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Agricultura | Frio afeta hortigranjeiros, mas ajuda grãos

Normal nesta época do ano, geada interrompe ciclos de propagação de doenças em algumas lavouras

Paisagem congelada carrega tanto desafios quanto benefícios para o campo – Divulgação

Guilherme Athayde
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Com temperaturas que beiram zero grau, a produção agrícola do Vale do Rio Pardo e de todo o Rio Grande do Sul acaba sofrendo alterações. O frio e a geada podem causar danos significativos às lavouras, congelando folhas e frutos e até levando à morte de plantas. Porém, essa condição climática faz parte do ciclo natural dos vegetais e pode até evitar a proliferação de pragas e doenças.

“Se analisarmos dentro das cadeias produtivas de grãos, as geadas são importantes, pois cortam ciclos de pragas, tipo a cigarrinha do milho e a mosca da fruta. Tem uma redução natural por conta do frio. Também plantas que chamamos de ponte verde, como a soja guaxa, aquele grão que na colheita caiu da máquina e germinou, pode se tornar uma fonte de multiplicação de doenças, tipo a ferrugem asiática”, observa o extensionista rural e assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, Josemar Parise.

Além da soja, a cultura do milho também pode ser beneficiada. “Da mesma forma, aquele grão de milho que caiu na colheita e germinou na lavoura se torna uma fonte de hospedeiros e de cigarrinhas para se multiplicar. No caso da soja, fonte de inóculos, na multiplicação da ferrugem asiática, vindo a geada ele elimina essas plantas e também o foco de propagação dessas pragas e doenças, e muitas outras”, reforça.

No caso das frutíferas, o frio intenso pode servir de preparação para uma germinação com maior qualidade quando chegar a época de maior intensidade solar. “Para as frutíferas de clima temperado, tipo a parreira, o pessegueiro, nectarinas, macieiras, as rosáceas de clima temperado, ameixeiras também, elas precisam de frio para poder receber posteriormente, numa condição de temperatura elevada, um estímulo para o florescimento e isso é muito bom”, aponta Parise.

Hortigranjeiros

Tanto na horticultura quanto na fruticultura, o frio pode prejudicar espécies de verão mais sensíveis às baixas temperaturas e que são colhidas sem a devida proteção. Com o inverno ainda em sua fase inicial, não há um cálculo sobre o quanto a estação vai impactar a oferta e o preço desses produtos. Para manter o oferecimento, algumas produções são mantidas em estufas, com temperatura e fontes de calor controladas, evitando perdas em relação às condições adversas do clima.

Na área de abrangência da regional da Emater/RS-Ascar de Soledade, que inclui boa parte do Vale do Rio Pardo, Josemar Parise explica que a geada afetou mais os municípios que ficam nas partes altas. “Nas partes de menor altitude, a geada foi menos intensa. Já as consideradas regiões altas, como o alto da Serra do Botucaraí, Centro-Serra, aí a geada foi mais forte. Então, há menos impacto nas regiões mais baixas”, destaca.