Alyne Motta – [email protected]
Rolf Steinhaus
Desbravadores do município chegaram há 163 anos, onde hoje é Linha Santa Cruz
Santa Cruz surgiu quando destemidos alemães deixaram suas terras na esperança de vidas melhores. Para isso, deixaram a Silésia e o Reno, atravessaram o oceano e andaram dias a fio até chegar, em 19 de dezembro de 1849, na Alte Pikade ou picada velha, dando início à imigração alemã no município.
Inicialmente seis famílias desbravaram o novo continente. August Wutke, Frederic Tietze, August Mandler, Gottlieb Pohl, August Raffler e August Arnold foram os primeiros a ganhar terras no novo país e responsáveis por fazer das terras uma vila e, posteriormente, uma cidade.
Rolf Steinhaus
Primeiros imigrantes chegaram a Alte Pikade, hoje Linha Santa Cruz
O trabalho em conjunto fez surgir, no ano de 1890, a primeira Cooperativa. De acordo com Antelmo Paulo Stoelbenn, presidente da Associação de Moradores de Linha Santa Cruz (Amorlisc), a cooperativa foi uma das primeiras organizações econômicas dos imigrantes alemães na região.
Ele explica que, no local, eram estocados e comercializados produtos da colônia, no início especialmente banha, para serem vendidos e até trocados por sal, açúcar, farinha e tecidos no seu armazém junto com outros alimentos, bebidas, querosene, chapéus de palha, tamancos e fumo em corda.
De acordo com Antelmo, mesmo antes da construção do atual prédio, o espaço com 2,2 hectares, doado pelo imigrante proprietário do lote, já servia de espaço público, num prédio que servia de escola, igreja, espaço de organização e entretenimento e comércio.
Posteriormente, a escola e a igreja se transferiram para outro local, onde hoje abriga a escola Affonso Rabuske. Ali permaneceu até a construção da Igreja dos Santos Mártires, iniciada em 1947m tendo à frente o padre Inácio Eidt como vigário, e inaugurada em 11 de outubro de 1950, conforme registros.
Divulgação/Amorlisc
Antiga Cooperativa Eidt, com dois dos seus quatro módulos construídos
COMÉRCIO
O comércio de fumo em Linha Santa Cruz teve o primeiro registro em 1852, sendo produzido com sementes provenientes de Cuba. Antelmo explica que, com o fortalecimento da cultura do fumo, a Cooperativa precisou ser ampliada, recebendo anexos para beneficiamento e armazenagem.
Por volta de 1946, o local ganhou um salão para festas, um telefone à manivela que servia à comunidade e passou a comercializar novidades como panelas, confecções, colchões, bicicletas e remédios. No final, junto com as outras atividades, foi sede de um dos primeiros supermercados do interior de Santa Cruz do Sul.
A Cooperativa atuou durante um século até meados de 1990, quando encerrou as atividades e o imóvel foi doado ao patrimônio do município para servir de espaço para construção de equipamentos comunitários para o bairro que tomou lugar da antiga localidade rural.
HOMENAGENS
Como forma de lembrar estes destemidos imigrantes, a Amorlisc realiza amanhã, 19 de dezembro, às 20h, uma homenagem em frente à Cooperativa. “Escolhemos este local devido ao fato de ser considerado patrimônio histórico de Santa Cruz, inclusive tombado por lei municipal”, explica Antelmo.
Antelmo Stoelbenn
Homenagem aos imigrantes acontece em frente ao prédio da Cooperativa
A programação serve como preparação às comemorações alusivas aos 165 anos de imigração alemã em Santa Cruz do Sul, celebrados em 2014, e também, coincidentemente, aos 190 anos de imigração alemã no Rio Grande do Sul, iniciada em 1824, na cidade de São Leopoldo.
Durante a noite haverá apresentações ao ar livre, com participação do Coral Municipal, juntamente com o Coral da Associação dos Grupos de Terceira Idade, bem como o Coral da Igreja dos Santos Mártires. As atividades têm entrada franca e toda comunidade santa-cruzense está convidada.
