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Homicídios e tráfico estão sendo combatidos

LUANA CIECELSKI
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De acordo com os dados divulgados na primeira semana de abril pela Sinaleira 2020, alguns dos indicadores socioeconômicos de Santa Cruz do Sul estão com bons números e por isso estão com o sinal verde do semáforo acessos para eles; outros estão com problemas, mas seguem no caminho certo, e por isso estão com a luz amarela da sinaleira acessa; há porém, alguns itens que estão com índices não muito bons, e que precisam melhorar o quanto antes, e por isso estão com o sinal vermelho do semáforo acesso.

Um desses indicadores que está no vermelho em Santa Cruz do Sul é o de segurança pública, e mais especificamente, o número de homicídios e de casos de tráfico de drogas. No primeiro caso, de acordo com a Sinaleira 2020, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou como aceitável o número de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes (o que equivale a cerca de 12 homicídios por aqui), Santa Cruz do Sul chegou a registrar mais de 20 casos, como ocorreu em 2014. E mesmo que em 2015 tenha havido uma queda, o número ainda se mantém alto (confira o gráfico).

Comando local explica o que está sendo feito para mudar o

No segundo caso, a preocupação é com o aumento constante nos últimos dois anos (confira o gráfico). “Entre 2002 e 2015, houve um aumento de quase nove vezes no número de casos (de tráfico) ” como divulgou o relatório. E o tráfico ainda, de acordo a pesquisa, sempre está intimamente ligado ao restante dos índices de criminalidade de um município.

Em Santa Cruz do Sul, então, não poderia ser diferente, e o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que é responsável pelo comando de Santa Cruz do Sul e de outros 21 municípios da região, Major Paulo Fernando Soares Nascimento, concorda que o tráfico é o que mais preocupa a polícia e o que mais gera crimes na região, inclusive os de homicídio. Durante uma conversa ele procurou esclarecer o que está acontecendo no município, e o que está sendo feito para mudar a realidade.

Índices de homicídio foram altos nos últimos anos

Quando o tráfico aumenta, aumentam também outras categorias de criminalidade

Homicídios e tráfico de drogas

Como comandante do 23º BPM, Nascimento não discorda dos dados pesquisa e concorda que há um número alto de casos acontecendo. Conforme os dados da Brigada Militar, em 2014 foram 29 casos, em 2015 registrou-se 20 e em 2016, nos primeiros três meses, já foram registrados 29 homicídios. O comandante, no entanto, alerta: “esse é o número de 22 municípios juntos. Os dados referentes à Santa Cruz do Sul apenas, são outros”.

Dessa forma ele esclarece que em Santa Cruz do Sul, até o dia 20 de março de 2016, ocorreram 15 homicídios (sete em janeiro, cinco em fevereiro e três em março), e que, portanto, sim, o número ainda é alto, mas não tão alto quanto se pensa, e que a Brigada está trabalhando em cima disso.

Major Nascimento:

Em relação ao tráfico, o comandante também não discorda dos dados. Ele afirma que os dados da Brigada Militar também dão conta de uma diminuição em 2013, seguida de um grande aumento em 2014 e 2015. E explica: “Nós tínhamos um grande traficante na região, um traficante caseiro e pouco violento, no entanto, em 2012 ele acabou sendo morto. Isso explica a queda em 2013, e também o aumento em 2014, pois o que tem acontecido é que facções de traficantes de fora têm vindo para Santa Cruz, e eles são violentos”.

Essas facções, com seus hábitos também acabam aumentando outros índices, como o roubo a pedestres e o de roubo a transporte coletivo (confira a tabela). “Porém todas elas já estão catalogadas e mapeadas. Nós já sabemos quem são e como agem”, garantiu. Nascimento também garantiu que ações já estão sendo desencadeadas para diminuir esses índices.

Roubo a pedestres 2016
Janeiro        12
Fevereiro    10
Março          13
Roubo a transporte coletivo 2016
Janeiro        3
Fevereiro    4
Março          2
Homicídios 2016
Janeiro        7
Fevereiro    5
Março          3

O que está sendo feito?

Existem ações mais pontuais que estão sendo realizadas, e existem operações de resultado a longo prazo, segundo Nascimento. No caso dos assaltos à transporte coletivo, por exemplo, foram realizadas operações de abordagens aos ônibus e às paradas da cidade. “Se observar os números do ano, é possível perceber que no mês de março já houve uma pequena diminuição dos casos em relação à fevereiro”, apontou Nascimento.

Outra ação que está sendo realizada é a denominada Ação de Pronta Resposta (APR), onde os policiais procuram “sufocar a localidade onde o crime aconteceu”, ou seja, imediatamente após o recebimento de uma denúncia ou ligação alertando para um crime a polícia procura cercar a localidade em uma grande operação, e buscar pelos envolvidos. “Tem rendido bons resultados e prisões”, afirma Nascimento.

Além disso, Nascimento também destaca o trabalho da equipe de inteligência da Brigada Militar. “Eles estão por ai, e estão alertas. Sem a farda eles conseguem ir a lugares e descobrir coisas que um policial fardado não consegue. Quando recebemos denúncias, ou quando ficamos sabendo que algum crime pode estar prestes a acontecer, a nossa equipe fica por perto, cuidando, quando o ato criminoso começa a ser desencadeado é que são acionados os policiais fardados para que eles possam fazer o flagrante”, relata.

Outra ação destacada ainda é a Operação Avante, que teve início nas primeiras semanas de 2016, por ordem do Governo do Estado. O comandante do 23º BPM explica que a Avante lhe dá uma ferramenta online de controle estatístico e possibilita o acompanhamento diário dos índices de criminalidade em cada um dos 22 municípios que estão sob seu comando. “Eu consigo saber, por exemplo, qual é o número considerado aceitável e como estamos em relação a ele. Isso me ajuda a saber o que é preciso melhorar e o que está bom. Diariamente”, pondera.

Por fim, o comandante destaca o trabalho dos policiais da Brigada Militar e, inclusive, afirma que a crise, apesar de ter afetado o efetivo de todo o estado, não afetou o trabalho dos brigadianos locais. “Os policiais daqui são diferenciados, eles mantiveram o trabalho dinâmico e são profissionais muito comprometidos. É preciso dizer. Eles fazem tudo o que precisa ser feito”, elogiou. “A comunidade pode continuar acreditando na Brigada Militar”.

A Sinaleira 2020
A sinaleira 2020 é uma pesquisa realizada pela Agenda 2020 com o objetivo de mostrar como está a situação socioeconômica dos 50 maiores municípios do Rio Grande do Sul. Para isso, 50 indicadores tais como saúde, educação, segurança pública, saneamento, empregos, entre outros, estão sendo analisados e os resultados divulgados periodicamente. Esses resultados são apresentados na forma das cores das sinaleiras, ou seja, o que está bom é sinalizado com a cor verde, o que está em situação intermediária com a cor amarela e o que precisa ser melhorado urgentemente, está sinalizado com a cor vermelha.