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Lebenskunst, uma palavra Polivalente

Lebenskunst é uma palavra em alemão, que não encontra tradução por uma única palavra em português. Lebenskunst significa vida e arte, mas não assim, separadas. Significa vida e arte unidas num só sentido, como não estamos acostumados a pensar a vida, ou a arte. Quando alguém faz da sua vida uma fonte de descobertas, de contemplação, de interiorização, transformação e elevação de energias, fazendo com entrega e amor o que se propõe, sua vida se confunde com a arte, podendo-se então dizer que viver passa a ser uma atividade artística. Exemplo disto é o que tem ocorrido nas turmas de 8ª séries da Escola Willy Carlos Frohlich, a também chamada Escola Polivalente, em Santa Cruz do Sul.
Rita de Cássia, uma professora de língua portuguesa do Polivalente vai além do ensino convencional de gramática, redação ou literatura. Tem estimulado seus alunos na incursão na arte da comunicação. É a aplicação prática do que se aprende nos livros, cadernos, ou no discurso formal. Não que isso tudo não seja importante, mas transpor métodos é ousar e fazer da arte pedagógica um exercício de desenvolvimento de potencialidades, e arar o terreno mental onde cada um, na vida, irá plantar as sementes que lhe cabe. Irá também cultivá-las, e para isto é preciso preparo. Um preparo que vem primeiro da família pela educação, e depois dos mestres, os professores que deixam lições que nos engrandecem para sempre.
A professora Rita de Cássia se valeu de atividades práticas como métodos de capacitação de seus alunos no ensino da linguagem. Isto incluiu oficinas com profissionais e visitas a meios de comunicação, como jornais e rádios. Semanalmente os estudantes são divididos em grupos e colocam em prática uma simulação do que viram, criam roteiros de programação radiofônica e para edições de jornalismo impresso. Isto se transforma em prática dentro do universo escolar. Os alunos fazem pesquisas e entrevistas para aplicar na rádio Polifolia e no jornal Poliáguias.
A jornalista Alyne Motta, do Riovale Jornal (edição do dia 19 de julho), descreveu a prática adotada pela professora Rita de Cássia como uma forma de “estimular a leitura, a redação, a desinibição, a integração com a comunidade escolar, despertar talentos e valorizar a comunicação oral e escrita, de forma dinâmica e prática, possibilitando que os alunos expressem sua criatividade”. Alyne citou que estes são os objetivos de projetos realizados pela escola Polivalente.
Num mundo globalizado e, apesar disso, com tantas diferenças sociais, como culturais, políticas e religiosas, é fundamental o exercício prático da linguagem. Viver em harmonia é saber conviver com ideias opostas, com pensamentos contrários, exercitando a arte da diplomacia, pensando antes de falar ou de escrever. Deste exercício sempre surgem líderes. Líderes de grupos ou de si próprios. Estes últimos aprendem a lidar melhor com suas ansiedades e emoções, e a balizar seus pensamentos. Isso tudo, quando iniciado nos bancos escolares, transcende o espaço e o tempo. Ideias, palavras e sons trabalhados pelos alunos vão ecoar para sempre em suas vidas. Vidas que um dia tiveram uma professora de língua portuguesa que, com ousadia pedagógica, ensinou a ser e ter valores. Ensinou a ser Polivalente com vida e arte. Lebenskunst.