O anúncio pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) da nova lei que estabelece a análise prévia dos atos de concentração de mercado para aprovação do órgão aos negócios em fusões e aquisições causou, nos últimos dias, uma grande euforia no mercado. A determinação prevista na Lei 12.529/2011 levou a uma corrida desenfreada das empresas para concretizar em ritmo acelerado operações que vinham sendo negociadas há tempos, mas que nunca saiam do papel. Apesar de gerar novas perspectivas de negócios e movimentar cifras bilionárias, essa corrida das companhias para evitar os efeitos e consequências oriundas das novas regras trará à tona uma série de problemas se essas transações não tiverem sido feitas da forma adequada e no momento propício.
Uma pesquisa recente feita pela KPMG global realizada com gestores de empresas no mundo todo mostrou que, apesar de perceberem a importância da obtenção de sinergias durante o processo de fusão e aquisição, ficamos surpresos ao descobrir que o percentual de empresas que investigam e se preocupam com essas questões ainda é relativamente baixo. Vimos ainda que essa preocupação no período pós-negócio é praticamente nenhuma, o que sugere que os mercados não estão fornecendo todas as informações que precisam para formar uma visão precisa sobre o acordo, o que iria realmente preparar a empresa para uma operação mais suave. Quanto mais rápida e eficiente for a integração ou a separação, as atividades de negócios irão maximizar as sinergias e aumentar mais rapidamente o valor da empresa no mercado. Neste contexto, um dos fatores críticos e mais importantes é o que diz respeito à gestão de pessoas.
Trata-se de uma área chave que apresenta um diferencial já que vai requerer melhorias contínuas e a longo prazo, mas que ainda não aparece como prioridade para as empresas durante o trabalho de due diligence, apesar do impacto crítico que ela pode ter sobre o sucesso de um negócio. Vale reassaltar que esse processo é um grande desafio para os gestores das empresas, particularmente, no que se refere ao alinhamento cultural da novas equipes.
Neste cenário, o tópico referente à gestão de pessoas deve ter prioridade durante a realização do planejamento de integração, chamado também de Plano de Cem Dias, que é implantado após a comunicação da concretização do negócio e que precisa ser monitorado bem de perto. Este é o período dedicado à reunião das informações necessárias que vão funcionar como a mola propulsora para integrar e incentivar o envolvimento dos funcionários da nova empresa. (continua)
*Sócio da área de Transaction Services da KPMG no Brasil














