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Na pandemia também é tempo de doar sangue

Devido isolamento social, número de doadores diminuiu nestes últimos meses

Ricardo Gais
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Devido isolamento social, houve queda nas doações – Ricardo Gais

Doar uma pequena quantidade do próprio sangue para salvar a vida de outras pessoas é um gesto solidário e de compaixão para com o próximo. Além de estar fazendo o bem, está ajudando quem precisa, como pessoas que estão realizando algum tratamento, intervenções médicas, transplantes, transfusões, cirurgias ou pacientes que possuem doenças crônicas graves.

Em Santa Cruz do Sul, o Banco de Sangue Hemovida atualmente está com estoque baixo de sangue. Conforme o enfermeiro Cezar Rodrigo Priebe, responsável pelo setor, devido à pandemia e isolamento social, ocorreu uma redução de quase 40% nas doações voluntárias entre os meses de maio e junho. “Antes da pandemia, por dia, tínhamos cerca de 25 doadores. Atualmente, esse número reduziu para 15”.

Para receber os doadores, as poltronas foram realocadas com dois metros de distância entre cada e assim que ocorre a troca do doador, o espaço é higienizado com álcool gel. “Os atendimentos agora estão ocorrendo de forma espontânea, sem o agendamento como era antes, já que são poucas as pessoas que vêm doar. Caso o número de doadores aumente, teremos que voltar a fazer o agendamento”, disse Cezar.

O reflexo na baixa das doações é sentido no estoque de sangue. Cezar explica que desde o mês de maio o estoque começou a diminuir, então, o Hemovida se mobilizou para fazer contato com o quartel de Santa Cruz e demais grupos que ajudam nestas situações. “As pessoas ficam com receio de se infectar com o vírus (Covid-19), então diminuiu os estoques. E também, nestes meses entre junho e agosto, sempre temos que nos mobilizar devido ao inverno”. O tipo de sangue que mais está em falta é (O) negativo e positivo. “Chegamos a ter sete bolsas e isso é pouco”, frisou.

Conforme o enfermeiro, até a terça-feira, 23, haviam em estoque 30 bolsas de (O+), sete (A-) e 40 (A+). “O tipo de sangue mais usado é (O+) e (A+). No entanto, ambos estão com o estoque baixo”. A situação de bolsas de sangue tipo (O+) está um pouco crítica, mas não chega a faltar, “atualmente o estoque chega a ter 20 bolsas e antes da pandemia tínhamos 70”, informou.

José trouxe a filha Jéssica pela segunda vez para fazer a doação – Ricardo Gais

O enfermeiro comenta que diariamente há pacientes que necessitam de sangue, “em média são 20 bolsas por dia usadas pelo hospital Ana Nery e Santa Cruz”. O Hemovida também é responsável pelo fornecimento de hemocomponentes para hospitais da região.

Na manhã de quarta-feira, 24, Jéssica Zambarda Pinto, de 29 anos, juntamente com seu pai, José Antônio Pinto, de 55 anos, ambos moradores do município de Rio Pardo, vieram para Santa Cruz realizar, cada um, uma doação de sangue. “É a segunda vez que venho por influência do meu pai e por vontade própria também, pois é bom ajudar o próximo”, disse Jéssica. Já o pai, conta que vem realizar a doação há muitos anos, “trata-se de uma ação de vida que se tornou um hábito para mim e que me deixa muito grato poder estar salvando outras vidas”, contou.

Daniele Leal, que é técnica de enfermagem, atua no Hemovida há 13 anos e salienta que é importante que a população faça sua doação, já que não é apenas o novo coronavírus que está deixando pessoas doentes, mas há outras doenças que também precisam ser curadas.

Na doação, que dura cerca de 10 minutos, são recolhidos entre 400 a 450ml de sangue. “Em 24 horas a pessoa recompõe o sangue, sem nenhum problema”, explicou Cezar.

A doação é feita junto ao Hospital Santa Cruz no Hemocentro, que está localizado na Rua Fernando Abott, 174, Centro. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 13h. Para doar, as pessoas que possuem idade entre 16 e 18 anos devem ir acompanhadas de um responsável legal. Maiores de idade podem ir sozinhas, levando consigo um documento com foto, como carteira de identidade, trabalho ou motorista. Todos devem estar fazendo o uso da máscara. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3056-2103.

São aceitos todos os tipos de sangue e quem quiser ser um doador deve ficar atento para alguns requisitos:

  • Fazer um lanche leve antes da doação;
  • Evitar a ingestão de bebidas alcoólicas 12 horas antes;
  • Não ter usado antibióticos nos últimos 15 dias;
  • Se tiver gripe, resfriado e febre deve aguardar sete dias após o desaparecimento dos sintomas;
  • Se tiver feito alguma vacinação, o tempo de impedimento varia de acordo com o tipo de vacina;
  • Se realizou transfusão de sangue deve aguardar um ano.

Os requisitos completos podem ser encontrados em: saude.gov.br/doacaodesangue.