Início Educação Educação bilíngue na infância | Inglês com sotaque é um problema?

Educação bilíngue na infância | Inglês com sotaque é um problema?

Aulas de imersão com facilitadores nativos em grupos de até 8 alunos no Instituto Schütz & Kanomata
Divulgação/RJ

Sotaque aqui não se refere a diferenças dialetais dentro de um mesmo idioma (ex: dialeto gaúcho, carioca, baiano). Sotaque, aqui, se refere à pronúncia imperfeita de um indivíduo, ao falar uma língua estrangeira, devido à transferência que ele faz de hábitos fonéticos da língua materna para a outra língua. É o que em inglês se diz foreign accent.

Em princípio, não há problema em falar uma segunda língua com sotaque da língua materna, desde que esse sotaque não comprometa o entendimento da mensagem. Sotaque normalmente ocorre quando o aprendizado se dá longe de ambientes autênticos da língua e da cultura estrangeira. Ocorre também quando o aprendizado se inicia tardiamente, já na idade adulta. E desvios de pronúncia normalmente vêm acompanhados de pobreza idiomática, vocabulário limitado, consciência cultural limitada, etc. É verdade que falar com sotaque é muito melhor do que não falar. Entretanto, assim como há pessoas que se contentam com o mediano suficiente, há pessoas que se esmeram por alcançar o melhor para desfrutar de um melhor entrosamento e mais fácil aceitação social no convívio com estrangeiros em outros países.

Na infância

Por outro lado, quando se trata de ensino/aprendizado de inglês na infância, a preocupação com sotaque e outros desvios é mais séria.

Em primeiro lugar, temos que considerar que só a criança, até a idade crítica de cerca de 12 anos, tem a capacidade de adquirir consciência fonêmica e assimilar facilmente e plenamente a matriz fonológica de uma segunda língua, ou seja, sem a interferência da língua materna.

Pesquisa conduzida por Burt, Dulay e Krashen em 1982, mostra que, em um ano de imersão em ambientes com falantes nativos:

Cerca de 100% de crianças na faixa de 1 a 6 anos de idade, adquiriram pronúncia equivalente a nativa.

Mais de 80% de crianças na faixa de 7 a 12 anos, adquiriram pronúncia equivalente a nativa.

Menos de 30% de adolescentes na faixa de 13 a 19 anos, adquiriram pronúncia equivalente a nativa.

O presente e o futuro

Em segundo lugar, considerando que o analfabetismo já foi comum e ainda aceitável até a primeira metade do século passado, que monolinguismo é aceitável ainda hoje mas sujeito a se tornar inaceitável em breve, pode-se inferir facilmente as exigências das próximas décadas. Se hoje, para nós, o importante é falar inglês, com ou sem sotaque, daqui a 2 décadas, quando nossos filhos estiverem no auge de suas vidas e carreiras profissionais, certamente os desafios serão maiores.

Portanto, seria um desperdício não permitir que a criança realize em tempo esse potencial de que dispõe e que depois da idade crítica estará comprometido. É também grande a responsabilidade ao se colocar crianças em clubes, cursinhos ou escolas que oferecem aulas de inglês com instrutores cujo modelo de performance não seja equivalente a um nativo.

Sotaque e outros desvios que normalmente caracterizam aquele que não é nativo serão transferidos à criança, causando a internalização dos mesmos e podendo se transformar em danos irreversíveis. Seria como colocar a gema bruta nas mãos de um lapidador aprendiz.

Fonte: English Made in Brazil – https://www.sk.com.br/sk-sotaque.html