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O estudo de botânica da Unisc

Fotos Luana Ciecelski

O pequeno cogumelo “Geostrumsp” é uma das possíveis novas espécies estudadas pelo professor

Luana Ciecelski
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Desde 1988, a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) possui um grupo que se dedica aos estudos de novas espécies de plantas. Coordenado pelo professor Jair Putzke e realizado em parceria com o professor Andréas Köhler que estuda novas espécies de insetos, o trabalho já resultou em 56 artigos científicos e 17 livros publicados sobre espécies identificadas.
Em viagens de estudos, que são realizadas todos os semestres, os alunos e professores procuram por espécies diferentes e fazem coletas. Depois, em laboratório essas amostras são estudadas e se forem realmente novas, elabora-se um artigo a ser publicado para que a espécie se torne conhecida.
Os estudos são realizados em todo o Brasil, através de saídas a campo, como a que ocorre nesse fim de semana, dias 19 e 20 de julho, onde cerca de 30 alunos irão para o Pantanal. Elas acontecem também através de pesquisas que o professor Jair mantém na África – onde recentemente foi descoberta uma nova espécie de Lebre – e na Antártica, para onde o pesquisador vai quase todos os anos durante as férias de verão da Universidade.
Já na região, o Cinturão Verde é uma das principais fontes de pesquisas para os estudantes. Nas matas que circundam nossa cidade, já foi encontrado, por exemplo, uma espécie de bromélia endêmica, a “Aechmeawinkleri”, que não é encontrada em nenhum outro local do mundo. “Além disso, para cada espécie nova encontrada, sempre há outras espécies relacionadas a ela. Com relação a essa bromélia, nós acreditamos que existem cerca de quatro a seis fungos ainda não conhecidos”, afirmou.


Na mata próxima à Unisc, Jair mostra uma espécie de Madagascar que foi trazida e cultivada para ser usada em buquês de noivas e arranjos. “Ela não deveria estar aqui”, disse.

Grandes contribuições

“Esses estudos também ajudam a explicar mudanças climáticas”, disse o professor. Segundo ele, através da incidência de determinadas espécies de plantas e insetos na região, mostram a elevação da temperatura. Um exemplo citado são os casos de febre amarela e de malária que transmitidas através das espécies de mosquitos “Aedes aegypti” (o mesmo da dengue) e “Anopheles”, e que são registrados cada vez mais distantes das áreas normais de ocorrência. Com as plantas não é diferente. “As espécies tendem a migrar para onde a temperatura mais agradável a elas está”, disse.
Cada um dos grupos de estudos, do professor Jair e do professor Andréas conta, durante o período de aula, com cerca de 10 a 15 alunos que se dedicam à botânica e a zoologia. Além disso, atualmente dois alunos estão escrevendo artigos sobre espécies que foram encontradas.

Curiosidades

* As pesquisas, na realidade iniciaram dois anos antes, em 1986, quando o atual professor de botânica e pesquisador, Jair Putzke ainda era aluno, no entanto, as primeiras publicações só aconteceram dois anos mais tarde.

* Os alunos do curso de Biologia também realizam a coleta de sementes de novas espécies, de espécies em extinção, ou de espécies pouco conhecidas. O objetivo é a preservação. Na parte de trás do Bloco 12 da universidade – bloco que abriga os laboratórios e a coordenação do curso de Biologia e Farmácia – é possível encontrar uma série de mudas (foto abaixo) que foram plantadas pelos alunos a partir de sementes recolhidas.


Alunos e professores se dedicam às pesquisas e contribuem para o descobrimento e preservação de espécies