O cirurgião dentista é na sua essência, um restaurador protético. Sua principal atuação, concentra-se na restauração dos dentes assim como a reposição causada pela perda ou falta destes. Através de uma filosofia cartesianista, a profissão passou a ter diversas especialidades, referênciando estruturas específicas dos dentes. Como a gama de opções para a recuperação e reposição dos elementos dentais aumentou, impulsionada pela evolução e aprimoramento dos materiais dentários e técnicas, é exigido do cirurgião dentista uma constante atualização e aperfeiçoamento. Ter algo a mais é diferencial, nos dias em que surgem a cada dia mais clínicas populares, onde o diferencial é o preço, e não a qualidade do serviço oferecido.
A odontologia não está ligada apenas a dentes. Atualmente, o profissional deve ter uma visão integral do paciente, mas com sua concentração maior voltada para o sistema estomatognático (boca). É claro que ao se falar de dentista ou odontologia, a primeira relação feita é com o elemento dental, este que por sua vez possui uma grande complexidade estrutural envolvendo esmalte, dentina e polpa. Ao se referênciar um elemento dental, não pode-se mais ter uma visão simplista equivocada. Estas estruturas por serem consideradas tecidos do corpo humano, designaram o termo cirurgião dentista. Muitos me questionam sobre a etmologia, e do por quê desta designação. A palavra “cirurgião”, vem do fato deste profissional intervir nestes tecidos. No entanto, um cirurgião dentista e a odontologia, envolvem muito mais. Além dos dentes, existem os tecidos de sustentação, compostos pelo osso e gengiva. Estes também merecem cuidados, embora não tenhamos clara consciência que estas estruturas possam estar sendo foco de alguma alteração patológica, assim como os tecidos da cavidade bucal (bochechas, palato “céu da boca”, tonsilas palatinas “amigdalas” e língua). Estas estruturas podem ser afetadas diretamente por doenças (cancer bucal por exemplo), ou por manifestações secundárias de doenças sistêmicas (gengivoestomatite herpética causada pelo vírus da herpes), e ainda, traumatismos causados por próteses mal adaptadas que além de dor, podem trazer problemas como hiperplasias (um aumento de tecido mole estimulado pelo trauma, que é uma das causas desta lesão), que terá sua resolução apenas cirurgicamente, com sua remoção. Ao se tratar qualquer afecção bucal, da mais simples às mais complexas, o cirurgião dentista tem de tomar todos os cuidados. Deve ser levado em conta, doenças já diagnosticadas e relatadas pelo paciente, sua interação com medicamentos já administrados, e aqueles que venham a ser utilizados no tratamento odontológico. Diabetes, doenças imunodepressoras, medicamentos imunodepressores, ou qualquer medicamento que o paciente já está administrando, que comprometa sua saúde e a interação com o tratamento que se está realizando, ou ainda, alguma interação com medicamentos prescritos e substancias utilizadas pelo cirurgião dentista, tem de ser levados em consideração. Nos casos em que o paciente apresenta-se prostrado, ou com indícios de que está debilitado, exames complementares devem ser solicitados e um médico deve ser consultado. A saúde geral do paciente deve estar em primeiro lugar, sendo tratada de maneira prioritária quando a causa dentária não estiver relacionada à esta debilidade de saúde. O problema deve ser diagnosticado e todo o acompanhamento médico deve ser feito. Só então, o tratamento odontológico pode ser continuado. Da mesma forma que condições patológicas relacionadas aos dentes (cáries ou pulpites) e tecidos de suporte (gengivite, periodontite dentre outros), devem ser tratados com caráter prioritário, em contraponto à tratamentos estéticos buscados insistentemente pelo paciente, muitas vezes. Este papel deve partir do profissional, e sua conduta tem de ser resguardada em ética. É ele quem deve orientar e conduzir o tratamento de forma adequada, buscando o bem estar do paciente, e explicando de maneira convincente e clara a importância do tratamento a ser realizado. Penso que este tipo de conduta e forma de pensar, é uma maneira de enaltecer nossa profissão. É o verdadeiro trato fino que podemos ter com os pacientes.
Parabéns à todos aqueles que já tornaram, e aos que fazem da odontologia um ícone de excelência, proporcionando saúde às pessoas. Sobretudo, exaltando nelas umas das coisas mais belas no ser humano, seu sorriso. Parabéns à todos os profissionais que fazem a diferença, à todos que fazem valer a pena, e àqueles que abriram caminhos para que pudéssemos chegar até aqui. À estes, aos amigos, pacientes e colegas, um grande abraço.
Jean Augusto Henn
Cirurgião Dentista
CRO 21188
