Chorei de emoção ao saber por Iane Rocha, amiga de todos os percursos, lá de Macaé (RJ), que o “Dois de Julho” (isto mesmo, com letra maiúscula) pode virar feriado nacional. A incorporação da “Independência baiana” no calendário do Brasil, projeto da deputada baiana Alice Portugal, foi aprovada pelo Senado Federal na terça-feira, 8 de maio de 2013. Depende, agora, da sanção da presidente Dilma.
Ao ler, depois, a notícia no “A Tarde”, para o qual colaborei semanalmente por quase sete anos (Opinião e Religião), a sensação ardida em meu peito mergulhou feliz nas memórias. Nasci e cresci em São Paulo, terra de muitas gerações de nossa família. Em Pinheiros, não tão longe das margens do Ipiranga do sete de setembro de D. Pedro. Vivi na Bahia momentos abençoados de minha existência passada a limpo. Por mais de vinte anos, até ingressar nos átrios da Casa do Senhor, em Santa Cruz do Sul. Meu último endereço profissional, em Salvador, foi Avenida Sete de Setembro. Acredito na fala sagrada das coincidências, o que me põe à vontade para aplaudir o “Dois de Julho”.
Talvez fora da terra de todos os santos, infelizmente poucos saibam a força cívica desta data, o Dois de Julho. As crianças de outros estados aprendem que D. Pedro proclamou “Independência ou morte” em São Paulo. Pacificamente. Apenas tirou a espada e gritou. Muitas ignoram a verdadeira independência do Brasil, nos mares baianos, aos 2 de julho de 1823: longos meses depois de “o grito”… Brasileiros de todas as raças – incontáveis negros e indígenas – tombaram pela pátria verde-amarela. Bravamente- depois de muita luta- expulsaram as tropas portuguesas das águas azuis da Bahia. Em nome do povo do Brasil. Nada mais justo do que a celebração nacional da memória de tantos filhos da pátria tombados no Dois de Julho: o real dia independência brasileira.
Aos dois de julho, na Bahia, o desfile cívico é precedido pelo carro da Cabocla e do Caboclo- todo enfeitado de verde e amarelo. Isto em homenagem a Catarina Paraguaçu e Diogo Álvares Correia, o Caramuru, cujos restos mortais repousam na Igreja da Graça (de nossa Ordem Beneditina desde o início, no século XVI). O caboclo tem o apelido popular de brasileiro. Há a cantiga que diz: “Brasileiro, brasileiro, brasileiro imperador, eu nasci cá no Brasil, sou brasileiro, sim senhor!”
Meus cumprimentos a Laurentino Gomes, autor de 1808 e 1822. Seus primorosos livros com certeza deram força ao projeto.
A Presidente não decepcionará Dona História do Brasil, sedenta de justiça, minha gente.
Que o Senhor do Bonfim nos abençoe. No compasso de seu hino tradicionalíssimo, gravado por Caetano Veloso, encerro cantando:
“Glória a ti neste dia de glória; glória a ti Redentor que há cem anos; nossos pais conduziste à vitória, pelos mares e campos baianos; desta sagrada colina, mansão da misericórdia, dai-nos a graça divina da justiça e da concórdia”…
*Ir. Teresa Paula do Espírito Santo, OSB é monja do Mosteiro da Santíssima Trindade ([email protected])














