Início Geral 450 pessoas participam da Jornada de Lutas das Mulheres

450 pessoas participam da Jornada de Lutas das Mulheres

Everson Boeck
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Os diversos tipos de violência contra a mulher foram o foco do evento que reuniu cerca de 450 pessoas em Santa Cruz do Sul na última quinta-feira, 13 de março. Durante o dia aconteceram diversas atividades da Jornada de Lutas das Mulheres – 8 de março, promovida na cidade pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento das Mulheres Camponesas (MMC) e Conselho Municipal da Mulher.Pela manhã, foi realizada, no pavilhão da Oktoberfest, uma formação sobre os diversos tipos de violência sofridos pelas mulheres. À tarde, elas seguiram em marcha até a Praça Getúlio Vargas onde debateram sobre os temas apresentados na formação e promoverama Feira da Agricultura Camponesa, com produtos oriundos da agricultura familiar.
De acordo com uma das coordenadoras do evento e representante do MPA, SaraíBrixner, com o tema “As mulheres do Campo e da Cidade querem”, milhares de mulheres vinculadas a Movimentos Sociais estão saindo às ruas neste ano por ocasião da Jornada de Luta das Mulheres do Campo e da Cidade – 08 de março. Segundo ela, a jornada teve início com atividades municipais e regionais no dia 8 de março de 2014 – o Dia Internacional da Mulher – e encerra hoje, dia 15 de março. No Rio Grande do Sul, integram a Jornada de Lutas a Via Campesina, Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), Levante Popular da Juventude e Marcha Mundial de Mulheres (MMM).

Fotos: Everson Boeck

Evento realizado na última quinta-feira incluiu formação, marcha, debate e
Feira da Agricultura Camponesa

Demandas

Saraí explica que a jornada inclui diversas ações que envolvem acampamentos, debates feministas que tratam do combate à violência, programa camponês, plebiscito popular, feiras e marchas com temas construídos pelas mulheres para esta jornada.A ideia, segundo a militante, é discutir o papel da mulher na sociedade. “Embora tenhamos conquistado muitos avanços ao longo da história quanto à participação da mulher no contexto social, como a inserção no mercado de trabalho e até na Presidência da República, ainda há muitas lutas. Existe a violência doméstica, que inclui psicológica e física, a inferiorização da sociedade quanto à competência da mulher para desenvolver atividades profissionais”, ressalta.


Público composto por homens e mulheres debateu sobre os diversos
tipos de violência contra a mulher

Violência

O foco do evento foia violência contra a mulher. Durante a formação, pela manhã, foi encenada uma peça teatral onde o marido agredia a esposa e este momento fomentou a discussão sobre o tema. “O tema da violência contra a mulher está cada vez mais em pauta e nós precisamos discutir que é preciso dar um amparo maior para a agredida em todos os municípios. Ela é incentivada a denunciar, mas e depois? Ela vai voltar para casa? Mesmo com medidas protetivas ela tem medo que o agressor volte, possa agredí-la e até matá-la”, aponta.
A representante do MPA informa que, no ranking estadual de violência contra a mulher, Santa Cruz do Sulem 2013 estava na 13ª posição e este ano subiu para a 3ª. “Para nós fica a dúvida: aumentou o número de denúncias ou de mulheres agredidas?”, questiona. Saraí comenta, também, que a violência, física ou psicológica, atinge toda a família. “Imagine os filhos vendo a mãe apanhar. Imagine, numa reunião familiar, todos presenciando o marido xingar a mulher dizendo que ‘ela não presta para nada’. Como ela vai se sentir? Como os filhos e os familiares que não concordam vão se sentir? Os reflexos disso são maiores do que podemos mensurar e nós precisamos trazer essa discussão à tona, debater e trabalhar este assunto com toda a comunidade”, sublinha.


Na praça Getúlio Vargas também aconteceu Feira da Agricultura Camponesa
com produtos oriundos da agricultura familiar produzidos por mulheres