Início Geral Dia do Arroz propõe casamento com a soja na Expoagro Afubra

Dia do Arroz propõe casamento com a soja na Expoagro Afubra

 

Arroz com soja é a receita que o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) apresenta em destaque na Expoagro Afubra 2016 nesta terça-feira (22/3), a partir das 8h, no Parque de Exposições localizado em Rincão del Rey, quilômetro 161 da BR 471, em Rio Pardo. Ao contrário do que possa parecer, o instituto de pesquisas não pretende subverter a tradição do arroz com feijão, prato preferencial dos brasileiros, nem vai servir o prato pra degustação. Trata-se de um “casamento” agronômico, a partir da difusão de técnicas necessárias para que a dupla soja-arroz ganhe espaço nas lavouras gaúchas.

O engenheiro agrônomo Pedro Hamann, coordenador do instituto na Depressão Central, destaca que a rotação entre uma gramínea e uma leguminosa é recomendável do ponto vista do aproveitamento dos nutrientes, recuperação das áreas, eliminação de pragas, doenças e invasoras, e até economicamente. “Trata-se de um produto de alta liquidez”, lembra. E cada cultura demanda diferentes tipos de nutrientes. A soja, por exemplo, fixa nitrogênio no solo, o que é muito importante para a produtividade do arroz.

O Rio Grande do Sul colhe, em média, 35 sacas de 60 quilos de soja por safra no ambiente de várzea. O ideal seriam pelo menos 40 sacas. Mas, é preciso adotar alguns cuidados como um bom sistema de drenagem e irrigação, cultivar terrenos compatíveis e ter equipamentos adaptados à cultura, como a máquina que faz microcamalhões, patenteada como camalhoeira. “É o que estamos difundindo”, destaca.

Recomenda-se a semeadura da oleaginosa por dois anos, para limpar o banco de sementes das invasoras. Depois se deve retomar o plantio de arroz. Fazer rotação de sistemas de cultivo e métodos de controle também é importante para eliminar plantas infestantes como o arroz vermelho. Os experimentos do Irga indicam que a lavoura arrozeira, obedecendo a este sistema, pode elevar a produtividade em até 100%, dependendo do grau de infestação.

Essas orientações integram o Programa Soja 6000, que visa difundir técnicas capazes de elevar a produtividade média da soja de 35 para até 100 sacas por hectare. “É um desafio que propõe um avanço gradativo, dependente de vários fatores, mas envolvendo a época de semeadura, drenagem, irrigação, plantabilidade, controles de pragas, preparo do solo, entre outros. É possível evoluir tanto na soja quanto no arroz. Já existem produtores alcançando essas metas”, revela Rodrigo Schoenfeld, gerente de Pesquisas, do Irga.

O Rio Grande do Sul semeou na atual temporada 272 mil hectares de soja em terras baixas, 10 mil a menos do que no ano passado, mas como a área arrozeira se mantém estável, percebe-se que a cultura alternativa avança nas áreas de pousio, geralmente destinadas à pastagem. Com arroz o Estado cultiva um milhão de hectares. O chefe do Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Irga em Rio Pardo, Ricardo Tatsch, destaca que duas mil pessoas são esperadas para acompanhar a área onde foi implantada a vitrina tecnológica, com áreas demonstrativas do manejo do Projeto 10, para altas produtividades, que elevou a média das lavouras gaúchas de 5,3 mil quilos por hectare para 7,5 mil quilos em uma década, o lançamento de variedades novas, como a Irga 424RI, resistente à brusone, doença fúngica importante na cultura, a Irga 429 e outras cinco cultivares.

A lavoura gaúcha garante 70% da produção nacional de arroz, e na Depressão Central é considerada a atividade mais rentável para as áreas de pequeno e médio porte em baixios. A adoção da cultura da soja não é recomendada para todas as áreas, mas trata-se de uma alternativa para mudança de sistemas de cultivo que apresentam problemas com infestações, saturação do solo, entre outros. Ainda no espaço do Irga, haverá uma apresentação especial com informações sobre adequação ambiental na propriedade, como descarte de embalagens, licenciamento ambiental, outorga, cadastro e selo ambiental. A meta é trazer esclarecimentos aos agropecuaristas para temas que são relevantes e estão em pauta rural.

JAPONÊS

Dentro do roteiro pelas lavouras dinâmicas, o Dia do Arroz oferecerá também a apresentação da variedade BRS 358, da Embrapa. A cultivar destina-se ao cultivo irrigado, mas é dedicada à culinária japonesa (grão curto). Ela resulta de cinco anos de pesquisas da empresa de pesquisas e é indicada para cultivo em todas as regiões gaúchas, catarinenses, paulistas, goianas e de Roraima. Os representantes da Embrapa consideram que um produto alternativo, que pode ser usado na culinária oriental, pode se tornar uma boa opção de renda aos pequenos produtores da Depressão Central, onde concentram-se 37% dos arrozeiros gaúchos.

Também no roteiro, os interessados poderão visitar o estande da empresa AgroNorte Sementes e Pesquisa, do Mato Grosso, que apresenta variedades de arroz de terras altas (sequeiro) e irrigação, adaptadas ao Rio Grande do Sul. A empresa revolucionou a cultura em terras altas ao lançar a variedade AN Cambará, garantindo para as variedades de sequeiro qualidade muito similar ao agulhinha gaúcho, alcançando – sob as corretas condições de manejo – produtividades acima de seis mil quilos por hectare – o dobro da média naquele Estado – e rendimento de grãos acima de 60% de inteiros. Na Expoagro estão sendo lançadas as novas gerações de variedades, todas elas baseadas nas características comerciais e agronômicas do Cambará, com variações em termos de ciclo, tipo de grão e resistência a doenças. Uma das variedades é de ciclo curto, ou seja, para uso em safrinha no Cerrado, após a colheita da soja.

DEGUSTAÇÃO

A parte mais deliciosa do Dia do Arroz será promovida pelo Irga. Haverá degustação de pratos a base do cereal e de sua farinha, no estande, junto às lavouras demonstrativas. No espaço acontecerão orientações sobre preparo e propriedades nutricionais aos visitantes, sob coordenação da nutricionista Cleo Amaral. Ela também falará sobre o uso da farinha de arroz como alternativa para casos de intolerância a glúten, cada vez mais comum entre a população. “O arroz, além de gerar renda aos pequenos produtores, faz bem à saúde”, afirma Cleo.

 

Assessoria de Comunicação Expoagro Afubra