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Família italiana investe no agroturismo

Viviane Scherer Fetzer
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Os italianos Massimo (de camiseta preta), Angelo (camisa azul), Daniela (camisa branca) e Francesco (camiseta branca com preto) receberam uma lembrança do curso de Turismo da Unisc

Uma forma de empreender e trabalhar junto. Foi isso que as famílias Paganin e Tremea pensaram ao montar a empresa Bon Tajer, em Lentiai, na província de Belluno, norte da Itália. O turismo no país tem crescido e por se localizar nas encostas suaves da cidade que é porta de entrada para as Dolomitas, cadeia montanhosa declarada Patrimônio Universal da Humanidade pela Unesco, viram a oportunidade de ter um restaurante e um hotel relacionados com a parte agrícola da propriedade. A cidade possui menos de 3 mil habitantes. E hoje conta com duas empresas de agroturismo. 

Em 1991, Angelo Paganin e a esposa Daniela Tremea, criaram a Bon Tajer, no dialeto de Belluno, significa “buon tagliere”, uma pequena tábua de madeira utilizada para cortar e servir diretamente os alimentos. O que a empresa faz é chamado de agroturismo, em que os turistas podem degustar os pratos do restaurante que são feitos com o que é produzido na propriedade e também ficarem hospedados para aproveitar a paisagem e conhecer o trabalho de toda a família. 

Essa forma de turismo tem se desenvolvido cada vez mais na Itália já que suas belas paisagens de planícies e montanhas permitem que a agricultura esteja aliada a uma forma de mostrar o lugar aos turistas. Naquela região são 20 tipos de turismo especializado e os que mais se destacam são o ecológico e o enogastronômico, principalmente pela grande procura dos jovens. Cada região desenvolve o turismo com as especialidades que tem a oferecer. Segundo Angelo Paganin o turismo chamado de slow (calmo, tranquilo, devagar) é o que mais tem chamado a atenção dos turistas e a Itália tem grande potencial para isso. “A importância desse tipo de turismo é a conservação da cultura, das tradições. Perder a cultura é perder a alma de um povo”, salienta Paganin.

Agroturismo na Itália

Algumas exigências devem ser cumpridas pelos proprietários de agroturismos na Itália. Uma delas é que os pratos típicos da região sejam servidos nos restaurantes. Outra é que só quem possui propriedade rural pode abrir um negócio desses, diferente do turismo rural, que foi abordado brevemente na palestra, em que qualquer pessoa pode fazer. Outra regra é de que 50% do que é produzido na fazenda precisa ir à mesa, 35% pode ser adquirido em produtos da região e 15% pode vir de mercado livre. 

O agroturismo já foi mais vantajoso, mas agora com as altas taxas deixou um pouco de ser. “O que deve ser levado em conta é a parte da alimentação, da cultura, do social, da natureza e da enogastronomia que ele envolve”, reforça Angelo. No agroturismo os proprietários devem se dedicar mais à parte agrícola e deixar a parte da hospedagem e até do restaurante em segundo plano. O empreendedor precisa trabalhar na terra.  

A Bon Tajer

A Bon Tajer foi fundada em 1991 pelo casal Angelo Paganin e Daniela Tremea. Depois passou a contar com os conhecimentos gastronômicos do irmão de Daniela, Massimo Tremea. Hoje tem também a colaboração do filho de Angelo e Daniela, Francesco, que faz um curso para se especializar na área gastronômica e hoteleira, que seria o equivalente a um curso técnico aqui no Brasil. A Bon Tajer é conhecida como empresa da tábua, devido à tradição de servir os alimentos em tábuas e também pela ideia inovadora de utilizar essas tábuas para decorar o restaurante. 

As tábuas são pintadas por artistas durante sua visita ou nos eventos que a empresa promove para com o lucro beneficiar uma entidade que necessite de ajuda. São noitadas temáticas em que um alimento é escolhido para ser o principal da noite, por exemplo, o milho, e todos os pratos dos grandes chef’s utilizam ele. Junto a essas noitadas os empreendedores convidam artistas para pintarem ou apresentarem as tábuas pintadas e promovem leilões beneficentes. Da mesma forma, utilizam a cobertura desses eventos feita pelos jornais para divulgar a Bom Tajer. 

A propriedade dos Paganin e Tremea e as terras vizinhas que eles alugam tem ao todo 18 hectares. A produção é diversificada e grande parte do que é consumido no restaurante é produzido nas próprias terras. O que não é utilizado no restaurante vai para outras empresas agrícolas que fabricam os subprodutos. A Bon Tajer não tem indústria dentro dela que faça esses subprodutos, então terceiriza a produção. 

O restaurante serve pratos da cozinha tradicional, mas com toques diferentes e atende clientes de um raio de 100km da pequena cidade de Lentiai, isso para a Europa significa que os clientes são da Suíça, Áustria e outros países. Aos finais de semana o restaurante tem maior movimento e atende com reservas a aproximadamente 70 pessoas. Uma parceria com um projeto com crianças faz com que todas as terças-feiras essas crianças ajudem em algum trabalho na propriedade pincipalmente colhendo flores e ervas que depois serão utilizadas na cozinha. A Bon Tajer conta com dois apartamentos e seis quartos e os planos dos empreendedores é de se especializar em hospedagem. 

Tábuas (tajer) pintadas por artistas e colocadas para leilão