
Guilherme Athayde
Guilherme Athayde
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Pode parecer um gesto simples, mas jogar uma bituca de cigarro no chão após o ato de fumar é muito mais que apenas espalhar sujeira e comprometer a estética do local em que se vive. Além de fazer mal à saúde de quem fuma ou está exposto à fumaça, o descarte irregular do que restou do cigarro pode causar danos ao meio ambiente, poluindo o solo e a água, afetando também a flora e a fauna.
As bitucas podem levar entre dez e 17 anos para se decompor e, nesse período, liberam poluentes que infiltram o solo e podem alcançar lençóis freáticos. Um único cigarro pode contaminar até 1 mil litros de água potável. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um quinto da população mundial é composta por fumantes.
Uma pesquisa do Ministério da Saúde revelou que, em 2024, o número de pessoas que fumam aumentou em 25% no Brasil. O dado foi revelado na última semana para destacar o Dia Mundial Sem Tabaco, que transcorreu em 31 de maio. Foi o primeiro aumento registrado desde 2007 e ainda não contabiliza os fumantes de cigarros eletrônicos. Estima-se que o planeta consuma anualmente cerca de 5,5 trilhões de cigarros industrializados.
Pensando em gerar renda através de uma medida socioambiental, o fundador da Poiato Recicla, Marcos Poiato, realiza um trabalho que iniciou no ano de 2010 e, desde então, a empresa já impediu que mais de 500 milhões de bitucas de cigarro fossem jogadas ao solo ou enviadas a lixões, causando sérios impactos ao meio ambiente. Em Santa Cruz do Sul, a Poiato atua desde 2020, iniciando numa parceria com a British American Tobacco, a BAT.
“Primeiramente, atendendo a unidade da BAT na cidade e com uma série de atividades educativas na tradicional Oktoberfest e em diversas instituições de benemerência, Câmara Municipal, CDL, entre outros, sempre com a finalidade de conscientizar a sociedade sobre a importância de dar destino correto aos resíduos de cigarros. Os trabalhos na unidade da BAT permanecem até o presente momento”, revelou a empresa.

Mais de 1 tonelada de cigarros transformados em papel
Atualmente, a Poiato Recicla é a única usina de reciclagem de resíduos de cigarro no Brasil. Em Santa Cruz, a empresa tem uma parceria com a empresa Japan Tobacco International, a JTI. Sediada em Votorantim (SP), a Poiato instalou 15 coletores de bitucas de cigarros em companhias e no centro de Santa Cruz. “É uma parceria com a JTI e a Prefeitura com os coletores que temos nas ruas. Mas temos coletas também na JTI e na BAT”, revelou Marcos Poaito.
Desde o início das operações em Santa Cruz, já foram 1.437,17 Kg de bitucas de cigarros depositadas nas caixas coletoras, o equivalente a quase de 3,6 milhões de cigarros. “Em termos de impacto na água, podemos afirmar que 1,8 milhão de litros de água deixaram de ser contaminados, o que por si só é um case de sucesso”, avaliou o empresário.
No país, são 87 municípios que mantêm parcerias com a usina de reciclagem, que possui mais de 9 mil pontos de destinação de resíduos do cigarro. A estimativa é que mais de 500 milhões de bitucas tenham sido recicladas através de um processo desenvolvido em 2014 e patenteado pela Universidade Federal de Brasília (UNB).
Desde maio, a iniciativa foi ampliada para Venâncio Aires. A China Tabaco Internacional do Brasil também iniciou o Programa de Coleta de Bitucas de Cigarros em sua unidade no município, com instalação de 15 coletores de cigarros, além de atividades de conscientização para seus colaboradores sobre destinação correta de resíduos.