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Nossas riquezas

Dom Canísio Klaus*
 
A Semana Farroupilha que encerramos nesta quinta-feira, dia 20 de setembro, nos levou a refletir sobre as riquezas do Rio Grande do Sul. Além da cultura e das lendas, foram destacados a flora, fauna e água. Em outros termos, destacaram-se nossas riquezas naturais, com o alerta para a preservação do meio ambiente.
Passada a Semana Farroupilha, começa oficialmente a estação da primavera. Além do verde que cobre a terra, as flores dão um colorido especial para os jardins, pomares e calçadas das ruas. Os agricultores, renovados em suas esperanças pelas chuvas que caíram nas últimas semanas, se apressam em colocar a semente na terra, “trabalhando, por vezes, em condições extremamente difíceis, para tirar da terra o sustento para suas famílias e levar os frutos da terra a todos” (DA 472). Conforme o salmista (Sl 126,6), os lavradores “vão andando e chorando ao levar a semente. Ao regressar, voltam cantando, trazendo seus feixes”.
No contexto do tema da Semana Farroupilha, os bispos da América Latina afirmam na Conferência de Aparecida que “a terra foi e continua sendo agredida. A terra foi depredada. As águas estão sendo tratadas como se fossem mercadoria negociável pelas empresas, além de terem sido transformadas num bem disputado pelas grandes potências” (DA, 84). Os bispos lembram que “a criação nos foi entregue para que cuidemos dela e a transformemos em fonte de vida digna para todos”. Por isso, “desatender as mútuas relações e o equilíbrio que o próprio Deus estabeleceu entre as realidades criadas, é uma ofensa ao Criador, um atentado contra a biodiversidade e, definitivamente, contra a vida” (DA 125).
A Igreja incentiva a participação de seus membros nos Comitês das Bacias Hidrográficas, nos conselhos municipais do meio ambiente e nos fóruns que se organizam para defender e promover a vida. Incentiva a agroecologia, o plantio com sementes crioulas e a redução no uso de agrotóxicos. A Igreja faz isso não para inibir o avanço das ciências, mas sim para garantir vida digna e saudável para a população.
Aos agricultores, desejo boas semeaduras e fartas colheitas, com o convite a que tratem a terra como a sua mãe. Ao povo das cidades, convido a tirar um tempo para contemplar a obra de Deus, “que faz brotar fontes de água pelos vales”, em cujas margens “brota relva para o rebanho e plantas úteis para o homem”. “Dos campos, o homem tira o pão, e o vinho que alegra seu coração; o azeite que dá brilho ao seu rosto e o alimento que lhe dá forças” (Sl 104).
Que o Deus da Vida abençoe o nosso trabalho e nos brinde com uma agradável primavera!

*Bispo Diocesano