Início Economia Pesquisa domiciliar | Taxa de desemprego cai, aponta IBGE

Pesquisa domiciliar | Taxa de desemprego cai, aponta IBGE

No Rio Grande do Sul, índice do segundo trimestre foi 4,3%, o menor desde 2012

Dados mostram 266 mil pessoas sem ocupação
Fabrício Goulart

Fabrício Goulart
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A taxa de desemprego recuou em 18 Estados brasileiros no segundo trimestre de 2025. Os dados foram divulgados há uma semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. No Rio Grande do Sul, o índice foi 4,3%, o menor desde 2012.

O resultado gaúcho representa queda de 1 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, quando a taxa era 5,3%, e de 0,5 ponto em comparação ao mesmo período de 2024. Atualmente, 266 mil pessoas estão sem ocupação no Rio Grande do Sul – 18,5% a menos que nos três meses anteriores.

O coordenador da PNAD Contínua no Estado, Walter Paulo de Sousa Rodrigues, lembra que o levantamento inclui também trabalhadores sem vínculo formal. “Sem a pesquisa, esses trabalhadores ficariam invisíveis. A PNAD Contínua é a principal fonte, senão a única, para medir a informalidade, justamente por não depender de registros administrativos”, explica.

Segundo Rodrigues, o Estado alcançou, no trimestre, o menor índice de informalidade desde 2017, ano em que havia registrado o maior percentual. A população subutilizada, estimada em 593 mil pessoas, também diminuiu: recuo de 9,2% (menos 60 mil) na comparação com o trimestre anterior e de 24% (menos 187 mil) em relação ao ano passado. Estão nesse grupo pessoas que enfrentam momentaneamente barreiras para trabalhar, como problemas de saúde, falta de experiência ou gravidez, mas que podem retomar as atividades posteriormente.

Economia

Para o coordenador dos cursos de Ciências Econômicas e Relações Internacionais da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Silvio Cezar Arend, a queda no desemprego pode ser explicada pelo crescimento econômico dos últimos dois anos, impulsionado pelo consumo das famílias e pela expansão das vendas. “O aumento do PIB demanda mais mão de obra para produzir bens e serviços”, explica.

Mesmo com os efeitos das enchentes de 2024, o Estado demonstrou forte capacidade de recuperação e resiliência. “A economia gaúcha é diversificada. Setores como o agronegócio mantiveram um bom desempenho, aliado a políticas de incentivos e recursos federais que contribuíram para a manutenção e criação de empregos”, avalia o professor.

Sobre a informalidade, Arend pondera que ela funciona como alternativa para muitos trabalhadores, mas impõe riscos. “Pode ser uma porta de entrada para o mercado de trabalho, mas oferece menos segurança, direitos e benefícios sociais. O aumento da informalidade pode influenciar a taxa de ocupação, mas também pode mascarar a fragilidade das relações de trabalho”, observa.

Escolaridade

Entre os dados da pesquisa está a escolaridade da população: o levantamento mostra que menos estudo está relacionado com maior taxa de desemprego. Para Arend, é o forte indicativo de que a qualificação e os estudos continuam sendo decisivos para a empregabilidade e impactam os níveis de rendimento: “Pessoas com menor escolaridade tendem a ter acesso a empregos que exigem menos qualificação e, por isso, são mais vulneráveis em períodos de crise econômica”.