LUANA CIECELSKI
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Na última quinta-feira, 25 de agosto, uma mulher foi assassinada em Porto Alegre, diante dos olhos de uma filha que a acompanhava e em frente à escola do filho quando estava chegando para buscá-lo no fim do dia, chocando a comunidade de todo o Estado. Em Santa Cruz do Sul, apesar de estarmos apenas no oitavo mês do ano, já foi registrado mais de 30 casos de homicídio, um recorde histórico para o município. Essas duas informações servem para ilustrar a situação da segurança no Estado e na região, que passa por uma série de dificuldades, como baixo efetivo, pouca verba disponível e salários parcelados e atrasados. Para o comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP), Valmir José dos Reis, essa situação se tornou insustentável e o momento é de polícia e comunidade agirem juntas.

“Terminou a conversa mole”, disse ele na manhã de ontem, durante a solenidade de aniversário de 14 anos do 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM). Na oportunidade ele disse aos policiais militares e à imprensa presentes que está “na hora da comunidade entender o que está acontecendo”. Em seguida, destacou que a Brigada Militar tem, sim, feito o seu papel, já que de cada dez presos que estão no presídio atualmente, nove foram flagrados pelos brigadianos, e que eles vêm mantendo a segurança praticamente sozinhos, por seu próprio senso de dever com a comunidade, já que não contam com apoio dos governantes.
Declarou também que os criminosos já não têm medo da punição e que esse é um dos grandes problemas da segurança no Estado e no País. Isso tem como causa uma legislação excessivamente branda que permite que uma pessoa infratora logo esteja em liberdade. “A gente vai lá e prende o cara 39 vezes. Quando vemos, ele está solto novamente e comete um homicídio pra roubar um celular. Pensem bem. Onde está o problema? Será que o problema é mesmo a polícia? Será que somos nós que não estamos conseguindo dar conta da criminalidade?”
Reis ainda chamou a atenção do empresariado, solicitando apoio para mudar a situação atual, e da comunidade. “A sociedade precisa se unir e apoiar a polícia, seja ela militar ou civil”, declarou. “De que adianta ir pra rua protestar por impeachment e não ir pra rua protestar pela segurança das nossas famílias.”. Como alternativa, o comandante orientou que a comunidade também busque os deputados estaduais e federais eleitos, reivindicando alterações na legislação. “Alguns dizem que a polícia prende e a justiça solta. Porém a culpa não é do juiz também. Ele precisa cumprir a lei existente. O problema é a lei”.
Na opinião de Reis os criminosos devem, sim, permanecer presos, e os reincidentes deveriam, necessariamente, trabalhar. “Bota essas pessoas pra arrumar o calçamento da cidade. Pra fazer algo de bom pela comunidade que prejudicou. O que não dá é pra ele ficar ocioso dentro do presídio, aprendendo ainda mais sobre o mundo do crime”.
Por fim, o comando destacou que os policiais estão autorizados a fazer tudo o que for permitido em lei para conter os criminosos. “Os policiais precisam ser efetivos nos seus encaminhamentos. O comando estará a postos e ao lado dos soldados para defendê-los, porque sabe das dificuldades que eles vêm enfrentando com essa criminalidade abusada”.

Na oportunidade, todos os militares receberam um bracelete azul, que contém o símbolo do 23º BPM e que já passa a integrar a farda. Alguns militares também foram homenageados, entre eles o Comandante do 23º BPM, Major Paulo Fernando Soares Nascimento; o comandante do CRPO/VRP, Tenente Coronel Reis; o major Rodrigo Sartori, que recentemente saiu do comando de Candelária para atuar junto ao CRPO, em função do destaque de seu trabalho; e o capitão Helcio Moisés Gaira, que saiu do comando da 2ª companhia da BM em Santa Cruz, para assumir o comando da 2ª Companhia Rodoviária Estadual. Alguns soldados também receberam certificados de militares destaque.














