O confronto entre esquerda e direita tornou-se bastante usual em nosso país, embora tenha ramificações mais antigas. Enfim, de todo modo, por mais que ele tenha se intensificado nos últimos anos, não se trata exatamente de uma novidade no Brasil. Nem por isso deixa de ser um tema relevante. Pelo contrário, é dos temas mais importantes, e sua abordagem merece ser realizada pela sociedade brasileira, e por toda e qualquer sociedade.
As diferenças são marcantes entre esquerda e direita, mas há semelhanças. Desde que a democracia retornou em 1985, o Brasil passou por governos de centro direita e de centro esquerda. Hoje temos um governo mais próximo de uma extrema direita. Mas o que é inegável, em todos esses governos, é que eles colocam um olho no mercado e o outro olho no social. Por incrível que pareça, até a Ditadura Militar agiu um pouco dentro dessa visão, embora, no aspecto social, tenha havido uma perda muito significativa naquele duro período.
Mas, atendo-nos ao período democrático, onde existe uma maior uniformidade, é bem claro que tanto o mercado quanto o social receberam atenção dos governantes. Da mesma forma, nestas mais de três décadas, seja em governos de centro direita ou de centro esquerda, houve casos de corrupção - e isto pode ser verificado no governo federal e em governos estaduais. O governo brasileiro atual, por exemplo, demonstra grande preocupação com o mercado, pois ele entende que, entre outras consequências, um mercado forte vai beneficiar o social.
A esquerda e a direita possuem visões diferentes, sim, mas que, de uma ou outra forma, acabam se encontrando. "Minha cor não é o vermelho", dizem os de direita. "Minha cor não é o laranja", dizem os de esquerda. Até as acusações se assemelham. No fim das contas, é de seres humanos que estamos tratando, com suas diferenças e equivalências.