A cadeia produtiva do tabaco será tema de uma audiência pública no Congresso Nacional, em Brasília, amanhã. Promovido pela Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco), o encontro ocorrerá das 9 horas ao meio-dia no Auditório Freitas Nobre, na Câmara dos Deputados, com foco no posicionamento do Brasil para a 11ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP-11), prevista para novembro, em Genebra, na Suíça.
A audiência será conduzida pelo presidente da Amprotabaco, Gilson Becker, prefeito de Vera Cruz e produtor rural, que apresentará dados atualizados e defenderá a relevância econômica e social do setor. “Precisamos clareza sobre a posição do Brasil e garantir que a cadeia produtiva tenha assento nas discussões que impactam diretamente quem planta, processa e comercializa o tabaco”, destacou. A mobilização conta com apoio dos deputados federais Rafael Pezenti (MDB-SC), autor do requerimento da audiência, e Heitor Schuch (PSB-RS), defensor da agricultura familiar.
A expectativa é de forte adesão por parte de lideranças dos mais de 500 municípios produtores nos estados do Sul e na Bahia. Para Becker, a participação política é essencial para sensibilizar o Ministério das Relações Exteriores, responsável pela delegação brasileira na COP-11. “A conferência definirá diretrizes que afetam diretamente o campo, a indústria e a arrecadação dos municípios. É inadmissível que essas decisões ocorram sem transparência ou escuta de quem vive a realidade da produção”, afirmou.
Entre os temas sensíveis da pauta está a possível regulamentação dos dispositivos eletrônicos para fumar e produtos com tabaco aquecido. “Queremos saber qual será a postura do Brasil diante de um cenário em que a informalidade avança e as regras internacionais se tornam, na prática, compromissos nacionais”, alertou Becker. Segundo ele, o setor reivindica participação efetiva, segurança jurídica e respeito à estrutura produtiva nacional.
A audiência reunirá representantes dos ministérios da Agricultura, Indústria e Comércio, Relações Exteriores e Agricultura Familiar, além de entidades como a Afubra, Abifumo, SindiTabaco, CNA, assembleias legislativas e governos estaduais. A Câmara Setorial do Tabaco, ligada ao Mapa, também estará representada.
Desempenho econômico
De acordo com a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do Rio Grande do Sul, o tabaco liderou as exportações do agronegócio estadual no primeiro trimestre de 2025, com US$ 660,3 milhões em vendas, superando carnes, soja e cereais. O volume representa crescimento de 7,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Além das exportações, o setor responde por mais de 10 mil empregos formais no campo. “Esses números comprovam o papel estratégico do tabaco para a economia regional. Geramos divisas, movimentamos o comércio local e garantimos renda a milhares de famílias que dependem diretamente da atividade”, concluiu Becker.
