Início Geral Avaliação: Santa Cruz entre as menos violentas

Avaliação: Santa Cruz entre as menos violentas

Guilherme Athayde
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Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, divulgou nesta semana um ranking de cidades brasileiras mais violentas. O estudo leva em consideração os dados oficiais até o ano de 2015 e engloba dados sobre o país, Estados e municípios.

O chamado Atlas da Violência mostra que o Brasil registrou em 2015, 59.080 homicídios. Foram 10.944 mortes em relação ao ano de 2005, aumento de 10,6%.

Os Estados que mais registraram aumento neste período de dez anos foram os das regiões Norte e Nordeste. O Rio Grande do Norte foi o líder no aumento da taxa de homicídios, com 232% no crescimento de assassinatos. Já o Rio Grande do Sul ficou na 14ª posição entre os 26 Estados mais o Distrito Federal, que aumentaram seus índices de homicídios entre 2005 e 2015. Os campeões no decréscimo da violência foram Rio de Janeiro e São Paulo, com índices de -36,4% e -44,3% respectivamente.

A pesquisa do Ipea listou o número de mortes violentas das 304 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes. São consideradas mortes violentas as causadas por homicídios, latrocínios, acidentes de trânsito, suicídios, e mortes violentas por causa indeterminada.

Na lista, Santa Cruz aparece na 77ª posição entre as cidades com menos mortes, com uma taxa de 18,2 mortes violentas a cada 100 mil habitantes. É o segundo melhor resultado entre os municípios gaúchos, atrás apenas da cidade de Bagé, que aparece na 17ª posição.

Para o Comandante Regional da Brigada Militar, Tenente Coronel Valmir José dos Reis, a notícia não é novidade.

“É uma coisa a ser comemorada, não só pelo Comando Regional, mas pelas demais polícias, pelo Ministério Público, pela justiça. É sinal que os esforços que aqui são feitos, em que pese as dificuldades que temos”. O coronel Reis admite que, como qualquer cidade, Santa Cruz tem suas dificuldades com a criminalidade, e é uma utopia acreditar que algum dia os índices de violência serão zerados.

Comandante Regional da BM, Valmir José dos Reis diz que, apesar das dificuldades, os bons resultados devem ser ressaltados

Uma das principais armas no combate à violência por parte da Brigada Militar tem sido o planejamento. Em uma época de recessão econômica, onde as desigualdades sociais são bastante visíveis em praticamente todas as regiões do país, o Vale do Rio Pardo consegue manter sob controle seus índices de violência. 

Para o coronel Reis, um dos fatores que levam Santa Cruz a alcançar uma boa colocação é o envolvimento da comunidade, através do apoio de entidades através de recursos para a aquisição de equipamentos e viaturas. 

Programa Avante mostra resultados

Na parte policial, um bom exemplo dos resultados positivos se dá através da análise da taxa de roubos a estabelecimentos comerciais, financeiros ou de ensino em Santa Cruz do Sul. O Sistema Avante, da Brigada Militar, avalia os dados da violência, e estipula metas para que os índices da criminalidade não sejam superiores aos do mesmo mês do ano anterior. Nos últimos 17 meses, índice de roubo a estabelecimentos comerciais, onde muitas vezes os criminosos se utilizam de arma de fogo e ameaça para realizar o crime, apresentou aumento em apenas um mês. Excluindo-se março de 2016, no período entre janeiro do ano passado e maio de 2017, foram 16 meses onde o crime retrocedeu.

“Nós avaliamos os resultados e os números. E as medidas são em cima dos avaliadores que se destacam. Quantificamos os homicídios, os assaltos, roubos, furtos, abigeatos, assalto a transporte coletivo, enfim, acompanhamos diariamente os indicadores, e quando eles se salientam nós utilizamos o aparato, seja tecnológico ou humano, para combater aquele indicador”, ressalta o Comandante Regional da BM.  

Sobre o número de homicídios, o coronel ressalta que os números também são baixos em relação às demais regiões do Estado. Neste ano, a taxa já apresenta um aumento em relação ao ano passado. Foram 12 casos em 2016, contra 15 já registrados em 2017. Apesar disso, os números mostram que os homicídios registraram queda de 24,2% entre 2014 e 2015, e queda de 54,5% entre 2015 e 2016.

“Num momento do país em que a criminalidade em alguns municípios como o de Santa Cruz do Sul registram 40, 50, até 70 homicídios a cada 100 mil habitantes”, ressalta o oficial da Brigada Militar, destacando também que algumas situações não podem ser controladas pelos aparelhos de segurança. 

“Por exemplo, os cinco homicídios ocorridos numa festa no interior de Candelária. Na localidade de Arroio Lindo, onde as pessoas, há 30 quilômetros da sede da cidade se mataram. No mesmo final de semana foram dois em Sobradinho, no mesmo tipo de delito. Ou quando o esposo mata a mulher, já tivemos casos em Santa Cruz este ano”. 

O crescente número de prisões também serve de parâmetro. Em 2015 havia cerca de 31 mil presos no Estado, contra 36 mil presos atualmente.

“É despropositado e até tolo acharmos que vamos zerar os números da criminalidade. Em lugar nenhum no mundo, com as mais duras penas, com os maiores investimentos, isso se conseguiu. Mas precisamos valorizar os dados factuais quando dizem alguma coisa positiva acerca da nossa região e de Santa Cruz do Sul”, destaca, completando: “Estamos em um momento em que farra é publicar coisa negativa. Mas as verdades têm que ser ditas. Ampliamos em cinco vezes a quantidade de recursos este mês. Dobramos, quase triplicamos a quantidade de viaturas em trabalho”. 

Para manter sob controle os índices da criminalidade, o Comandante Regional da BM ressalta também os projetos realizados pela BM, como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, o Proerd, as PCI’s, patrulhas comunitárias do interior, onde 19 viaturas realizam a segurança de comunidades mais afastadas dos centros urbanos, além do programa de videomonitoramento regional que está em fase de elaboração, que prevê a instalação de câmeras de segurança em vários municípios do Vale do Rio Pardo, com monitoramento na sede do Comando Regional em Santa Cruz.

Até o final do ano, a Brigada Militar gaúcha irá receber mais de mil novos policiais, e o Vale do Rio Pardo será contemplado. A quantidade de soldados que virá para Santa Cruz ainda não foi definida. Somente em maio, a região recebeu quase R$ 500 mil para o pagamento de horas-extras dos policiais militares, um acréscimo de quase cinco vezes o recurso original.