O técnico em segurança do trabalho deve atuar desde o início do projeto, principalmente no momento do planejamento e programação da obra. Antes mesmo que ela comece e que o risco se instale, trazendo a visão prevencionista e não fiscalizatória. Ele deve participar não somente para cobrar, mas para auxiliar a produção e não porque há situações de risco.
O Sinditest tem alertado a categoria de que é preciso participar da gestão da obra, no projeto. Estatisticamente, o custo da prevenção é seis vezes mais barato do que os ajustes posteriores. Quando o planejamento é bem feito, não é preciso paralisar as atividades da obra. A segurança no trabalho deve fazer parte do processo e estar inserida como o ferro, o cimento, os equipamentos e a mão-de-obra. A segurança não é um elemento à parte, pois integra o contexto.
O acidente incapacitante modifica brutalmente a história de vida das pessoas. Sua ocorrência causa ruptura na trajetória dos sujeitos e deixa sequelas físicas e psíquicas que serão carregadas pelo resto da vida. Além disso, ele atinge as famílias e provoca desamparo financeiro.
As relações sociais mantidas no trabalho e fora dele, os sentimentos diante da profissão e a situação familiar, entre outros aspectos, interferem na produção do acidente tanto quanto as outras questões relativas ao ambiente de trabalho. E a entrevista com o trabalhador é instrumento primordial para termos acesso a estes dados.
O acidente dá início à outra fase na vida, envolvendo o tratamento e a busca pelos direitos, revelando o desamparo social comum à categoria a qual pertence. O acidente atinge outra dimensão na vida do trabalhador, para quem a maioria dos prazeres e diversão tem como fundamento básico um corpo saudável e que foi profundamente atingido, abalando intensamente a autoestima. Os parentes acompanham e sofrem as consequências de perto.

Hardi Assmann – Presidente do Sindicato da Construção e do Mobiliário














