Zapeando os canais dia desses ouvi frases pitorescas de apresentadores de TV, que na verdade “arrepiam” os professores de português que ainda, apesar dos pesares, insistem em incutir na mente dos pupilos quão importante é falar o bom português e , de preferência , na linguagem culta. Inúmeras são as gafes, principalmente em se tratando do uso do verbo no imperativo e no gerúndio. Ora, acaso esse povo não estudou?
Se fosse eu a dona da emissora faria um teste do tipo “vestibular antigo” para contratar os apresentadores (digo antigo porque agora vale uma única redação, meio coerente e meio coesa, pois o que chama o vestibulando é o dinheiro que sustentará a instituição), na minha época deveríamos mostrar os diversos conhecimentos para a área escolhida e não era tolerante o uso de gírias ou estrangeirismos na redação.
Muitos leitores dirão que pertenço à era da pedra lascada, mas tenho como testemunhas meus professores da universidade que continuam lá, firmes e fortes, tentando ainda com todo fervor mostrar que o que mais vale são os valores ( morais, cívicos e inerentes à língua materna). Quando os alunos escrevem vc ao invés de você, blz, ao invés de beleza devo aceitar como a modernidade inserida ao nosso meio ou devo repreendê-los?
Pois: muitos adeptos da tecnologia e da rapidez em que a mídia e redes sociais nos permeiam dirão que sim, alguns defensores da língua portuguesa e da esperança de tornar nosso país ainda um dia reconhecido como de primeiro mundo dirão que não…Tema de um programa conhecido na TV: falamos brasileiro ou português?
Vale a pena conferir,uma vez que estamos todos habituados a ouvir “cimintério, vamo, cheguemo, imbigo, …” que se torna lugar comum e acaba por nem doer aos nossos ouvidos tais barbaridades. Como pertenço “às antigas”, me preocupa o fato de nativos cometerem tantos erros grotescos na linguagem e me pergunto o que devo ensinar, o que devo tolerar, o que devo exigir. Como a maioria das pessoas tem a TV como parâmetro já não sei o que pensar e tampouco o que cobrar dos pupilos.
Assim acontece com as músicas: metade palavras que insinuam frases inteiras, palavras dúbias, gestos obscenos nos clipes e por aí vai! Que saudade sinto da época em que eu mesma corrigia um linguajar que considerava errado por parte de meus tutores, (os quais foram criados no campo) e por ser eu ignorante, acaba por brigar pelo termo “ campear “, quando algo havia se perdido… Agora se repetem chavões mal interpretados, palavrões, gírias, estrangeirismos, palavras reduzidas, siglas mal criadas e não tenho muitas opções.
Gostaria de ter resposta de algum estudioso mais “ por dentro” , pois não consigo ainda, por vários motivos, seguir e entender a modernidade e isso deve perturbar milhares de pessoas além de mim. O que me mantém em pé é que aprendi com o tempo que devemos cultivar várias coisas ao longo do tempo, e uma delas é a nossa língua, que agora pode estar por um fio de se perder em meio a tantas outras. Não gostaria de ver enterrada, sepultada e a última flor do Lácio .Flor do Lácio é uma expressão usada para designar a Língua Portuguesa.
No soneto “Língua Portuguesa”, o poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918) escreve no primeiro verso “Última flor do Lácio, inculta e bela”, se referindo ao idioma Português como a última língua derivada do Latim Vulgar falado no Lácio, uma região italiana. Lamento termos tantos e tão diversos MCM que incentivam as crianças a falarem errado e considerarem normal a linguagem, mesmo sem saberem o que estão falando!
Certa de que terei alguma resposta…
* Professora das redes municipal e estadual de ensino. E-mail: [email protected]














