Início Geral Julho Amarelo | Mortalidade diminui, mas hepatites virais preocupam

Julho Amarelo | Mortalidade diminui, mas hepatites virais preocupam

Santa Cruz do Sul registra três novos casos por mês, com pacientes comumente assintomáticos

Micila Chielle destaca importância de exames periódicos – Foto: Divulgação/Prefeitura de Santa Cruz

Fabrício Goulart
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Santa Cruz do Sul registrou nos últimos anos cerca de 700 casos de hepatites virais. Estimativas do Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (Cemas) apontam que, a cada mês, três novos pacientes são atendidos por causa da doença. Os tratamentos evoluíram, mas as hepatites seguem causando preocupação e levando as pessoas, inclusive, à morte.

Embora o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, lançado há uma semana pelo Ministério da Saúde, revele queda na mortalidade no Brasil, o quadro geral da doença ainda preocupa. Em Santa Cruz do Sul, o número de casos segue estável, sem queda, e na maioria das vezes os pacientes são assintomáticos – não possuem sintomas aparentes.

Conforme a enfermeira e coordenadora do Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (Cemas), Micila Chielle, a hepatite é uma doença que demora bastante para se manifestar. “Acreditamos que haja muita gente assintomática, que tenha hepatite e não saiba”, diz.

Santa Cruz do Sul não é diferente de outros lugares e possui casos de pessoas que foram a óbito. “Felizmente não é uma coisa gritante, que aponte o município como um que tenha problemas de mortalidade com hepatites virais. Mas temos bastante casos”, garante. Atualmente, 62 pacientes estão em tratamento para a doença.

Câncer de fígado

A hepatite viral é uma inflamação do fígado causada por um vírus, classificada por A, B, C, D e E. “É a inflamação de um órgão extremamente importante e vital, que acaba fazendo uma função única no nosso organismo”, destaca Micila. Segundo a coordenadora, se não tratada corretamente, a doença pode evoluir para uma cirrose e, posteriormente, para um câncer de fígado. Em Santa Cruz do Sul, há registros dos tipos A, B e C.

A do tipo A é normalmente transmitida pelos alimentos ou água contaminados, mas também pode ser por meio do contato humano oral-fecal. Pode se curar sozinha, mas precisa de atenção e cuidado profissional. Já a B não tem cura, contudo possui vacina, disponível a toda a população. É feito controle viral por meio de tratamento. A C, por outro lado, possui cura e costuma ter bom resultado, com os procedimentos corretos.

Todas as hepatites virais são transmissíveis sexualmente, embora não seja a principal forma no caso da A. As manifestações da doença podem levar anos, mas podem ser identificadas por dores abdominais na região do fígado, pele e olhos amarelados, além de diarreia e náuseas. “Podem até levar a desconfiar de outras coisas. Mas acontece quando a inflamação está bastante avançada”, salienta a coordenadora.

O teste-rápido é de suma importância. “Precisamos que as pessoas testem de forma regular. Pelo menos, no mínimo, uma vez ao ano para uma pessoa que tem a vida sexualmente ativa. É um exame de rotina, assim como um hemograma”, finaliza.