorização para esse tipo de análise seja curto, então pode ser que no segundo semestre do próximo ano isso funcione, mas atualmente não tenho como confirmar ou dizer se vamos ter as condições necessárias”, diz. Segundo ele, o fato de as análises lidarem com doenças contagiosas tende a exigir equipamentos e cuidados específicos que encarecem o processo.
Almeida diz que seguirá trabalhando para tentar reduzir os custos que envolvem a criação de cavalos crioulos ou a simples adesão ao tradicionalismo campeiro e, para isto, também esteve em reunião na manhã desta segunda, dia 7, com a Secretaria de Agricultura do município, para pedir subsídios nos custos que envolvam a contratação de veterinários para coletar as amostras de sangue dos exames. “Podendo fazer os exames aqui e com o auxílio da prefeitura, os custos totais diminuiriam no mínimo em 50%”, afirma.