
Lucca Herzog
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Aracy Helena de Barros Zimmer, nascida em 1º de julho de 1925 no hoje Bairro Arroio Grande, em Santa Cruz do Sul, completou 100 anos de idade na terça-feira. Atualmente residindo na Blumen Haus, uma casa de longa permanência para idosos, Helena comemorou a chegada da data entre familiares e amigos com muita vitalidade e bom humor.
Filha do marceneiro José Leopoldo e de Ágatha, trabalhava em uma fábrica de balas, a Berbau (Bergel e Baumhardt), desde os 13 anos até se casar. Sua função era embalar uma a uma as balas Baiana, de coco, que eram as mais saborosas da época. O marido, José Eugênio Zimmer, foi convocado pelo governo em razão da Segunda Guerra Mundial e a bênção matrimonial só aconteceu em 20 de dezembro de 1944, em São Leopoldo.
De volta a Santa Cruz, ele passou a trabalhar em uma loja de tipografia e também atuava como tipógrafo no jornal Kolonie. Acometido por uma doença que persistiu por meses, José Eugênio parou de trabalhar, o que obrigou Helena a buscar o sustento da família. O casal tinha um único filho, Jair, então com 10 anos de idade.
“Na época, mulher casada ninguém queria empregar”, recorda Helena. “Emprego para mulher era difícil, e meu pai não me deixou continuar os estudos, porque dizia que mulher não precisava estudar. Mulher casa e vai cuidar das panelas.”
Helena, à época com 37 anos, escreveu uma carta contando sua história de dificuldades para o então deputado estadual santa-cruzense Siegfried Heuser. Com a mediação do parlamentar, ela se inscreveu para atuar como telefonista em um órgão de assistência médica implantado em Santa Cruz, o Samdu (Serviço de Assistência Médica de Urgência), onde trabalhou por 20 anos, até se aposentar em 1983.
Hoje, aos 100 anos de idade, com três netos e dois bisnetos, Helena recorda o passado com doses de reflexão e bom humor, além de encarar seu momento atual com leveza, serenidade e coragem. “Passei muito trabalho, nunca pensei que ia chegar a tanto. Fui aprendendo, com sofrimento e com tudo. Acho que cheguei até aqui por causa da minha memória e pela minha coragem, para conseguir passar por tudo”, reflete.
Atualmente, sua ocupação predileta é fazer caça-palavras. Outro de seus afazeres é ler jornal e revistas. “Eu gosto muito de ler. Leio o jornal, até mesmo o futebol. Faço também um pouco de crochê, para passar o tempo e não ficar parada”, revela a centenária Aracy Helena de Barros Zimmer.
