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Oktoberfest: Como o cancelamento afeta setor do turismo?

Rede hoteleira deverá ser uma das principais afetadas pela falta da Festa da Alegria

Grandes hotéis devem manter o fluxo de clientes corporativos, mas os menores devem ser mais afetados – Rolf Steinhaus

Grasiel Grasel
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Com o cancelamento da 36ª Oktoberfest e Feirasul neste ano, não são apenas os expositores e serviços oferecidos internamente no evento que perdem uma importante parte da sua renda em 2020. De acordo com a Associação Pró-Turismo Santa Cruz do Sul (Aprotur), uma grande rede de empresas são diretamente ligadas ao turismo santa-cruzenses e não terão mais os recursos que costumavam levantar durante a festa, para piorar, elas já vêm sofrendo com a pandemia da Covid-19 desde março.

De acordo com a presidente da Aprotur, Leoni Cristina, os principais afetados pelo cancelamento são os pequenos hotéis e pousadas da cidade, que deverão manter o reduzido índice de lotação que a quarentena vem impondo. Como muitos não possuem um fluxo de clientes corporativos muito grande, a situação como um todo acaba criando um considerável risco aos agentes menores da rede hoteleira.

Além disso, outro impacto significativo é sobre a criação de vagas temporárias de emprego. Muito do poder econômico atrelado à Oktoberfest não está exclusivamente na falta dos turistas, mas também na de quem vem para Santa Cruz do Sul para trabalhar neste período, seja na Feirasul ou em contratos temporários em hotéis, restaurantes e lojas, que veem o fluxo de pessoas aumentar fortemente neste período.

Leoni também destaca que é bastante comum que mesmo os turistas que ficam por apenas um dia no evento saiam para visitar o centro e, com isso, acabam fazendo compras em lojas. Da mesma forma, os restaurantes do parque não comportam a grande quantidade de pessoas da Oktober e, portanto, costumam se deslocar até restaurantes próximos para almoçar ou jantar.

A presidente da Aprotur ainda afirma que vem conversando com a Associação de Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp) para que uma alternativa seja encontrada e, para tanto, está sendo muito discutida a realização da versão online da Oktoberfest deste ano. “Como não houve ideia parecida nas duas maiores Oktobers do mundo, de Munique e Blumenau, podemos chamar a atenção através da inovação”, afirma.

VAGAS PERDIDAS

De acordo com a gerente do Charrua Hotel, Daiane Mendes, o cancelamento do evento já era esperado e, portanto, a administração do hotel já vinha entrando em contato com os cerca de 50 clientes que haviam confirmado sua estadia durante o evento. A maioria das vagas puderam ser remanejadas para o ano que vem.

Para Mendes, o impacto econômico trazido pelo cancelamento é grande, pois a renda proveniente do evento costuma ser de 15% do total arrecadado no ano inteiro. A saúde financeira do hotel, no entanto, ainda é garantida pelo fluxo de clientes corporativos, que também está menor devido à pandemia.

Com isso, a gerente afirma que diversas vagas de trabalho deixam de ser criadas. Sejam elas recontratações que tiveram que ser suspensas pelo baixo fluxo de clientes durante a quarentena, ou então contratos temporários que costumam ser realizados durante a Oktober, pois a demanda pelo serviço é alta demais.

Embora os impactos sejam muitos, Daiane diz compreender a necessidade do cancelamento da festa, classificando a decisão como “necessária e responsável”. “É lamentável, a cidade evidentemente perde muito, mas a questão da saúde pública está acima disso”, diz. Com isso, o que resta é torcer para que em 2021 a 36ª Oktoberfest de Santa Cruz possa ser realizada.