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Nossa melhor versão

Passei muito tempo pensando sobre o que falaria na coluna de hoje. Confesso que tem sido difícil escrever nas últimas semanas. Não falta assunto ou fato importante, mas hoje quero só falar de mim e um pouco de todos nós também, por que não.

Decidi que não escreveria nada político hoje, embora eu saiba que ao final deste texto terei quebrado essa promessa. Portanto, sem esse peso nas costas, hoje, dia 14, comemoro mais um aniversário. Ano passado em meio a uma pré-campanha eleitoral, eu quase não tive tempo de comemorar. Também não pude reunir amigos e amigas devido à pandemia, o que me leva a outro ponto que quero abordar: o afeto.

A pandemia nos trouxe esse distanciamento de afetos e gestos. O cumprimento de cotovelos, o soco com a mão fechada, o sorriso por trás da máscara. São formas frias de expressão e nos causam estranheza, afinal, nós, brasileiros, estamos acostumados a abraçar e receber o outro como alguém próximo. Gestos de afetos e carinhos foram suprimidos na pandemia e isso dói em todos nós.

Esses dias mesmo encontrei uma amiga que há muito tempo não via e fui surpreendido pelo seu abraço. Um gesto automático, impensado, que me pegou de surpresa. Também não pensei: somente retribuí aquela saudação carinhosa. Errado pelos protocolos, mas quem vai dizer que não está certo compartilhar carinho, né?

Senti uma emoção inesperada, como se lembrasse da falta que um gesto assim faz. Em um ano e meio de pandemia, busquei respeitar os protocolos, tanto durante a campanha eleitoral, quanto fora dela. Mas a dúvida sempre persiste de quando teremos segurança em ver o outro, abraçar o outro e nos sentirmos tranquilos, sem a possibilidade de contágio. A vacina está chegando em minha faixa etária e isso me dá esperança de que esse pesadelo possa ficar para trás.

No entanto, seguimos vivendo nesse dilema de tentar retomar a normalidade de uma vida que foi interrompida pela metade. Desde então, me peguei pensando em tantas coisas, de como as coisas seriam no ano seguinte, como estariam as coisas daqui um ano, enfim, questionamentos. Chego aos 28 anos de forma bem diferente da esperada, porém feliz por estar vivo.

Sinto felicidade até mesmo nos momentos de tristeza, pois sei que eles são reais e que em mim também habitam sentimentos verdadeiros. Minha vida mudou muito desde a decisão de me candidatar em 2020. Aprendi e sigo aprendendo todos os dias. O processo de crescimento não é fácil e nem linear. Por vezes é até mesmo doloroso. Ainda assim, não trocaria isso por nada. Não consegui ser aquela pessoa que projetava, com a vida que imaginei lá nos meus vinte anos ao pensar como chegaria perto dos 30. Entretanto, a vida me deu possibilidades e me fez ter experiências jamais esperadas, como, por exemplo, ser candidato a um cargo público.

Sigo me sentindo um abastado por ter ao meu lado família, amigos e amigas que me amam e estão ao meu lado. Sigo feliz por também ter conhecido tantas pessoas, lugares e ter tido experiências enriquecedoras como as que tive.

Ainda não cheguei perto da minha melhor versão, embora me esforce diariamente para chegar lá, sabendo que há muito a percorrer. É clichê pensar que devemos somente agradecer, mas, sim, eu agradeço por tudo que passei. Agradeço pelas coisas simples: ter uma casa, comida, uma cama, um emprego, uma vida. Pode parecer pouco, mas até isso foi tirado de tantas pessoas. Olha eu enveredando novamente para a política. Pois bem, quero dizer que estou em um longo processo de conhecimento pessoal, de superar dificuldades e aprender com meus erros. Todos os dias, tento fazer minha parte. Hoje vou me dar por contente ao reconhecer tudo isso.