Início Geral Templo de Umbanda: 35 anos de auxílio à comunidade

Templo de Umbanda: 35 anos de auxílio à comunidade

Localizado no Bairro Jardim Esmeralda, em Santa Cruz do Sul, entidade prega o amor, a verdade e a justiça

Fotos: Lucas Martins
Altar do templo na Rua Cambará, 530, Bairro Jardim Esmeralda

Ana Souza
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Uma trajetória representativa na religiosidade e que muito orgulha a comunidade santa-cruzense. O Templo de Umbanda Pai Ogum Beira-Mar e Mãe Oxum completou 35 anos no dia 21 deste mês. O início foi na cidade de Vera Cruz, com a denominação de Centro de Umbanda Ogum Beira-Mar. Em 1992, mudou-se para Santa Cruz do Sul, instalando-se no Bairro Jardim Esmeralda, e passou a ter denominação atual, sob coordenação de pai Antônio de Ogum, fundador da entidade. Para marcar a data, foi realizada uma sessão mediúnica na sede da entidade e houve diversas homenagens de autoridades pela passagem do aniversário.

Pai Antônio: “Se você não conhece a umbanda, venha conhecer, busque aprender antes de julgar”

O templo iniciou seus trabalhos com passes mediúnicos, benzeduras para diversos fins, consultas ao baralho cigano e búzios, oráculo divinatório do culto aos deuses africanos, chamados orixás, aconselhamentos e sessões abertas à comunidade. Pai Antônio, ao observar o público que procurava pelos atendimentos, viu a necessidade de desenvolver a prática da caridade através da doação de alimentos. Como tinha prometido em sua infância que ajudaria todos que lhe pedissem, ele e sua esposa, mãe Lourdes de Iemanjá, iniciaram por doar um pouco de seu próprio alimento a quem solicitava ajuda. Ao longo dos anos, os frequentadores do templo aumentaram e, assim, também o corpo mediúnico.

Família do Templo de Umbanda reunida: dedicação fez a entidade chegar à trajetória de referência

Com o passar do tempo, houve mais um passo na evolução com o surgimento da Associação de Apoio a Pessoas Carentes e Necessitadas de Santa Cruz do Sul, promovendo campanhas de arrecadação de alimentos, brinquedos, cestas de Páscoa e Natal, agasalhos e utensílios. O Templo é reconhecido nacionalmente como polo de preservação e resistência da cultura afro-brasileira, herança ancestral deixada pelos povos africanos e indígenas desde a época do Brasil Colônia. A entidade realiza passes espirituais que ocorrem durante as sessões quinzenais de umbanda e as campanhas de ajuda aos mais necessitados.

Foto: Divulgação/RJ
Registro do primeiro altar, na sala da residência do babalorixá pai Antônio

Também desenvolve projetos sociais com empresas da cidade e amigos, como as aulas de capoeira para as crianças. Já promoveu inúmeros eventos da religiosidade umbandista, abrangendo públicos em nível estadual, nacional e também estrangeiro. “O guia-chefe do terreiro é a entidade chamada Ogum Beira-Mar, carinhosamente conhecida no terreiro por pai Ogum. Durante sua trajetória, formou centenas de médiuns, tendo como propósito a evolução espiritual através do desenvolvimento mediúnico e a prática da caridade, pregando sempre o amor, a verdade e a justiça, as quais compõem o lema da casa”, destacou pai Antônio de Ogum.

MOMENTOS MARCANTES

O babalorixá registrou que houve muitos momentos importantes na trajetória do Templo. “Principalmente quando alguém, depois de anos, lembra que, na sua infância, foi ajudado pelo Templo e nos agradece por ter existido naquele momento. É uma emoção muito grande saber que nossos objetivos foram atingidos, que é fazer o bem sem olhar a quem, porque, quando ajudamos, não sabemos quem é, não nos importa o nome, a classe social, a orientação sexual, nada disso, nem esperamos o agradecimento porque temos a ajuda como nossa missão e devemos cumpri-la independentemente de qualquer coisa”, ressaltou.
Dentre as importantes marcas nesses 35 anos, pai Antônio citou a construção de sua sede e a edificação da Associação de Apoio a Pessoas Carentes.

“Também, o reconhecimento que tive na cidade como Cidadão Honorário, as diversas placas que ganhamos de deputados, homenagens da Câmara de Vereadores, do Palacinho, a imagem de São Jorge que ganhamos de um grande amigo para a realização das carreatas. E uma que sinto saudades, as sessões de umbanda durante a Festa Afro de Santa Cruz do Sul, onde formava-se uma roda de centenas de umbandistas e realizávamos nossos rituais, inclusive a de 2003 em frente à Catedral São João Batista. Ainda, os desfiles de 7 de setembro e as missas inter-religiosas. Foram muitos momentos marcantes e desejo que venham muitos mais. Fui o primeiro pai de santo a hastear a bandeira do Brasil junto à Praça Getúlio Vargas”, recordou.

EVENTOS

Diversos eventos foram realizados no município ao longo deste ano e vários outros ainda estão por acontecer. Em agosto haverá a louvação a Obaluayê, o orixá da saúde, sincretizado com São Roque, e a festa para Exu Tiriri, o guardião das encruzilhadas e mensageiro do plano espiritual. Setembro será de celebração das crianças, Cosme e Damião; outubro, mãe Oxum, pela passagem do dia de Nossa Senhora Aparecida; dezembro, festas de Iansã e Santa Bárbara, Oxum e Nossa Senhora da Conceição, que é padroeira do Templo, pai Oxalá, que no sincretismo é Jesus Cristo, e Natal, quando serão distribuídos alimentos.


GRATIDÃO

“Tem uma parte do ‘Hino da Umbanda’ que diz assim: ‘A umbanda é paz e amor, é um mundo cheio de luz, é a força que nos dá vida e a grandeza que nos conduz. Acho que só essa parte já fala o quão me sinto feliz em ser da umbanda. Não existe religião melhor. Existe o amor a Deus sobre todas as coisas e uma busca infinita pelo ser melhor a cada dia, sem odiar ninguém, sem ofender, sem magoar, sem diminuir ou menosprezar o próximo”, ressaltou pai Antônio, que faz um convite a quem não conhece a umbanda: “Venha conhecer, busque aprender antes de julgar”. “E aos que admiram, avante filhos de fé. Eu sou muito feliz e realizado por esses anos todos, principalmente grato a Deus pela oportunidade de Lhe servir e buscar a cada dia um degrau a mais na minha caminhada através da umbanda”, finalizou.