
Foto: José Carlos Ferreira
José Carlos Ferreira
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A revitalização da Rua Marechal Floriano Peixoto, na quadra compreendida entre Júlio de Castilhos e a 28 de Setembro, no centro de Santa Cruz do Sul, não será paralisada após os episódios de quedas de quatro tipuanas. A decisão é do prefeito Sérgio Moraes (PL), tomada em reunião na manhã desta terça-feira, 18, no Palacinho da Praça da Bandeira, sede do governo municipal.
O encontro no Salão Nobre teve, além do chefe do Executivo, o vice-prefeito Alex Knak (MDB), secretários municipais, vereadores e especialistas em meio ambiente, a fim de discutir o que aconteceu para o tombamento das árvores e apontar possíveis soluções para o problema. As árvores cederam – duas na última terça, 11, e outras duas nessa segunda, 17 –, e ficaram escoradas sobre dois prédios da Floriano, perto da esquina com a 28 de Setembro.
A obra foi parada e a quadra está interdita para retirada das tipuanas tombadas neste começo de semana. Contudo, Moraes rejeitou a idéia do Ministério Público e de alguns especialistas de paralisação total das atividades de revitalização do local. “Eu defendo que não se faça isso. Se paralisar a obra, mais tempo (levará para o serviço ser feito) e mais chances de essas árvores ficarem expostas e com isso os ventos podem derrubá-las em sequência e haver uma tragédia em Santa Cruz”, argumentou o prefeito.
Moraes apresentou documentos que revelam a autorização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, de 31 de julho de 2024, para supressão de raízes secundárias (também denominadas não essenciais) na quadra da Floriano entre a Júlio e a 28. “No ano passado, foram cortadas raízes dessas árvores. Nós não sabíamos. Eu não tinha esse conhecimento. Nenhuma árvore consegue ficar em pé se tirar suas raízes”, ponderou.
O prefeito sustentou que essa obra não foi licitada no seu governo, assim como o estudo sobre a mesma, incluindo a retirada das tipuanas. “Enfim, o projeto é do governo passado. Porém, o prefeito agora sou eu e eu é que tenho de decidir. Eu, particularmente, sou apaixonado pelo Túnel Verde, mas isso está longe de colocar as pessoas em risco. Eu vou tomar a decisão em favor da segurança”, definiu Moraes, sobre a possibilidade de eventuais supressões de árvores que estejam em situação ruim.
Engenheiros e técnicos da Prefeitura saíram a campo para avaliar o estado de cada árvore do trecho em obra e da quadra seguinte, entre as ruas Ramiro Barcelos e Júlio de Castilhos, para a qual também existe previsão de revitalização. Com o resultado em mãos, Moraes decidirá os próximos passos a serem dados. “O estudo que eles me trouxerem, técnico e com firmeza, nós vamos executar. O Ministério Público pediu a paralisação da obra e, se isso for acatado pelo Poder Judiciário, vamos obedecer. Agora, alerto: essa obra, exposta do jeito que está, e nós ficarmos esperando, o Túnel pode acabar tombando. Então, precisamos emergencialmente tomar uma decisão firme”, reforçou.
Wenzel elogia debate, mas insiste na parada da obra
Presente na reunião no Palacinho na manhã desta terça-feira, o geólogo, coordenador do Movimento de Preservação do Cinturão Verde e ex-prefeito de Santa Cruz, José Alberto Wenzel, não concorda com uma possível retirada sumária de tipuanas da Rua Marechal Floriano, o que para ele descaracterizaria do Túnel Verde, um dos principais cartões postais da cidade. Contudo, ficou satisfeito com a discussão aberta na gestão de Sérgio Moraes.
“A primeira coisa positiva foi o prefeito abrir esse debate. isso é uma coisa muito importante. Todos sentados, discutindo olho no olho. Não quer dizer que a gente concorde com tudo que foi dito ali, mas se abriu um debate e acho que ele deve ser ampliado para toda a sociedade, pois ela tem que se manifestar”, defendeu.
A supressão de qualquer árvore sem uma avaliação técnica prévia é rejeitada pelo ambientalista, que sugere a parada da obra para que seja feito esse estudo. “Eu sou totalmente contra a retirada das tipuanas, já deixei isso claro. Tem que fazer a poda onde ela é necessária, fazer a sustentação física das árvores e, a coisa mais importante neste momento, chamar os técnicos, os engenheiros florestais, para eles analisarem árvore por árvore. Por isso que sou a favor de parar essa obra”, explicou.
Wenzel argumentou que uma avaliação criteriosa de toda a situação pode evitar a perda de um bem público valioso como o corredor arborizado da Floriano. “Não custa parar por dois ou três dias, fazer uma análise profunda de cada uma, estabilizar cada árvore e progredir na medida em que se estabilizam essas árvores. O importante é a população se dar conta do que está acontecendo, de que nós podemos estar perdendo o Túnel Verde por uma obra que considero mal feita e que não está condizente. Ela está sendo feita como se fosse uma rodovia e é uma alameda, ou seja, uma via que tem árvores nos dois lados. Isso não está sendo visto dessa forma”, apontou o geólogo e ex-prefeito.














