Há anos, quando ainda menina , ouvia essa expressão e demorei muito para entendê-la na íntegra. Eis a conclusão depois da maturidade: as pessoas reclamam dos acontecimentos e acabam por retornar aos erros, sejam eles por “necessidade” ou por covardia. Começemos pelos relacionamentos: uma, duas três vezes… vaso quebrado não se reconstrói! Mas os ouvidos dos amigos estão sempre ali para re-re-reouvir as lamentações! E nada muda! Continua o mesmo filme. Os mesmos finais e as mesmas lamentações!
Falta coragem de dar um basta e amar-se mais do que se pensa amar ao outro. Simples assim! Depois, o trabalho: reclamam dos colegas, dos superiores, das condições apresentadas. Mais uma vez nossos ouvidos… Mas continuam lá! Como se em nada mais pudessem contribuir para um mundo melhor (ora, nenhum ser humano é dotado de apenas uma habilidade), então que partam para novos mundos, explorem novos ares, novas áreas! Aí vêm os amigos: fulano é isto, beltrano aquilo, cicrano outra coisa! “Mas somos amigos”! Ah, me economizem: amigos de verdade podem e são capazes de dizer o que sentem e criticar o que não consideram bom no próximo, pois a crítica (se não for irônica e maldosa) sempre serve para melhorar o caráter e as atitudes do ser em questão.
E por fim a política: a parte mais dolorosa e questionável. É incrível como as pessoas mudam de lado a cada eleição (quem dera fosse assim com os namorados e afins), remam para os mares que mais lhes convém e depois do mal feito as histórias modificam. Quase sempre acaba em decepção, mas não se dão conta do mal que fizeram e os ouvidos novamente estarão ali… Faço uma simplória comparação: fervo o leite, me descuido e ele acaba por derramar. Ah, que pena!
Pois é, se todos tivessem o cuidado de manter olhos abertos e nariz apurado nada disso aconteceria. Creio que precisamos manter mais nossa auto-estima e respeito por nós mesmos que cuidar de outrem. Muitos casamentos seriam salvos, muitos amigos permaneceriam, o trabalho seria um prazer e não um martírio e a política seria um aprendizado se cada um fizesse sua parte: pensar, refletir e fazer o certo. Não se acomodar, não permitir-se ser “comprado” por meras promessas, usar de palavras sinceras, por mais que possam doer (ao menos ao dormir a consciência estará bem) e jamais se permitir pensar que o poder é para sempre (ninguém leva nada na hora da partida).
Se formos coniventes com a hipocrisia e falsidade vinda de nós mesmos pagaremos um preço alto, e mais alto será o preço de quem nos ouve, mas que por força maior um dia nos darão as costas, pois OUVIDOS DE PENICO também têm um limite para transbordar!
* Professora das redes municipal e estadual de ensino – e-mail: [email protected]














