
Sara Rohde
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O Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher (CMDM) de Santa Cruz do Sul, o qual tem como presidente Susana Gaab, empossou na quinta-feira, 14, a nova conselheira titular, Nicole Garske Weber, indicada pela Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RS – Subseção de Santa Cruz do Sul e Comissão da Mulher Advogada. Juntamente da Nicole, foi realizada a posse da conselheira suplente, Franciele Stadtlober.
Atualmente o conselho é composto por 20 conselheiras titulares e 20 suplentes, um trabalho não remunerado com caráter de relevantes serviços públicos que visa formular e propor políticas públicas, medidas e ações para garantia dos direitos da mulher, assim como garantir a sua proteção.
O Conselho foi criado em 1994 através da Lei 2.664 de 27/10/1994 com alterações Lei 3.686 de 14/03/2001. A Lei que criou o Conselho também criou o Escritório de Defesa dos Direitos da Mulher, que tem por objetivo principal atender as mulheres, fazer a escuta sigilosa e respeitosa, dar apoio e orientação às vítimas de violência.
E não foi à toa que a Nicole foi escolhida como conselheira titular do CMDM. Além de advogada, é professora, mestranda em direito – Direitos Sociais e Políticas Públicas de Inclusão Social, pesquisadora da CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa) e empresária. E um trabalho intenso em defesa das mulheres está sendo realizado pela Conselheira, já antes mesmo de ser empossada no cargo. “Quem me acompanha sabe de meu comprometimento há anos com a luta pelos direitos das mulheres, tanto na parte prática: trabalhando e orientando diretamente mulheres, meninas e famílias de vítimas de agressão, desenvolvendo seminários e atos informativos e de empoderamento da mulher – muitas vezes em conjunto com outras áreas, aliando o jurídico com encaminhamentos para psicologia e/ou assistência social; quanto na parte acadêmica onde estudo e construo pesquisas acerca de todos os temas que permeiam a vida da mulher nos dias de hoje”, explicou.
No ano passado Nicole esteve à frente do evento de repúdio ao feminicídio da santa-cruzense Francine Ribeiro, onde foi realizada uma caminhada de luta pelos direitos da mulher e homenagem à jovem. Participaram do evento, que envolveu o CMDM, Movimento Mulheres em Luta (MML), União dos Estudantes de Santa Cruz do Sul, Sindicomerciários e estudantes da Unisc, aproximadamente 500 pessoas. Após o assassinato e estupro de Francine, a advogada se envolveu diretamente em reuniões do CMDM. “Já vinha frequentando as audiências abertas do Conselho como voluntária no último ano, porém, com essa proximidade formamos várias parcerias, entre elas com a presidente Susana, a vice-presidente Priscila Froemming, as secretárias Mariane Castagnino e Iara Bonfante, e assim conheci as demais conselheiras”, disse.
Uma corrente muito forte se formou no ano passado no município com mais este feminicídio. A violência contra a mulher não diminuiu no país, bem pelo contrário, ela aumentou, infelizmente. Mas, a força da mulher para lutar contra a opressão, contra o machismo e a violência, é muito maior e se torna cada dia mais forte. “No ano passado, em especial, mulheres que se importam com a causa em Santa Cruz do Sul tornaram-se uma força uníssona, trabalhando em diversas frentes, frequentando de forma organizada e publicamente, realizando atos, eventos municipais, protestos, participando de seminários, congressos, audiências públicas da Câmara de Vereadores, acompanhando mulheres vítimas de agressão à Delegacia, possuindo contato direto com estatísticas e escutando relatos da Patrulha Maria da Penha de SCS, pressionando e cobrando do poder público, manifestando-se de forma organizada nas redes sociais, aliando todas as idades a um bem comum: a qualidade de vida, bem-estar e segurança da mulher santa-cruzense”.
A luta contra o machismo, agora formal, não deixa de fazer parte da vida da Nicole, o que a faz respirar justiça. A advogada destaca um caso vivido pela vereadora Bruna Molz, um fato que ela luta para não se repetir. “Nos manifestamos em desfavor ao machismo estrutural vivido pela vereadora Bruna Molz, fator este que faz desfocarmos do trabalho público da mulher política e direcionarmos para a vida pessoal ou atributos físicos, o que não acontece com o político homem, solapando o avanço das mulheres dentro da voz pública por cargos eletivos”.
Oficialmente Conselheira
Estar à frente do CMDM para Nicole é um motivo de orgulho e a possibilita participar de forma mais ativa em prol do bem comum. “Tenho orgulho do grupo coeso e plural que criamos em Santa Cruz do Sul, tornando-nos referência como militantes ativas em prol das mulheres no cenário estadual e nacional. Além da defesa incansável das vítimas, defendemos qualquer mulher em situação de machismo, humilhação, discriminação ou violência simbólica”, contou.
Segundo Nicole o CMDM tem muitos planos, projetos e ações para o ano de 2019 e o Conselho formado atualmente é unido, amigo, organizado, com contato diário, reuniões diretas e indiretas, “realizaremos conversas com setor público e privado, e não mediremos forças e estratégias para que a mulher de Santa Cruz do Sul tenha as melhores condições para viver, ser atendida ou assessorada num momento difícil, bem como seus filhos. O acesso à informação também é um dos legados do CMDM, que prima pelo empoderamento e autonomia das mulheres como forma de libertação da situação de violência. Então, participe dos eventos promovidos ou nos quais o CMDM esteja presente, conte conosco, nos procure, frequente os atos e deixe-nos te escutar”, salientou Nicole.
Como mulher e conselheira do CMDM Nicole ressalta que “essa reflexão não interessa somente às mulheres, mas sobretudo aos homens. O desmantelamento do sistema patriarcal liberta a mulher e o homem enquanto seres humanos, pois tanto o que domina, quanto o dominado estão alienados de sua verdadeira condição. Portanto, lutem conosco, homens! Há muitas filhas, companheiras, netas, mães, amigas, ameaçadas diariamente por uma violência insistente fomentada pelo discurso de ódio de diminuição da mulher”.
“Nunca houve um tempo onde precisássemos estar mais unidas do que nos dias de hoje! Pela vigilância de nossos direitos já conquistados, pelas antecessoras que lutaram para que hoje desfrutássemos estes direitos, pela proteção umas das outras, e por fim: pelas gerações futuras de meninas e mulheres! Uma não solta a mão da outra! Nós do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher estamos de mãos dadas contigo!”, enfatizou Nicole.
• Realiza visitas de conscientização em escolas, bairros, projetos;
• Participa do Fórum da não Violência;
• Participa do Conselho da Comunidade;
• Participa do Programa de Prevenção à Violência;
• Participa de Seminários e capacitações para melhor desempenho de suas funções;
• Realiza anualmente atividades no dia Internacional da Mulher e Seminário no dia da Não Violência contra a Mulher;
• Dá apoio ao Escritório de Defesa dos Direitos da Mulher;
• Participa do Programa Simplesmente Mulher, na Rádio Comunitária.
— Santa Cruz do Sul conta ainda com a Delegacia da Mulher e com a Casa de Passagem, ambas conquistas do CMDM.
— A convite do CMDM foi criado pela Câmara de Vereadores, a Frente Parlamentar dos Homens pelo fim da Violência contra a Mulher.
Escritório de Defesa dos Direitos da Mulher
Atendimento: Segunda a sexta-feira, das 7h45 às 11h45 e das 13h30 às 17h30, no 2º andar do Centro Integrado de Segurança Pública e Cidadania.














