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BM apresenta os índices do ano

Luana Ciecelski

Coronel Reis: “Índices podem ser considerados muito bons”

Luana Ciecelski
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O Comando Regional de Policiamento Ostensivo do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP) apresentou na tarde desta terça-feira, 30 de dezembro, o relatório dos índices de criminalidade do ano de 2014. A reunião que reuniu oficiais dos 30 municípios que fazem parte do CRPO, aconteceu no Hotel Águas Claras. Foram apresentados os dados de cada um dos meses e também os dados somados de todo o ano. A partir disso foi avaliada a situação do policiamento na região, as melhoras e pioras do ano e estabelecer as metas e objetivos para o ano de 2015.
O 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que engloba 22 municípios da região, inclusive Santa Cruz do Sul, atendeu a 49.434 mil ocorrências em 2014. Em um comparativo com 2013, alguns índices sofreram queda e outros tiveram um ligeiro aumento. O número de registro de furtos simples, por exemplo, teve queda de 25,71%, já que em 2014 foram registrados 530 ocorrências e em 2013, 640 ocorrências.
Já o número de furtos qualificados foi um dos índices que aumentou no município. Em 2013 foram 982 registros, em 2014 foram 1185. O mesmo aconteceu com o índice de roubos, que passou de 379 para 416 registros, e com o número de homicídio que de 52, subiu para 57 registros, representando um aumento de 14%.
No caso de furto de veículos a Brigada Militar explica que houve uma situação diferenciada. O número de ocorrências de furtos subiu de 366 em 2013, para 475 em 2014, no entanto, os índices de recuperação de bens furtados ou roubados, subiu 40% com relação ao ano anterior, o que significa, segundo o Comandante do 23º BPM, Major Ailton Azevedo, que furtou-se mais, mas também recuperou-se muito mais os carros e motos que foram furtados.
O aumento no índice de homicídio também foi explicado. De acordo com o comandante regional, Tenente Coronel Valmir José dos Reis, com base nos dados reunidos de anos anteriores, é possível verificar que o índice vem se mantendo em uma média considerada razoável. Em 2009, foram registrados 50 homicídios em Santa Cruz; em 2014, 5 anos depois, foram apenas 7 registros a mais. “Devemos levar em consideração que nesse período houve verdadeiras guerras entre quadrilhas, e que eles muitas vezes se matam entre si. Pensando dessa forma, e comparando com outros municípios brasileiros, percebemos que esse índice ainda pode ser considerado muito bom”, explicou.

Índices Regionais

Chamando a atenção dos oficiais comandantes dos batalhões e dos núcleos de polícia de cada cidade, para a importância do trabalho de prevenção da criminalidade, com ações como Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), Pelotão Mirim, Patrulhas Comunitárias, Operação Combo, entre outros exemplos, o Comandante Regional também apresentou os índices gerais de todos os municípios do CRPO.
As 30 cidades pelas quais o CRPO é responsável, totalizaram em 2014, pouco mais de 66 mil ocorrências. Avaliando todos os batalhões, foi constatado que o índice de furtos simples sofreu uma queda de 19% com relação a 2013. Reis avaliou o índice como muito bom, pois de 945 ocorrências registradas em 2013, foram apenas 777 registros nesse ano.
Já o furto qualificado, quando há arrombamento ou rompimento de obstáculo para que o furto seja efetivado, sofreu um aumento de 15%, passando de 1388 ocorrências registradas em 2013, para 1592 em 2014. O mesmo aconteceu com o roubo, onde geralmente são utilizadas armas de fogo, que sofreu um aumento de 12%, passando de 495 para 554 registros. Reis classificou esse aumento como regular, explicando que a soma dividida entre os 30 municípios resulta em um aumento de 1,5 roubos por cidade, mas que esse deve ser um quesito mais acompanhado em 2015.
Na região, assim como em Santa Cruz do Sul o número de homicídios também sofreu com um aumento de 13% dos índices, passando de 64 para 74 mortes. Para Reis, esse dado ainda não representa motivo de grande preocupação, pois assim como no município, não houve uma explosão do índice, e esse se mantém dentro do que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera como bom, que é 12 mortes por 100 mil habitantes. “A região está com uma média de 14,8 mortes por 100 mil habitantes. Isso é apenas um pouquinho mais do que a ONU nos dá como bom. Existem países que estão bem abaixo dessa média, é claro, mas também existem cidades brasileiras onde essa média chega a 40 mortes a cada 100 mil habitantes”, comentou Reis.
Além disso, durante a tarde também foi feita uma avaliação semestral dos índices de criminalidade, com o intuito de realizar uma comparação entre o número de registros antes do Plano de Segurança Regional, e após a implantação deste. Os resultados, segundo Reis, ainda são pequenos, mas já mostram à policia um resultado bom que poderá ser melhorado.
No primeiro semestre de 2014, quando ainda não havia o plano regional, foram registradas 2951 prisões em flagrante, na segunda metade, já com o plano de segurança, foram 2786. No quesito roubo também houve uma diferença. Enquanto no primeiro semestre foram 296 registros, no segundo semestre foram 258. No quesito furto simples, primeiro foram registrados 367 ocorrências e depois foram 349, e no quesito furto qualificado o comando regional teve uma feliz surpresa, pois no segundo semestre foram 277 ocorrências a menos, passando de 948 registros para 671.
Apenas o quesito homicídio decepcionou, pois no primeiro semestre foram registradas 30 ocorrências, e no segundo semestre, 44. Reis chamou a atenção e afirmou que cada batalhão deverá trabalhar esse índice com mais afinco durante 2015.

Resultados satisfatórios

De acordo com os dados apresentados, a conclusão do Comandante Regional é de que os resultados são “absolutamente satisfatórios”, principalmente levando em conta as dificuldades que os batalhões de policia militar enfrentam diariamente em todo o país, entre elas, a falta de efetivo, como acontece também na região. Ele destacou que não houve aumentos bruscos e drásticos em nenhum dos índices de criminalidade.
Pensandonisso, Reis já adiantou que uma das medidas básicas de 2015, será trabalhar para o aumento do efetivo e cobrar mais horas extras para compensar a falta de policiais. Outras metas são manter o Plano de Segurança implantado na metade do ano, continuar trabalhando com a Operação Combo nas comunidades mais necessitadas, manter o trabalho nos Núcleos de Policia Comunitária (Bom Jesus, Progresso e Santa Vitória), e trabalhar com as crianças do Pelotão Mirim, que estão crescendo, incluindo-as em um novo projeto que atenderá também a jovens.

Índice triste para os policiais

Durante a conversa do comandante regional com os oficiais da região, um dos assuntos mais discutidos foi o grande número de policiais mortos em 2014. No Rio Grande do Sul, foram 12 PMs vítimas da criminalidade e em todo o Brasil, chegou-se a mais de 490 policiais mortos. De acordo com o Coronel Reis, um dos motivos para esse índice ser tão alto, é a falta de impunidade para os bandidos que comentem crimes contra policiais, e essa realidade deve ser mudada. “O que vai ser da sociedade se nem a polícia respeitam mais?”, questionou Reis.