Início Geral Feriado | Sessão solene homenageia cultura afro na Câmara de Vereadores

Feriado | Sessão solene homenageia cultura afro na Câmara de Vereadores

Durante a sessão foram realizadas apresentações culturais da cultura afro

Homenagem reuniu diversos personalidades do município
Fotos: Jacson Miguel Stülp

Uma sessão solene na Câmara de Vereadores na noite desta segunda-feira, dia 17, prestou homenagem às personalidades da Cultura Afro na Semana da Consciência Negra. A proposta foi do vereador Jeferson Redondo (Republicanos).  A sessão foi conduzida pelo vereador Professor Cléber.

Foram homenageados o mestre de Capoeira, Ademir Pontel; Sandro Bittencourt (Sandrinho Hip Hop), representante da cultura urbana e do movimento hip hop; Antônio Rogério de Souza (Pai Antônio), representante dos dirigentes espirituais; e a Sociedade Cultural e Beneficente União (Clube Uniãozinho), pelos seus 100 anos de existência. Durante a sessão foram realizadas apresentações culturais da cultura afro.

O vereador proponente, Jeferson Redondo, destaca que é uma noite em que está com o coração cheio de orgulho e gratidão. “Orgulho por reconhecer e celebrar as trajetórias de mulheres e homens negros que, com sua força, fé e sabedoria, transformam nossa história todos os dias. Gratidão por podermos olhar para o passado com respeito, para o presente com consciência e para o futuro com esperança”, observou.

Redondo destaca que a Semana da Consciência Negra é mais do que uma data no calendário — é um chamado à ação, à reflexão e ao reconhecimento. “É o momento de reafirmarmos que a luta contra o racismo e pela igualdade não é apenas do povo negro, mas de toda a sociedade. É um compromisso coletivo com a justiça, com a diversidade e com o amor ao próximo. Que as histórias que ouvimos hoje — de resistência, cultura e fé — nos inspirem a continuar plantando as sementes da igualdade, da dignidade e do respeito”, finalizou.

Sessão foi conduzida pelo vereador Professor Cléber

Os homenageados:

Mestre Ademir Pontel

Capoeirista, que completou 53 anos em 15 de outubro. Iniciou sua trajetória na capoeira em 1990. Após uma breve pausa, retornou em 1995 e desde então permanece ativo. No início, ganhou o apelido de Salsinha — por ter apelidado um colega de Cebolinha — mas o nome não pegou, ficando conhecido apenas como Ademir. Ao longo dos anos, passou por todas as graduações da capoeira (os chamados cordéis). Quando iniciou, o cordel inicial era o verde; hoje, existem dois anteriores a ele (vermelho e verde-vermelho). No total, são 13 graduações, sendo 4 de mestres — a última chamada cordel branco ou cordel de ouro, nível que o Mestre Ademir conquistou. Inicialmente, fez parte do grupo Oxóssi, do qual saiu em 2016. No ano seguinte, fundou seu próprio grupo: Santa Capoeira. Começou a dar aulas ainda no cordel amarelo e nunca mais parou — já ensinou cerca de 500 alunos.  É casado com Marlei, conhecida como Tutu, que também praticava capoeira até o nascimento da filha do casal, Marlua. Desde pequena, Marlua segue os passos do pai e hoje é contramestre de Capoeira, um cordel antes do de Mestre.

Sandro Bittencourt – Sandrinho Hip Hop

O cantor, compositor e rapper Sandro Bittencourt, conhecido artisticamente como Sandrinho Hip Hop, cresceu cercado pela música. Desde a infância, demonstrava interesse pelo canto e pela composição. Suas principais influências vieram de artistas como MV Bill, Mário Pezão, Ndde Naldinho e Gabriel o Pensador, que o inspiraram a mergulhar na cultura hip hop, no teatro e na dança. Sua carreira profissional começou em 1999, como instrutor e coreógrafo de hip hop nas escolas Nossa Senhora da Esperança e Alfredo José Kliemann, em Santa Cruz do Sul (RS), atendendo cerca de 100 crianças e adolescentes.

