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15 de novembro

Desde 2002, quando foi instituído oficialmente pela Unesco, o Dia Mundial da Filosofia é comemorado na terceira quinta-feira do mês de novembro. Nesse ano de 2012, é lembrado hoje, 15 de novembro. Longe de ser um dia só de comemorações, o que se quer com a promulgação dessa data é chamar atenção para uma situação de todos conhecida – e imortalizada por Merlau-Ponty quando escreveu – “a verdadeira filosofia consiste em reaprender a ver o mundo”.
As academias têm se esforçado, e com certo êxito tem conseguido, instituir uma forma de raciocínio denominada “filosófica”. Segundo essa linha, tem sentido filosófico o que pode ser teorizado, pensado e validado em termos universais. É nesse sentido que as escolas podem contribuir, e muito, para com a “instalação” de um modo filosófico de se pensar. Contudo, para que o professor de Filosofia, lá na escola, consiga êxito em seus esforços pedagógicos de proporcionar aprendizagens filosóficas aos estudantes, é mister, primeiro, pensar como se dá a formação filosófica dos professores nas universidades. Quanto a isso, algumas críticas a academia deve aceitar, principalmente a que se refere ao modo quase hermético de se fazer filosofia, de se “filosofar”, na universidade.
Não há dúvidas, parece-me, que o êxito ou não de um professor em sala de aula depende – e muito – da formação que teve. Aliada à formação, o gosto pelo que faz. Além dessa situação, nessa data tão significativa, chamo atenção para outro aspecto: para quem ministra o componente curricular Filosofia nos educandários de Ensino Médio. Na rede privada, creio que na totalidade dos casos, é um professor com formação específica em Filosofia, quer na graduação, quer na pós-graduação. Já na rede pública, onde está a grande maioria dos alunos do Ensino Médio, nem sempre esse princípio é respeitado. Isso não significa, em hipótese alguma, um desmerecimento do professor que possui formação em outra área e que, por força das circunstâncias está, temporariamente (espero), lecionando Filosofia. Significa, sim, que há falta de clareza política ao se proporcionar a um professor sem a devida formação o ministério de uma disciplina, seja ela qual for. Nesse sentido – e que isso sirva de alento aos formados em Filosofia – há uma resolução do Governo Federal que institui, a partir de 2014, a obrigatoriedade de o componente curricular Filosofia ser ministrado por professores formados em Filosofia, exclusivamente. Se medida semelhante tem validade – universal – para outros componentes, por que não haveria de ter para a Filosofia?
Para encerrar – e como prova de que há caminhos para serem trilhados, bem como, de que alguns deles já estão abertos – a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) conta com dois cursos de Licenciatura em Filosofia: um curso próprio (criado em 1996) e um curso novo – Parfor (criado em agosto de 2012). Nesse, os estudantes não pagam por seus estudos e recebem, do governo gaúcho, uma bolsa permanência. São 30 professores que já atuam em sala de aula com o componente Filosofia, mas que não possuem a habilitação específica nessa área. Através do Governo Federal – Capes – estão tendo a possibilidade de adquirirem os conhecimentos próprios da Filosofia para melhor atuarem em sala de aula. Caminhos há, faz-se necessário percorrê-los. Aos formados em Filosofia, aos “filósofos” por natureza, aos “amantes do saber”, meu reconhecimento nesse dia. E sempre!

* Professor e coordenador dos cursos de Filosofia da Unisc. E-mail: [email protected]