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Luz, câmera, ação! Meu filme na telona

Festival Santa Cruz de Cinema revela novos talentos e difunde conteúdos audiovisuais

Arquivo Pessoal
Milena Moraes, Vitor Vogt e equipe no processo de produção do filme “Tipo Borboleta”

Ir pela primeira vez ao cinema é uma experiência maravilhosa. O apagar das luzes, o conforto das poltronas, o silêncio da sala de exibição e cada mudança de cena são momentos memoráveis para adultos e crianças. Esta sensação é potencializada ainda mais para quem é produtor audiovisual e tem seu primeiro filme exibido na telona. É uma experiência que provavelmente não será esquecida tão cedo e que o Festival Santa Cruz de Cinema proporciona a muito iniciantes.


Movido principalmente pela preocupação em estimular a produção audiovisual independente, a fim de destacar e premiar curtas-metragens gaúchos e brasileiros, o evento chega à sua quinta edição em 2022 e traz o público de volta ao Auditório Central da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) entre a próxima segunda-feira, 24, e sexta, 28. O Festival traz à tona importantes discussões contemporâneas que levam o público à reflexão; oferece espaço para realizadores exibirem suas obras na telona (muitas vezes pela primeira vez); e também é um importante propulsor para o cinema produzido no Brasil. Neste ano, foram 18 filmes selecionados para a Mostra Competitiva, sendo 12 nacionais e seis regionais.


Através desta iniciativa, Santa Cruz do Sul, a cidade da cultura alemã, do chopp, das danças, da Oktoberfest, além dos fortes laços com as tradições gaúchas, vai abrindo espaço para as produções de cinema em seu calendário cultural, atraindo profissionais de todo o país e ampliando o leque de admiradores da sétima arte. Nesta edição do evento foram mais de 500 obras inscritas, que passaram por um longo processo de curadoria, disputando vaga na Mostra Competitiva, que promete muitas emoções.

Mostra Olhares Daqui

Além da Mostra Principal, o Festival também apresenta, no primeiro dia do evento, uma seleção de filmes de produtores audiovisuais locais. Uma das obras a serem apresentadas nesta categoria do festival será “Tipo Borboleta”, dirigido por Milena Moraes e Vitor Vogt, que destacou a importância desta experiência. “Sinto que todo o empenho que eu e a Milena depositamos valeu a pena. É um enorme reconhecimento”, exalta Vitor.


O egresso de Produção em Mídia Audiovisual (PMA) da Unisc descreve um pouco da história retratada no curta, cujo tema central é a criatividade. “A ideia surgiu da vontade de criar uma história que falasse de dificuldades do processo criativo, porque muitas vezes quando estamos criando passamos por um período de bloqueio, então queríamos que o protagonista experienciasse esse problema e conseguisse solucioná-lo.”


“Tipo Borboleta” será uma das seis obras regionais exibidas na Mostra Olhares Daqui 2022, que é, sobretudo, um espaço de visibilidade e reconhecimento aos curtas locais. No papel de produtor cinematográfico, Vitor considera a criatividade uma aliada e salienta dois pontos fundamentais para mantê-la ativa. “O primeiro é a sensibilidade e capacidade de observar e refletir sobre o cotidiano; e o segundo são as referências que tenho, estou sempre lendo e assistindo filmes e séries, o que me dá bagagem para criar algo novo.”

Desafios para os pequenos produtores audiovisuais

A produção audiovisual é uma atividade complexa. Fazer cinema vai muito além da projeção de imagens. Envolve tirar boas ideias do papel, as quais promovam transformações sociais, apresentem relevância quanto ao conteúdo e qualidade artística no resultado final. Além de exigir domínios técnicos, a criação de um filme é um processo que pode levar anos, desde a concepção da ideia principal até a exibição, demandando tempo e dedicação.


Neste percurso, há obstáculos, e o maior deles, segundo o produtor audiovisual da Supernova Filmes, Victor Castilhos, que já participou das edições anteriores do Festival Santa Cruz de Cinema, é a falta de incentivo financeiro para custear as produções. “Profissionais e ideias boas tem, mas geralmente se esbarra na falta de dinheiro. Pode até se tentar produzir com baixo orçamento, mas isso acarreta várias limitações e teu filme vai parar em uma gaveta, porque não tem dinheiro para distribuição”, analisa.


Outra dificuldade que os produtores audiovisuais enfrentam é conseguir endossar a importância do cinema como arte, não somente como forma de entretenimento, como avalia Renato Gomes, também produtor na Supernova Filmes. “O maior desafio para qualquer produtor audiovisual e para todo artista em geral é mostrar para uma parcela da população que arte é importante, que tem toda uma economia que gira em torno dela, famílias que são sustentadas por ela.” Por este motivo, festivais como o de Santa Cruz do Sul são extremamente importantes, cumprem um papel social ao valorizar e fortalecer o cinema.


O prazer e a oportunidade de ter seu filme “Tipo Borboleta” exibido no Festival Santa Cruz de Cinema é compensador, destaca Vitor Vogt. “É uma validação da nossa competência enquanto profissionais do audiovisual”, enfatiza. Renato corrobora com a opinião do colega. “Poder ver seu filme na tela grande dá uma sensação de dever cumprido, até porque os filmes nasceram para serem exibidos assim”, pontua o profissional, que já participou outras três vezes do Festival e foi vencedor da Mostra Olhares Daqui da edição 2021 com a obra “Não Há Ninguém Perto De Você”.


Para Luís de Oliveira, estudante do curso de PMA da Unisc, a arte deveria ser mais valorizada. “Penso que, assim como é dito no filme [“Olhares”], ‘a arte está em tudo que nos cerca, tudo é arte, basta mudar nosso olhar para ver’. E é isso! A importância de contar histórias locais está em vermos e valorizarmos as coisas simplórias a nossa volta, tudo tem sua história, tudo tem sua beleza, tudo é arte. Contar essas histórias é dizer isso pro mundo, é mostrar que o que está ao nosso redor é importante.” (Por Clarissa Gomes, Évelin Pereira, Henrique Bauer e Jaime Friedrich, estudantes de Jornalismo da Universidade de Santa Cruz do Sul, para o site oficial do Festival Santa Cruz de Cinema)

Filmes selecionados na Mostra Olhares Daqui 2022

• Pivô, de Ana Cláudia Gusson
• A carne é cara, de Alceu Silva
• Tipo Borboleta, de Milena Moraes e Vitor Vogt
• Olhares, de Laura Zimmer e Luís Alexandre
• Refém Intergaláctico, de Douglas Martins
• Aos Amaros do Mundo, de Bruno Gassen