Vivemos em uma cidade privilegiada, onde a grande força esteve sempre no sentimento de comunidade e de ajuda mútua. Temos exemplos disso em todos os recantos do desenvolvimento, alcançado por quem aqui dedicou seu trabalho, sua experiência, sua capacidade intelectual e/ou econômica e suas crenças em favor da comunidade.
A Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc) é um desses exemplos marcantes. Lideranças políticas de todas as matizes, durante os últimos 50 anos, forjaram aquela que é, sem dúvida, uma entidade que muito nos orgulha, a Apesc, mantenedora da Unisc, do Hospital Santa Cruz, do Cepru e da Escola Educar-se. Essa história de 50 anos só foi construída porque as crises, naturais de cada caminhada, foram superadas pelo apoio da comunidade e também dos políticos e de suas agremiações partidárias. Ao longo dessa jornada, muitos, mas muitos foram aqueles que dedicaram seu esforço para que pudéssemos estar hoje neste patamar.
A atual crise de financiamento que envolve a saúde pública de Santa Cruz Sul é um típico episódio que pode se transformar em ameaça ou numa excelente oportunidade para o crescimento do espírito comunitário. Depende de todos nós, lideranças que atuamos neste segmento, dar a esse episódio um desfecho favorável à comunidade. Não há dúvida de que o município de Santa Cruz do Sul investe muito na saúde, mas também é verdade que o HSC, que presta serviços de reconhecida qualidade, não pode assumir responsabilidades que competem ao ente público, gerando insuportável déficit orçamentário. Com a aquisição do hospital, a Apesc assumiu uma parcela importante do atendimento em saúde para o município e para a região. Nesses 11 anos, houve muitas melhorias nesta casa de saúde e a comunidade é sabedora de que o déficit financeiro ainda não pôde ser zerado. Aumentar este déficit não é viável. Ora, se ambos têm razão, a ameaça reside na tentativa de transferir de um para o outro a totalidade desta responsabilidade. A crise também gera oportunidades. Se a estrutura do atendimento está provocando esse dilema, que se mude a estrutura. Somos e seremos parceiros do município para que realizemos um debate sobre isso. A solução, ainda que grave o problema, depende da manutenção da confiança e do diálogo.
Da nossa parte, não esperem movimentos pirotécnicos e de impacto para tentar ganhar a opinião pública, confundi-la e prejudicar os que realmente necessitam do atendimento SUS. Não esperem que entremos em discussões que não sejam do campo e do interesse da saúde. O HSC cuida da saúde de nossa comunidade e precisa que sua própria saúde seja cuidada por esta mesma comunidade.
Repito o que disse na posse como Presidente da Apesc a todos os associados das mais de 70 entidades que a compõem: a Apesc é uma soma de pluralidades que formam um todo. Nesta hora, não desviaremos nossos olhares nem para a direita nem para a esquerda. Continuaremos com o olhar fixo para o futuro e na defesa de um bem maior e coletivo, que temos a obrigação de deixar para as futuras gerações.
*Presidente da Apesc
