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Apesar da chuva, estiagem preocupa

Régis Hermes, agricultor que cultiva arroz, disse que plantação já sente os impactos da seca

Ricardo Gais
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Água para abastecer lavoura já não é mais suficiente. – Fotos: Rolf Steinhaus

Conforme já esperado, a estiagem começa a fazer efeito em Santa Cruz do Sul. A queda da produção na agricultura e o desabastecimento de água para algumas famílias é realidade no interior do Município. A pouca chuva registrada nos últimos dias foi um alento aos agricultores, mas o efeito da seca começou a causar transtornos nas plantações.

De acordo com Vilson Pitton, técnico em agropecuária da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), a tendência é para o agravamento prejudicial à agricultura, arroios e vertentes, que devido ao baixo volume de chuva, começam a secar. “Já há pequenas perdas no cultivo de milho que podem se agravar no final de janeiro e início de fevereiro, se não chover em grande quantidade”, alerta. Pitton salienta que agricultores estão com receio de iniciar uma nova plantação ou reduziram a quantidade a ser plantada.

Além do milho, o plantio da soja e arroz também começa a ser prejudicado. “A soja está com um desenvolvimento aquém do normal e perdas no desenvolvimento da planta são percebidos, bem como no cultivo do arroz, que devido à falta de chuva pode vir a ser prejudicado”, explica o técnico da Emater, salientando que apesar da seca, ainda não há perdas constatadas nesta produção. Outro produto afetado é o tabaco, que teve sua qualidade prejudicada, disse.

LINHA PINHEIRAL

Na propriedade de Régis Hermes, falta água para o desenvolvimento da plantação de arroz

Na propriedade de Régis Henrique Hermes, em Linha Pinheiral, os 37 hectares que recebem o plantio de arroz já sentem a falta de chuva. Conforme o produtor, a situação é preocupante, pois a cultura demanda muita água para o fechamento completo do ciclo do produto. “A gente pega água em dois mananciais aqui na região: o rio Taquari Mirim e Arroio Schimidt, porém já faz tempo que eles não têm disponibilidade de água, pois outros produtores que plantam arroz também fazem o uso desses rios”, disse Régis.

A chuva registrada no último domingo, 24, não foi o suficiente para trazer um alento aos produtores. Régis comenta que os 35 milímetros registrados na propriedade irão ajudar um pouco, mas para encher as lavouras que estão secas é inviável. “Se a previsão se confirmar e chover bastante durante esta semana vai dar para recuperar ainda o potencial produtivo da cultura”, destacou.

Para evitar demais perdas e como forma de prevenção, a Emater orienta aos produtores que façam o preparo do solo com palhadas para mantê-lo úmido, além de realizar o manejo da terra, pois assim a própria planta consegue procurar pela umidade e minimizar a falta de chuva.

Pitton disse que um relatório sobre a estiagem já foi encaminhado à Prefeitura, mas informa que as perdas no Município ainda não são grandes. “Uma melhor avaliação teremos no final do mês”.

O QUE DIZ A SEMASS

O secretário de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade (Semass), Jaques Eisenberger, informou que dois caminhões pipas estão sendo usados para abastecimento de água no interior, em locais onde não há rede hídrica ou a rede está em manutenção. “A água é solicitada na Semass através de pedido específico, sendo que os mesmos são atendidos em um prazo de até 48 horas”.

As redes hídricas atendem 2.517 famílias do interior. Outras famílias possuem fonte própria de abastecimento ou são atendidas pelo caminhão pipa.

Para minimizar a falta de chuva, o secretário destaca que novas fontes de abastecimento estão sendo buscadas como perfuração de novos poços, melhorias em redes hídricas e aumento do efetivo que atua nos caminhões para abastecimento da população. Sobre decretar situação de emergência, Jaques disse que os dados estão sendo analisados. “O decreto vai depender dos dados levantados”.