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Nove anos de convivência com a comunidade

LUANA CIECELSKI
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Emily Ferreira, uma menina de 11 anos moradora do bairro Bom Jesus, tem como sonho ser uma delegada. Ela chegou a essa conclusão depois que conheceu a polícia. Como isso aconteceu? Através do Pelotão Mirim da Brigada Militar da qual faz parte há três anos. Decidiu isso porque aprendeu o respeito às pessoas, como ela mesma conta, e porque gostaria de, ela mesma ajudar as pessoas a serem mais respeitadas no futuro.

Crianças e familiares foram até a praça para conferir as atividades organizadas pela Brigada Militar

Emily faz parte de um grupo de cerca de 130 crianças com idades entre 10 e 12 anos, dos bairros Bom Jesus, Progresso e Santa Vitória que atualmente compõe o Batalhão Mirim da Brigada Militar em Santa Cruz do Sul. E na tarde de ontem, 29 de março, todos eles estiveram reunidos na Praça Bom Jesus, no bairro Bom Jesus, para uma grande aula inaugural. O evento, também foi oportunidade para a polícia militar realizar a 1ª Operação Convivência em Harmonia de 2016.

A jovem Emily Ferreira, de 11 anos, integrante do projeto há 3 anos

Na praça, uma estrutura toda especial foi montada. A Escola de Chimarrão estava presente, os brinquedos infláveis do SESC também, os policiais montados a cavalo ofereciam passeios às crianças e por todos os lados circulavam brigadianos, e claro, moradores do entorno que foram até o local para tomar um chimarrão à sombra das barracas do exército ou para fotografar os pequenos que chegavam enfileirados e fardados seguindo os policiais instrutores.

Todos participaram de uma cerimônia de abertura de mais um ano de instruções com a polícia militar. A banda do 7º Batalhão de Infantaria Blindado (BIB), que também estava presente, tocou o hino que todos acompanharam cantando e a própria Banda Marcial Mirim da Brigada Militar fez sua apresentação.

Resultados são o destaque

Durante os discursos do comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), o Major Paulo Fernando Soares do Nascimento e do Comandante Regional de Policiamento Ostensivo do Vale do Rio Pardo (CRPO-VRP), Tenente Coronel Valmir José dos Reis um dos grandes destaques foi a questão dos resultados já obtidos tanto com a Operação Convivência em Harmonia que está completando nove anos de existência, quanto das atividades realizadas diretamente com as crianças dos bairros atendidos.

Visando promover sempre uma interação entre civis e militares e uma aproximação como forma de combater o crime nas mais variadas idades, mas principalmente, ensinando às crianças desde pequenas sobre o que é certo e errado, a operação “tem visto as crianças dessa comunidade crescerem e com elas, tem visto também o bairro se desenvolver”, como relatou o Major Nascimento. “Parece que foi ontem que entramos nesse bairro, em 2007, na primeira Operação Convivência em Harmonia. Lembro que não foi tão amigável como é hoje. Lembro que as pessoas acharam que nós não conseguiríamos”, recorda.

De acordo com a polícia, o objetivo é fazer a mudança acontecer aos poucos

Já para o Tenente Coronel Reis, o grande comprovante da mudança que está em andamento são os índices, que, como ele garante, também são um reflexo das atividades que a Brigada Militar (BM) vem realizando. Fazendo um balanço dos últimos dez anos, o número de homicídios aumentou, assim como o número de furtos de veículos. Porém o número de furtos em geral diminuiu, assim como o deu roubos, e o número de roubos de veículos se manteve estável.

“O número de homicídios subiu em 2013 e em 2014, mas isso ocorreu por causa dos criminosos de fora que enxergaram em Santa Cruz um bom local de comércio de drogas ilícitas, porque os daqui haviam sido presos ou mortos”, ele justifica. “Em 2015 esse número já foi menor”, complementa. Já o número de veículos furtados teria subido proporcionalmente ao aumento do número de carros e esse é um dos próximos índices que a BM pretende trabalhar. Como justificou Reis, “o trabalho está sendo feito aos poucos, e apesar das várias necessidades que Santa Cruz ainda tem a cidade também pode se considerar privilegiada em relação a outros municípios”.

Por esses motivos, de acordo com o major Nascimento, mesmo que em períodos de crise e limitações econômicas que também afetam o efetivo polícial, esse tipo de atividade comunitária e voltada para a educação não deverá ser encerrada. “É uma operação diferenciada. E esses momentos que temos aqui, como nessa tarde de sol, onde a praça enche de gente, são momentos diferenciados e importantes. A gente sempre vai querer manter isso. A gente sempre vai querer ver esses pais vindo até aqui pra fotografar suas crianças e pra conversar com nós. A gente sempre vai se sentir orgulhoso disso”.

         Homicídio    Furto de veículo    Roubos    Roubo de Veículo    Furtos
2005    12                      372                516                     33                    2422
2006    16                      512                633                    120                   2311
2007    11                      330                581                     119                  2176
2008    16                      368                427                     68                    2254
2009    9                        347                296                     35                   1973
2010    9                        179                328                     21                   2040
2011    9                        281                307                     20                   2088
2012    15                      338                264                     17                   1967
2013    27                      273                330                     15                    2106
2014    29                      317                345                     25                    2396
2015    20                      643                448                     36                    1811
2016    26