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Distanciamento afetivo

Com o capitalismo cada vez mais presente em nossas vidas o dinheiro, mais do que nunca, passa a ter prioridade sobre tudo e todos. Acordamos pensando no ter e não no ser.

As comparações são inevitáveis para traçarmos conceitos sobre o que estamos vivenciando hoje. Em tempos não muito remotos, parece que as coisas do dia a dia tinham outro sabor devido às suas conquistas. Sonhávamos em conquistar algo que hoje, parece até ridículo.

Construíamos nossos brinquedos, calçávamos bota de borracha e guarda-chuva em dias chuvosos para irmos à escola, escrevíamos bilhetes, cartas e nosso meio de comunicação mais eficaz era o diálogo, praticado cara a cara. Ficávamos mais tempo em nossa casa e ajudávamos de uma forma ou de outra na lida. Aos finais de semana o almoço em família era sagrado, onde a televisão era desligada. Bicicletas, rádios e roupas de grife eram para poucos; mas conversávamos mais entre nós. Claro que eram outros tempos, mas como disse, as comparações são importantes.

Hoje as crianças antes de nascer já são estimuladas com músicas e outras técnicas que, segundo especialistas, são importantes. A creche torna-se a família principal dos bebês pois passam maior parte convivendo com colegas e professores do que com os próprios pais.

Vejamos: a criança acorda e já é arrumada para a creche; lancha e almoça lá; sesteia, brinca, lancha de novo, continua suas atividades e à tardinha volta com os pais. À noite, convive um pouco com a família e vai dormir, afinal, teve um dia com várias atividades e amanhã é um novo dia e assim, sucessivamente. Os brinquedos das creches já são modernos e a família segue no mesmo ritmo: as crianças têm Tvs com tela plana no quarto e programas direcionados de acordo com a idade. Quando já estão crescidas, o celular ou assemelhados tomam conta do cotidiano. Não construímos mais nada, tudo já vem pronto, estamos perdendo nossa identidade e estamos perdendo também, nossa funcionalidade social. Não conversamos mais, não nos entendemos mais, pois não falamos mais a mesma linguagem. A disparidade social está aumentando cada vez mais e a tecnologia está distanciando as pessoas, para não dizer substituindo. Triste isso, e já nos dizia o mestre Mário Quintana: “Sou um menino que ficou velho, mas quero de volta meus brinquedos”.