Entre 1999 e 2002, atuou voluntariamente no Centro Social Urbano, no bairro Faxinal Velho, onde viveu o auge do movimento hip hop na cidade. Ensinava dança e promovia a cultura urbana entre os jovens, enfrentando o preconceito da época com determinação e paixão. Em 2006, expandiu suas atividades para o SESI e o SENAI de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, dentro do Projeto Novo Horizonte, atendendo cerca de 80 alunos. Tornou-se o único coreógrafo de Santa Cruz do Sul filiado ao SATED/RS (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos do RS). Atualmente, Sandrinho é coreógrafo e professor de dança na Escola Alfredo José Kliemann e desenvolve o projeto Rima na Escola, na Escola Luiz Dourado. Atuou também como Assistente Social na 6ª Coordenadoria Regional de Educação, dentro do Núcleo de Bem-Estar Escolar. Hoje, leciona como Professor de Arte e Projetos nas escolas Gaspar Bartholomay e Alfredo José Kliemann.

Antônio Rogério de Souza – Pai Antônio

Nascido em 14 de agosto de 1965, em Vera Cruz (RS), Antônio Rogério de Souza, filho de Maria Olga Lopes de Souza, teve uma infância marcada por dificuldades, mas também por fé e solidariedade. Aos 11 anos, iniciou sua jornada espiritual com manifestações mediúnicas que o levaram à Umbanda, religião que abraçou com devoção.

Sua formação religiosa consolidou-se na casa de Mãe Júlia de Iansã, em Viamão, onde recebeu o Caboclo Ogum Beira-Mar. Dali surgiu um sacerdote dedicado à fé, à caridade e ao  acolhimento. Em 1987, fundou seu próprio templo, ao lado de sua esposa e parceira espiritual Mãe Lourdes de Iemanjá, com quem construiu uma família e uma comunidade unida em torno da espiritualidade.

Instalado em Santa Cruz do Sul desde 1992, Pai Antônio se destacou pelo trabalho social e pela promoção da igualdade racial e religiosa. Fundou a Associação de Apoio às Pessoas Carentes e Necessitadas, oferecendo atividades culturais, educativas e assistenciais. Entre suas iniciativas está a tradicional Carreata em homenagem a Ogum e São Jorge, realizada há mais de duas décadas.

Reconhecido como Cidadão Honorário de Santa Cruz do Sul em 2018, Pai Antônio é símbolo de resistência, fé e transformação social. Sua trajetória une religião, cultura e cidadania, inspirando gerações.

Sociedade Cultural e Beneficente União – Clube Uniãozinho

Fundada em 1º de julho de 1923, em Santa Cruz do Sul (RS), a Sociedade Cultural e Beneficente União é uma entidade sem fins lucrativos dedicada à preservação e valorização da cultura afro-brasileira. Desde sua fundação, destacou-se em diversas áreas, como o futebol, o Carnaval e os eventos sociais. Na década de 1970, criou a Escola de Samba Acadêmicos do União, ainda ativa.

Integrante da Rede dos Clubes Sociais Negros do RS, tornou-se Ponto de Cultura do RS em 2012, com o projeto “Águia Agito: Resgate e Valorização da Cultura Afro-Brasileira através do Carnaval”.

Atividades atuais:

● Projetos socioeducativos para crianças e adolescentes (até 70 atendimentos semanais);

● Parcerias com secretarias municipais de Desenvolvimento Social, Educação e Cultura;

● Biblioteca Abayomi, com acervo de mais de 500 obras sobre diversidade étnico-racial;

● Participação em conselhos culturais municipais e estaduais;

● Cursos e oficinas pedagógicas para professores.

Principais projetos e ações:

● Ciranda Abayomi – Capacitação de jovens mulheres em oficinas de costura e arte, promovendo autoestima e geração de renda;

● Ninho da Águia – Atividades socioculturais para crianças e adolescentes, fortalecendo vínculos familiares e inclusão social;

● Unicultural – Ações de educação e cidadania voltadas à igualdade racial e valorização da identidade afro-brasileira;

● Águia Agito – Programa contínuo desde 2009, que resgata e valoriza o Carnaval como expressão cultural afro-brasileira;

● Descida da Júlio (2017–2020) – Evento de rua voltado à valorização do Carnaval, premiado pelo Prêmio Culturas Populares 2019 – Edição Teixeirinha;

● EMUNE (Encontro Municipal de Mulheres Negras) – Evento anual (2014–2020) que celebra o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho).

A Sociedade União é um verdadeiro símbolo de resistência e valorização da cultura negra em Santa Cruz do Sul, contribuindo para a formação cidadã, a inclusão social e a preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro.