
Foto: Fabrício Goulart
Fabrício Goulart
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Um projeto com raízes em Santa Cruz do Sul, e que inclui colaboração internacional, passará a ser alternativa na prevenção de incêndios. A iniciativa é liderada pelos profissionais da área da computação Vito Vitale e Henrique Hesse, junto ao professor de engenharia Gustavo Rohde, da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos. A ideia é disponibilizar gratuitamente um aplicativo capaz de transformar qualquer câmera – inclusive de celular – em um detector de fumaça eficiente e gratuito.
Rohde destaca que o projeto nasceu da necessidade de ampliar o acesso a tecnologias de segurança. “Estamos em um prédio com vários cômodos, mas não há detectores de fumaça, pois a lei não exige. Ou seja, se acontece um incêndio, todos ficam desprotegidos”, menciona, citando como exemplo o local em que cedeu entrevista.
A tecnologia trabalhada utiliza câmeras convencionais para monitorar ambientes e identificar visualmente a presença de fumaça. Diferentemente dos detectores tradicionais, que dependem da entrada física da fumaça no sensor, o novo sistema é capaz de reconhecer o risco em questão de minutos. “Nos dispositivos comuns, há um atraso, pois a fumaça precisa penetrar no aparelho. No nosso, a detecção ocorre em um ou dois minutos, analisando as imagens captadas”, explica Vitale.
A motivação para a empreitada também surgiu a partir uma situação particular acompanhada pelo professor. Rohde conta que um amigo seu, nos Estados Unidos, quase perdeu a família em um incêndio doméstico. “Ele tinha detector de fumaça, mas o alarme não disparou. Acordaram tossindo e quase não conseguiram sair de casa. Esse tipo de experiência muda a percepção. É como o uso do cinto de segurança nos anos 1970 – no início, ninguém usava, hoje é algo natural e obrigatório”, compara.
Segundo ele, o alarme não disparou porque os detectores necessitam de manutenção. Nesse caso, não havia sido feita a troca de bateria. A nova tecnologia busca eliminar essas limitações. “Com o aplicativo, basta posicionar a câmera. O sistema analisa matematicamente as imagens e, ao identificar fumaça, pode acionar um alarme, enviar alerta ou até contatar automaticamente os bombeiros”, explica.
Regulamentação
No Brasil, a obrigatoriedade de detectores de fumaça não é definida por uma lei federal. Assim, há regulamentações estaduais e normas técnicas que estabelecem alguns parâmetros, mas que não incluem, contudo, as residências.
O capitão do 6º Batalhão de Bombeiro Militar (6° BBM), Juvenal Schneider, explica que algumas edificações são obrigadas a utilizarem detectores de fumaça – como áreas superiores a 750 metros quadrados, que funcionam como depósito, ou que possuem mais de 12 metros de altura. “Mas toda a parte de tecnologia, se funciona ou não, não é analisada pelos bombeiros. O bombeiro analisa a existência”, adverte.
O aplicativo
O usuário irá baixar o aplicativo gratuitamente no celular quando estiver disponível. Após acessá-lo, basta colocar a câmera virada para cima ou direcionada a algum lugar específico. É importante não deixar próximo a lugares com vapor, como banheiros. Por enquanto, a tecnologia não consegue distinguir fumaça de vapor, algo que está sendo trabalhado. Conforme os desenvolvedores, ainda não há data para o lançamento.














