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Ana Nery: a orquestra pela vida

Neste agosto de 2013, em que educação e saúde no Brasil vem provocando sérios debates e têm destaque nas editorias de jornais, semana passada nossa existência rodopiou em torno de médicos, medicamentos e idas e vindas ao sanatório.
Contemplei de perto o que a gente sabe, assiste nos “TV shows”  e adivinha: o serviço humano em torno da sobrevivência alheia. O movimento é contínuo. Não cessa. A orquestra frenética. Tempo e compasso na batuta da administração nota 10. Uma quantidade imensa de profissionais nos corredores do Ana Nery, em Santa Cruz do Sul.  Técnicos e enfermeiros por todos os lados. Gente nas salas de espera. Carrinhos transportados por Nedy e colegas; a alimentação de Paula, a nutricionista de primeira. A simpática segurança show de bola nos lugares estratégicos; pessoas que pedem informações a Ronete e Gislaine e recebem um sorriso de empatia. Técnicos que atendem aos contínuos chamados: Rosângela e a jovem Rociele;  Luciana- que parece uma atleta premiada- os incansáveis Davi, Fábiana,  Maiana, Julimara, Patrícia; o cheiro de limpeza por todos os lados… Uma menção especial a Líria Marisa- belo cartão de visitas da Casa- e seu colega Diego: a boa-vontade solidária. Também agradeço aos enfermeiros Fátima e Rodrigo.  E a tantos e tantas, cujos nomes não sei.
A observação de detalhes depura-se com o passar das estações. Parece vinho bom em um barril de carvalho. Nas experiências vividas no Ana Nery, os sentimentos irrequietos brincaram de roda. Na gangorra, reconstruíram imagens. Eu, que vivi décadas em Salvador- onde plantei eternos amigos- penso na trajetória da baiana Ana Nery (1814-1880) que, aos 51 anos, aqui, no Rio Grande do Sul- a caminho do Paraguai (durante a guerra com o Brasil)- aprendeu enfermagem com as Irmãs Vicentinas, tornando-se a primeira mulher profissional desta área. Vinte de maio- data de seu falecimento- tornou-se o dia da enfermagem, no país. 
Desconhecia o musical “Pela Vida”, na defesa contra o câncer- uma iniciativa do Ana Nery- no Teatro Mauá (lotado), último 13 de agosto….Parabéns aos organizadores. Li o sucesso nos jornais. Por falar em música, os médicos que atenderam a Madre Paula- Rogério Hoppe, Fábio Tornquist e Vânius Gaudenzi- atuaram em perfeita sintonia e no mesmo ritmo. Associando ideias, pensei nos Três Tenores que marcaram época… E também na velha Escola de Medicina, possível, sim, neste país cambiante. O Ana Nery é um exemplo disso, minha gente; orquestra premiada. Vinte e quatro horas no ar. Pela vida.

* Monja do Mosteiro da Santíssima Trindade ([email protected]); escritora.