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São Bento, homem de bem

Talvez muitos brasileiros associem o santo pai dos monges, apenas à defesa contra animais venenosos. Mamãe dizia: “São Bento, São Bento, livrai-nos das cobras e dos bichos peçonhentos”….. 
O patriarca do monaquismo ocidental fundou nossa Ordem há quinze séculos. Caleidoscopicamente transformados em outros quinze, depois da Internet: as duas últimas décadas valem por milênios de outrora… Há muitos textos sobre o venerando homem de Deus aqui e acolá.
No dia 11, deste mês de julho do encontro do Papa Francisco com os jovens, lá no Rio, sinos de capelas e catedrais do planeta dobraram para São Bento, o padroeiro da Europa. Legou ao mundo uma Regra de caminho para a Vida, escrita em 73 capítulos. Não somente voltada para os seus monges e monjas, mas para todos os perseguidores da Verdade, que “querem ver dias felizes”, conforme ressalta no prólogo do primoroso texto. O roteiro espiritual de Bento também é vivenciado por membros de outras Igrejas cristãs e confissões religiosas. Este patriarca do VI século nascera cidadão romano, em Núrsia- atual Itália. Abandonou sua invejável cidadania patrícia protegida pelo ius cives e, na profunda busca de Deus, depois de receber o hábito monástico pelas mãos do monge Romano, como eremita morou em cavernas, jejuou duro, vivenciou a extrema indigência. Na profunda oração conheceu a si próprio e, antes de tudo, aprendeu a ser discípulo. Só se dá o que se tem. O monge Guy-Marie Oury, de Solesmes- importante abadia francesa desde o IX século do cristianismo-  diz na obra “Bento homem de fé”: “ São Bento é realista, tanto para o bem como para o menos bem. Uma vez mais convida o monge a adotar o modo de ver de Deus e a considerar as coisas como Deus as vê… (Edições Lumen Christi, Mosteiro de São Bento-RJ, 1974, pag.100/01).
São Bento é o protetor dos agricultores, o que faz seu patrocínio muito bem-vindo a nossa cidade de Santa Cruz do Sul.  Pode ser considerado um dos primeiros a se preocupar com a ecologia.
Quando deixou a vida eremítica, Bento aceitou seguidores; acertou e equivocou-se, parou para passar seu caminho a limpo e, pela fé, não esmoreceu: fundou muitos mosteiros aos quais chama de “Escola de Serviço do Senhor”.  Bento foi (é) um brilhante mestre. Coisa de que desesperadamente precisamos no Brasil. De bons professores com formação adequada e dignos salários. Rogo a nosso pai pela preocupante educação patropi, uma das piores do mundo: 88º lugar no ranking internacional. O aumento de universidades cada vez mais fazedoras de doutores que não convencem nem na língua pátria, que tristeza… Também peço a nosso Pai pela saúde. Que faça arder o coração dos médicos brasileiros, na defesa da vida dos mais pobres. Necessitamos de profissionais que encarem a medicina como algo além da máquina de fazer moedas e tome-lhe tudo que é tipo de exames … Tempos duros, para nós…. De importação (necessária?) de médicos, quem diria?! Os seis mil cubanos já foram laconicamente descartados. A negociação, agora, é com Portugal e Espanha…. Volta às raízes, minha gente?!  Lembro-me de uma anedota. O homem nascido João Bobo que pelejou para mudar o nome. Após uma batalha judicial complicadíssima,  por iniciativa própria mudou- o para José Bobo…

*Monja do Mosteiro da Santíssima Trindade ([email protected])