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O valor do básico

Nos dias 19 a 22 de setembro ocorreu, em Santa Cruz do Sul, o Open Extreme Brasil, um grande evento de danças urbanas com apresentações e workshops. Estavam presentes dançarinos de vários países e vários estados brasileiros. Sendo aluno da instituição Open Extreme Brasil, participei ajudando na organização durante o evento. Muitas foram as sensações sentidas por quem presenciou as aulas, as batalhas de danças ou as apresentações de solos, duos ou dos grupos. Isso foi desde a excelência técnica até a energia transmitida por tantos jovens focados na arte de dançar, estando assim longe das drogas ou do álcool.
Entre tantas aulas, uma foi ministrada pelo americano Terry, professor de dança urbana do estilo chamado house, aparentando em torno de 30 anos de idade. Durante a aula que ele ministrou, ele disse: “Vocês precisam aprender bem o básico. Vejo muita gente preocupada em evoluir rápido pulando etapas do aprendizado. Primeiro aprendam os fundamentos básicos”. Após a aula levei Terry até o Hotel Charrua, onde estava hospedado. No trajeto ele me falou que nasceu e cresceu no Brooklin, em Nova York, e hoje tem sua própria escola de danças em Tóquio, no Japão. Comentei sobre a enorme importância do que ele havia falado na aula: “primeiro aprender bem o básico”. Falamos sobre a importância disso em qualquer atividade humana.
Tenho visto muitos jovens preocupados em saber o supra-sumo das áreas em que atuam, mas com claras deficiências do conhecimento básico. Isso tem preço, e o tempo cobra.

Nos dias 13 e 14 de setembro ocorreu no Colégio Marista São Luís, em Santa Cruz do Sul, a 15ª edição do São Luís em Dança, um já consagrado evento artístico-cultural. Muito mais que isso, um exemplo de disciplina e competência. Assisti ao espetáculo naquela sexta-feira à noite. Houve momentos emocionantes. Além dos alunos do Colégio São Luís, houve participação de outras escolas, de dançarinos do Jef’s Studio de Danças e do Open Extreme Brasil. Senti a participação de outras escolas como um exemplo de integração num mundo globalizado, onde redes de contatos e trocas de experiências são determinantes. Apresentaram-se desde crianças da pré-escola aos jovens concluintes do ensino médio. Mantendo-se as proporções de idade, todas as apresentações foram de alto nível. Assistir àquele espetáculo foi testemunhar a importância do aprendizado dos fundamentos básicos. Uma geração que, num clique de tecla, ganha o mundo, não pode perder-se de si mesma. O que vi naquela noite do dia 13 foi uma geração focada. Os que ainda não sabem onde vão chegar, já sabem que vão chegar.

O Hotel Charrua, em parceria com o Open Extreme Brasil Centro de Arte e Excelência em Danças mantêm o Projeto Dancinha, um programa beneficente na localidade de Rio Pardinho, a cerca de 10 km de Santa Cruz do Sul. Isso consiste em aulas de danças para crianças carentes daquela localidade. Vários benefícios vêm paralelos a isso. Um deles, por exemplo, consiste em uma senhora executiva, representante do hotel, levar no próprio carro cafés da manhã para todas as crianças que frequentam o programa. Você pensa que isso aqui é marketing? Pois esclareço que isso só está sendo escrito nesta coluna porque nunca vi ter sido usado como marketing, caso contrário não estaria. Garanto isso. Admiro atitudes beneficentes que dispensam alarde. Esses programas precisam se multiplicar, engajar mais parceiros, chegar às comunidades, aos bairros. É também importante que se pense em novos projetos e, sejam quais forem, precisam começar ensinando o valor do básico bem feito.