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Democracia em vertigem: o exercício da compreensão

A entrega do Oscar será realizada no dia 9 de fevereiro, e o filme brasileiro ‘Democracia em vertigem’ está indicado ao prêmio de Melhor Documentário. Conquistando ou não a estatueta em Los Angeles, a indicação já é uma vitória para o cinema nacional. Quanto ao filme, dirigido por Petra Costa, ele assume uma posição bem definida, é uma obra claramente de esquerda, que apresenta uma série de acontecimentos sob a perspectiva da diretora. Existe no documentário uma mescla de objetivo e subjetivo: há uma narração de acontecimentos, composta também por posições pessoais e até mesmo por aspectos autobiográficos da diretora.
Embora se perceba o amor à esquerda por parte da diretora, ela tenta, em paralelo, dar voz aos diferentes personagens. Por exemplo, manifestantes de esquerda e direita são ouvidos, políticos de variadas vertentes também expressam suas opiniões. A preferência de Petra Costa é muito evidente, mas ela não esquece de apontar as falhas dos governos de esquerda que lideraram o Brasil em sua recente história. O filme, em síntese, é um resgate histórico que parte dos tempos pré-Ditadura Militar e se estende até a eleição de 2018, focando, em grande parte, no processo sociopolítico que levou ao impeachment de 2016.
Está de parabéns o cinema nacional por colocar um filme na premiação do Oscar, mas, para assistir o documentário, é preciso compreender as posições políticas da diretora. Não é preciso concordar com ela, isto é opção de cada pessoa. Você pode até discordar em alguns aspectos, mas pode compreender a visão que está presente no filme e, eventualmente, o documentário pode fazer você se questionar. A arte possui essa função.